A cidade de Barcelona vai cortar em 30% a capacidade de atracagem de navios cruzeiros, implementando novas medidas que farão com que os terminais selecionados da cidade sejam completamente fechados. O acesso às docas norte de Muelle Barcelona e ao World Trade Center será restrito, o que significa que os navios terão de utilizar o porto sul da cidade. Os transferes realizados por autocarros dos cais abertos levarão os visitantes de e para o centro, com um tempo de viagem calculado em meia hora.
A medida será aplicada a partir de 22 de outubro próximo, com a mudança a estar prevista há algum tempo, após o lançamento de um Conselho de Sustentabilidade de Cruzeiros em 2018 e uma promessa de 2019 da então presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, de tomar medidas relativamente à “sensação de colapso ”criada quando milhares de pessoas chegam à cidade ao mesmo tempo.
A cidade já introduziu regras que regem o comportamento e o fluxo de grandes grupos de turistas no seu centro, juntando-se a outras cidades em todo o mundo que lutam com o número de turistas e com a mudança para ofertas mais sustentáveis.
De referir que foram várias as cidades que tomaram medidas semelhantes durante a Covid devido aos receios de surtos entre os passageiros e subsequente propagação em terra. Mas à medida que alguns destinos reabriram gradualmente, a discussão sobre os benefícios e custos de receber os cruzeiros e os seus passageiros continuam.
“Se há algo que aprendemos com a pandemia é que esta ideia de turismo de baixo custo, ou turismo sem limites, acaba por ter um custo muito elevado para a cidade”, afirmou a vice-presidente da Câmara de Barcelona e vereadora responsável pela ecologia, urbanismo e mobilidade, Janet Sanz.
Antes da introdução das novas regras, Sanz observou na rede social “X” (antigo Twitter) que “Barcelona deve ser capaz de decidir que portos necessita. Somos uma cidade com porto, não um porto com cidade. Em 2018 concordamos em fechar dois terminais no centro para colocá-los todos no cais anexo e afastá-los da cidade. Em 2023 precisamos de menos terminais, navios de cruzeiro e desculpas”.
Refira-se ainda que a capital da Catalunha não é o primeiro destino a abordar a questão do excesso de turismo concentrando-se na questão dos cruzeiros. Dubrovnik, na Croácia, limitou a apenas dois navios de cruzeiro atracados em 2019, enquanto Veneza proibiu navios de cruzeiro com mais de 25.000 toneladas, em 2021, numa tentativa de proteger a icónica Praça de São Marcos e arredores.