Se o simples fato de viajar a lazer já é um tanto quanto animador, imagina então embarcar num roteiro imersivo sobre o universo enófilo nas mais concorridas e renomadas vitivinícolas portuguesas da atualidade? Lisboa é a bola da vez quando o assunto é o enoturismo, oferecendo as melhores experiências e infinitas surpresas.
Nos últimos anos, a viticultura evoluiu de forma considerável na região, favorecendo a obtenção de uvas de melhor qualidade, com produções economicamente viáveis e ambientalmente sustentáveis, dando origem a vinhos únicos e com qualidade singular. Foto: Quinta de Santana – Divulgação.
Ao combinar castas tradicionais locais, como Tinta Roriz, Touriga Franca e Touriga Nacional em seus tintos, e Arinto, Encruzado e Alvarinho em seus brancos, com Chardonnay e Cabernet Sauvignon, os resultados têm conquistados até os mais exigentes apreciadores, desbancando destinos antes tradicionais nesse segmento.
Com diversas denominações de origem e características completamente distintas, a região lisboeta é compreendida pelo famoso Moscatel de Setúbal com adeptos em todo o mundo como um licoroso encorpado e fortificado; seguido pelos brancos de Bucelas que já foram apreciados pela Corte Real Inglesa; bem como por Colares e Carcavelos, ambos historicamente interessante.
Península de Setúbal — Famosa por fabricar o vinho mais doce de Lisboa, o Moscatel de Setúbal é um dos mais apreciados, tanto pelos portugueses quanto pelos estrangeiros. Envelhecido em barricas de carvalho, possui aroma de flores de laranjeira. Caracteriza-se como uma sobremesa encorpada, aveludada e muito intensa, que se faz obrigatória em qualquer degustação. No local, também é produzido o Moscatel tinto, considerado um vinho mais fino, a um aroma mais complexo a frutos secos.
Palmela
Com colheitas premiadas internacionalmente e adegas inovadoras, a região é uma das maiores, mais antigas e das que mais produz em Portugal. No primeiro foral da vila, em 1185, suas vinhas e seus vinhos já eram referenciados. A tradicional casta tinta Castelão e os brancos Fernão Pires e Moscatel têm conquistado inúmeros prêmios internacionais, em função principalmente do investimento e da renovação de suas grandes adegas. Sede da rota regional dos vinhos, onde é possível marcar visitas e provas, essa zona é rica em produtores e produtos, apresentando vinhos tintos suaves e picantes, brancos floridos, além do Moscatel, tão suave e doce quanto as colinas onduladas onde suas uvas são cultivadas.
Colares — Produzido essencialmente a partir das castas Ramisco e Malvasia em chãos de areia, esse vinho enfrenta os fortes ventos do Atlântico carregados de sal para dar à mesa brancos e tintos únicos e diferenciados. Com uma área de produção reduzida pelas frequentes intempéries, são verdadeiros achados para quem procura raridades e se dispõe a esperar por algo especial. Os brancos são quase salgados e, os tintos, cheios de taninos, quanto mais velhos, melhores ficam. Vale a visita à Adega Regional de Colares para conhecer mais sobre esse fenômeno.
Carcavelos — Igualmente raro e precioso, esse fortificado é ideal para beber como um digestivo suave, após uma refeição especial. Elaborado com uvas Trincadeira, Galego-Dourado, Espadeiro e Negra Mole, a arte de produzi-lo é conhecida desde os tempos em que o próprio Marquês de Pombal o fazia. Seu aroma aumenta conforme seu envelhecimento. Devido ao tempo de estágio obrigatório em vasilhame e em garrafa para adquirir suas características, sua produção está paralisada há alguns anos. Mesmo assim, é possível conhecê-lo na Confraria em Oeiras, onde ainda é comercializado.
Bucelas — Um dos vinhos portugueses mais antigos e conhecidos internacionalmente é este branco, leve e frutado, conseguido através da casta Arinto, tem um aroma único, próximo dos Riesling alemães. Perfeito para beber fresco numa tarde quente. Grandes nomes da literatura nacional e internacional, como Eça de Queirós, William Shakespeare, Charles Dickens e Lord Byron, referiam-se a ele com entusiasmo. Acredita-se que suas vinhas existam desde a ocupação romana, há 2200 anos e, com toda essa experiência em cultura de vinhos, oferece um sabor único que, contestado ou não, deve ser provado bem fresco, de preferência depois de uma visita ao Museu do Vinho e da Vinha de Bucelas.
Ginjinha — Bebida típica de Lisboa, este licor doce feito de cerejas ácidas pode ser bebido de acordo com o gosto do freguês: de manhã, à tarde ou à noite, gelado, fresco ou natural, com ou sem fruta. A medida é pequena, mas suficiente para aquecer a alma. Vale a pena percorrer as várias “tasquinhas” que se tornaram ponto de parada obrigatório nos bairros tradicionais da cidade para provar — e se surpreender — com licores de todos os tipos de produção e proveniência.
Sobre a Associação Turismo de Lisboa (ATL)
Fundada em 1998, a ATL é uma organização sem fins lucrativos constituída através de uma aliança entre entidades públicas e privadas que operam no setor do turismo. Atualmente conta com cerca de 900 associados, tendo como principal objetivo melhorar e incrementar a promoção de Lisboa como destino turístico e, consequentemente, aprimorar a qualidade e competitividade. Informações: