Por Murilo Basseto
A concessionária Aena Brasil informa que o Aeroporto Presidente João Suassuna, de Campina Grande, Paraíba, ganhou um painel gigante em homenagem ao escritor e dramaturgo Ariano Suassuna.
Com 13 metros de largura e quase seis de altura, a obra foi produzida pelo coletivo Nois Tudin na fachada do aeroporto. Agora, quem chega e sai do aeródromo tem a oportunidade de contemplar uma representação criativa de O Auto da Compadecida, uma das peças teatrais mais famosas do artista paraibano, e que foi transformada em filme.
A ideia de homenagear Ariano Suassuna veio da Aena, administradora do aeroporto. Luciano Rodrigues, diretor do Aeroporto de Campina Grande, explica:
“Pensamos em utilizar uma área na fachada do terminal para estabelecer um marco da cultura e história local. O caminho não podia ser outro: o nome do Aeroporto é uma homenagem ao pai de Ariano Suassuna, ex-governador da Paraíba, e esse autor tão importante para o Brasil nasceu aqui no estado. Convidamos o coletivo Nois Tudin, que também pintou o mural na fachada do Aeroporto de João Pessoa, e o resultado ficou incrível”.
A pintura do painel levou quatro dias e envolveu o trabalho de sete artistas, que utilizaram o cordel e a xilogravura para representar personagens em um cenário de festa de São João. Entre os materiais escolhidos para o trabalho estão o spray e a tinta de piso, com finalização de resina acrílica para proteção da pintura.
“Conversamos internamente e chegamos à ideia do Auto da Compadecida no clima de São João, fazendo uma referência ao Maior São João do mundo, que acontece em Campina Grande e traz muita gente à cidade”, conta Cybele Dantas, do coletivo.
“Além desses dois temas, o nosso artista Camô, que é historiador, incluiu um toque de história no fundo do painel, com dois quilos rachados como alusão à revolta dos quebra quilos, que aconteceu na região. O painel conta ainda com uma moldura e instrumentos inspirados em desenhos do próprio Ariano”, detalha Cybele.
A artista destaca a alegria do coletivo ao trabalhar na pintura. “Foi uma experiência incrível, e uma oportunidade de mostrar nosso trabalho a milhares de pessoas que circulam diariamente no aeroporto. Além disso, fazer a obra na época de São João foi maravilhoso, pois o clima da festa nos deixa muito mais felizes e emocionados”, revela, reforçando o apreço que todos do coletivo têm pelo autor.
Cultura e história
Ariano Suassuna foi um intelectual, escritor, filósofo, dramaturgo, romancista, artista plástico, ensaísta, poeta e advogado. Idealizador do Movimento Armorial, é autor de obras como O Auto da Compadecida, de 1955, e o Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, de 1971.
Suassuna nasceu na capital paraibana, em 16 de junho de 1927, e morreu no Recife, em 23 de julho de 2014. Defensor de uma produção artística que fosse ancorada nas raízes da cultura brasileira, tornou-se um dos maiores expoentes da literatura do país. Foi indicado, em 2012, pela Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal como representante do Brasil na disputa pelo Prêmio Nobel de Literatura.
O painel em homenagem a Suassuna não é o único do Aeroporto de Campina Grande. O interior do terminal conta com outra obra, essa com cerca de 60 metros quadrados, em mosaico de mármores e granitos, assinada pelo próprio Suassuna e executada por seu genro, Guilherme da Fonte.
A obra é uma homenagem do escritor e dramaturgo ao pai, João Suassuna, ex-governador da Paraíba que dá nome ao aeroporto. A obra inclui uma poesia de Ariano ao pai executada em granito negro sobre mármore bege. Juntos, os dois painéis reforçam a importância da história e da cultura paraibana, embelezando o aeródromo recém reformado.
Com informações e fotos da Aena Brasil