Presidente da CVC diz que falta divulgação dos destinos turísticos
Guilherme Paulus, que comanda a maior operadora de turismo da América Latina e principal vendedora da Bahia no mercado nacional, declarou ao Portal Turismo Total que as cidades precisam se preparar melhor para receber os visitantes
Por Nelson Rocha
O Presidente da CVC, maior operadora de turismo da América Latina, e do Grupo GJP Hotels & Resorts – que detém o Sheraton Hotel da Bahia-, Guilherme Paulus, foi homenageado em Salvador na quarta-feira (9), pela Associação Brasileira da Indústria Hoteleira da Bahia (ABIH-BA), durante jantar que comemorou o Dia do Hoteleiro. No dia seguinte, o empresário paulista fez críticas severas à condução do turismo pelo Estado, ao declarar que “o governo acabou com o turismo. A prefeitura vem trabalhando, mas o governo do Estado, não. E temos que ter coragem pra falar a verdade”. Em entrevista exclusiva ao Portal Turismo Total, Paulus revelou o seu desencanto no que tange à condução do turismo em várias regiões do País, no entanto demonstra otimismo em relação ao crescimento do setor.
Inicialmente Guilherme Paulus considerou o turismo interno brasileiro, dependente muito das ações dos próprios governos e das secretarias municipais. “É um trabalho em conjunto”, ressaltou. Ele lembrou, na oportunidade, a atuação do amigo e executivo Paulo Gaudenzi, quando este comandou o lado oficial do setor na Bahia através da Bahiatursa, criando zonas turísticas no território baiano e proporcionando maior divulgação do destino além-fronteiras.
“Esta herança ficou grande e hoje a Bahia tem mais de 10 destinos turísticos, desde Porto Seguro, Itacaré, Ilhéus, Praia do Forte, Salvador, Chapada Diamantina e por vai… Foi um legado deixado, mas que não teve continuidade do governo. Os próprios serviços de receptivo locais minguaram. Na época áurea da Bahia e Salvador, você tinha mais de 10 empresas de receptivos aqui, que iam buscar as pessoas nos aeroportos, levar pra os hotéis, pra fazer passeios, mas isto também acabou minguando. Hoje se tiver cinco operadores de receptivo na cidade de Salvador é muito. Você acabou com a própria concorrência, que é sempre sadia e acaba divulgando mais ainda o próprio destino turístico. O tour histórico que nós tínhamos em Salvador praticamente minguou também, o tour de praias tem, mas não tem como tinha antigamente. O próprio Mercado Modelo hoje está remodelado, mas antigamente se via muitos ônibus de turistas percorrendo a cidade, mas hoje muitos poucos se ver. E o que está faltando é maior divulgação, um trabalho mais consciente”, observou.
Guilherme Paulus revelou perceber que atualmente a Bahiatursa “tem se expressado pra isto, mas ela hoje precisa mais da hotelaria, mais do serviço receptivo e buscar mais os operadores. O Salvador Destination, junto com a ABIH, está fazendo road-shows pelo Brasil, indo vender a Bahia e os hotéis”, pontuou, considerando necessário o estado ser mais agressivo na busca de turistas. “ Não é porque é bonito eu vou. Pra viajar sempre alguém tem que convidar a outra pessoa a viajar. Ninguém viaja por viajar, mas pra isto alguém precisa divulgar, falar pras pessoas que este destino existe. Praia é legal, mas você tem o Nordeste inteiro, Sul e sudeste também têm praia. Além da praia o que é que a cidade oferece? A simpatia do povo, baiano é super alegre e comunicativo, legal, é até diferente do gaúcho, do catarinense, que são um pouco mais fechados. Então são vários aspectos que fazem as pessoas irem para os destinos turísticos e é preciso estar bem preparado para receber as pessoas”.
Na opinião de Paulus, atualmente poucas cidades brasileiras estão preparadas para bem receber os visitantes. Ele cita Gramado como o “grande point do turismo brasileiro, preparada para o turismo, embora seja uma cidade pequena, mas que hoje já recebe seis milhões de turistas por ano”, atribuindo o sucesso do destino gaúcho ao fato de ter uma administração focada no turismo e uma população participativa, junto com o comércio e a comunidade hoteleira, donos de bares, restaurantes.
“Então você tem incentivos. Então eu acho que os destinos têm que se prepararem melhor, têm que criar comunidades do destino. Em Salvador, com participação maior da Associação Comercial, dos veículos de comunicação, trade turístico, enfim, se aproximar e se discutir sobre o que é que é bom para nós recebermos as pessoas? Como podemos agir para trazermos mais pessoas para o destino? Acho que é este o trabalho que tem que ser feito, não só na Bahia, mas no Brasil todo”, enfatizou.
O empresário com experiência de quatro décadas dedicadas ao turismo, também comentou sobre o Centro de Convenções de Salvador. “Um novo Centro de eventos, que poderia ser muito bom, seria perto do aeroporto, onde se tem um espaço grande de área e não atrapalharia em nada. Mas se nós já temos um, que já era bom, previamente pronto, porque não fazer onde já é conhecido, numa área já consagrada? ”, questionou. Guilherme frisou ainda que o governo de Jaques Wagner deveria ter privatizado o Centro de Convenções da capital baiana.
“Lamentavelmente em tudo que o governo põe a mão não dá lucro, na mão de empresário dá lucro, porque ele é focado naquilo. Governo não tem foco, é um cargo político para colocar o deputado, o vereador, ou amigo do deputado, que não entende nada, que está lá por um salário e fim de conversa”.
Quanto aos investimentos do grupo que lidera, Guilherme Paulus comentou que o Sheraton Hotel da Bahia está no catálogo do mundo inteiro e que a vinda da bandeira internacional para a capital baiana serviu para dar “um upgrade pra cidade”. Com relação a empreendimentos futuros adiantou estar construindo “um resort maravilhoso em Ipioca, em Alagoas, começamos a obra este ano e vamos terminar em 2018. Temos também uma área em Aracaju onde devemos começar uma obra. A Bahia ainda está em terceiro plano, temos algumas prioridades, a não ser que surja uma oportunidade muito boa para administrarmos algum hotel em praia”, finalizou.