21º PercPan tem três noites de espetáculo em Salvador

O compositor e cantor Mateus Aleluia será o Mestre de Cerimonia do Festival reúne atrações nacionais e internacionais, de 18 a 21 de janeiro, no TCA e no Largo Terreiro de Jesus, no Centro Histórico . Foto: Divulgação
O compositor e cantor Mateus Aleluia será o Mestre de Cerimonia do Festival reúne atrações nacionais e internacionais, de 18 a 21 de janeiro, no TCA e no Largo Terreiro de Jesus, no Centro Histórico . Foto: Divulgação

 

O PercPan, maior festival brasileiro de música percussiva, se estende este ano para além dos limites de Salvador, cidade onde surgiu em 1994, na edição que acontece entre os dias 18 e21 de janeiro. O festival criado pela socióloga Elisabeth Cayres – e que já passou por Rio de Janeiro, São Paulo e Recife e chegou a ter uma edição em Paris – ocupa na capital o palco do tradicional Teatro Castro Alves e o Terreiro de Jesus, no Centro Histórico, onde acontece a terceira e última noite de shows. E, pela primeira vez, avança até o Recôncavo Baiano, no interior do estado, com mesa-redonda e encontros culturais que levarão as atrações nacionais e internacionais deste ano à UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, em Santo Amaro.

Com patrocínio da Petrobras, Vivo e Governo da Bahia, o PercPan dá seguimento às inovações estruturais que marcaram sua última edição, ao reunir em cada uma das três noites artistas e grupos com afinidades estilísticas que criam uma coesão sonora e conceitual: “Gosto de trabalhar com um conceito, um tema curatorial que permeie a noite toda”, explica o produtor musical Alê Siqueira, curador do evento, que atribuiu um título a cada uma das noites. A consultoria artística é mais uma vez do jornalista e crítico musical Hagamenon Brito.

RIME – Ritmo e Melodia, a primeira noite de shows, em 19/01, exalta a delicadeza rítmica, na contramão do universo percussivo grandiloquente, em que as sutilezas sonoras têm destaque: “Será uma noite com ênfase na música ritmada de natureza mais delicada, melódica e intimista, propondo uma reflexão estética sobre o tema e fazendo um contraponto às características normalmente atribuídas ao universo percussivo”, comenta Alê.

Três grupos internacionais, bastante singulares, compõem a noite de abertura. O primeiro deles é o polonês GlassDuo. Egressos da Orquestra Sinfônica de Gdansk, Anna e Arkadiusz Szafraniec abriram mão de suas posições no conjunto para se tornar o primeiro grupo da Polônia a tocar o instrumento de taças de cristal conhecido como Glass Harp. E é deles o maior Glass Harp do mundo, com cinco oitavas de alcance, cuja afinação profissional permite tocá-lo sem a necessidade de água no interior das taças. Além de se apresentarem em duo, suas performances incluem ainda formações com quartetos de cordas e orquestras, entre outras.

A segunda atração é também marcada pelo pioneirismo. Nascida no Reino Unido, a cantora, compositora e multi-instrumentista Sona Jobarteh descende de uma das cinco mais importantes famílias Griot da Gâmbia, cujos membros são os únicos autorizados a tocar o Kora, harpa africana com 21 cordas. Este é um dos mais importantes instrumentos do grupo étnico Mandingo, que está presente em países da África Ocidental, com uma população de mais de 11 milhões de pessoas espalhadas pela Gâmbia, Senegal, Mali, Guiné e Guiné-Bissau. A tradição hereditária de mais de sete séculos tem sido passada de pai para filho e ganhou uma nova dimensão ao ser quebrada por Sona, primeira mulher a tocar o instrumento. Seu virtuosismo e técnica apurada, aliadas à sua voz marcante e forte presença de palco, rapidamente a levaram ao sucesso internacional, com passagens aclamadas por diversos países do mundo.

Fecha a primeira noite o sexteto Khusugtun, da Mongólia, conhecido por aliar o uso de instrumentos tradicionais da cultura nômade ao canto Tuvan Throat Singing, que utiliza técnicas vocais praticamente desconhecidas no Ocidente e foi declarado Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. O grupo receberá no palco os convidados especiais Luizinho do Jêje, Kainã do Jêje, Iuri Passos e Gabi Guedes, percussionistas baianos e ogãs do Candomblé, propondo uma fruição sonora onde a poética dos atabaques brasileiros se encontra com a ancestralidade musical do grupo Khusugtun. “A tradição musical da Mongólia, originária da cultura de seus grupos nômades, tem muitas semelhanças com os ritmos matriciais afro-brasileiros”, observa o curador.

INCLUA, a segunda noite do PercPan, no dia 20/01, levará ao palco do Teatro Castro Alves as novas gerações da música brasileira oriundas de bem-sucedidos projetos sociais. O primeiro deles é o Trio MultiFaces, formado pelos percussionistas David Martins, Aquim Sacramento eFábio Santos, derivado do Projeto Neojibá, fenômeno da inclusão social graças ao método desenvolvido pelo Maestro Ricardo Castro, que atinge nada menos que 350 mil crianças em todo o Brasil. O trio é conhecido por misturar a percussão baiana e outras vertentes de matriz brasileira à percussão sinfônica.

Na sequência, o Grupo de Referência de Ourinhos, do interior de São Paulo, reúne a nata da percussão do Projeto Guri, programa do Governo do Estado de São Paulo que atende cerca de 49 mil alunos em vários municípios. Formado por onze jovens percussionistas, o grupo é dirigido pelo músico e educador Agnaldo Burgo Junior e interpreta peças que transitam entre o universo erudito e popular, explorando a grande diversidade da percussão, com instrumentos como pandeiro, marimbas, vibrafones, xilofones, glockenspiel e congas. O percussionista Ari Colares, gestor artístico do projeto, fará uma participação especial, somando-se ao grupo na execução de composições suas.

Para encerrar, o Coletivo Rumpilezzinho apresenta um repertório composto por músicas da Orkestra Rumpilezz, sob a regência do maestro Letieres Leite, além de standards do grupo norte-americano Weather Report. Letieres é o autor do projeto Rumpilezzinho – Laboratório Musical de Jovens, dedicado há três anos à promoção e qualificação de jovens músicos de Salvador.

Do Teatro Castro Alves, o PercPan segue no dia 21/01 para o Terreiro de Jesus, no centro histórico do Pelourinho, onde fecha a programação musical com um show ao ar livre e gratuito. Intitulada CELEBRE, a terceira e última noite abre com o show Roberto Mendes – O samba antes do samba. Natural de Santo Amaro da Purificação, o compositor e violonista é, desde a década de 70, um dos mais importantes músicos do Recôncavo Baiano e baluarte da chula, o característico samba da região. No show, Roberto faz uma ponte entre a velha e nova geração – representadas pelo convidado João do Boi, de 72 anos, referência no gênero – e as crianças do Recôncavo Baiano, promessa de continuidade das tradições musicais deste importante celeiro de músicos e compositores do país.

Do Morro da Conceição, na periferia de Recife, Lucas e a Orquestra dos Prazeres dão um tratamento sinfônico à cultura afro-pernambucana, em arranjos modernos, reunindo diversos naipes de instrumentos percussivos como alfaias, ilús, congas, ajubês e agogôs.

De Recife, os sons da noite chegam até a África, mais precisamente a República Democrática do Congo, com o grupo Staff Benda Bilili, formado por ex-moradores de rua. Em comum a mobilidade reduzida, muitos são cadeirantes, e uma sonoridade contagiante que vem encantando o mundo em um exemplo de superação.

Fazendo jus ao tema de celebração que marca o encerramento do festival, o Bloco Afro Muzenza faz uma participação especial com o samba-reggae que o notabilizou desde seu surgimento, na década de 80. Sucesso no Carnaval, suas músicas já foram gravadas por Carlinhos Brown, Daniela Mercury, Gal Costa, Gilberto Gil e Margareth Menezes, entre outros.

Caberá ao grupo madrilenho Patax, liderado pelo baterista e percussionista Jorge Pérez, encerrar o 21º PercPan com sua mistura de flamenco, jazz, funk, salsa e world music. Criado em 2008, em pouco tempo o conjunto se destacou no cenário espanhol e mundial, lançando três discos e realizando diversas turnês pelo mundo.

Em todas as três noites, o Mestre de Cerimônias será o cantor, compositor e instrumentistaSeu Mateus Aleluia, em homenagem a este grande nome da história da música baiana. Ele é um dos remanescentes do grupo vocal Os Tincoãs, responsável pelo resgate da ancestralidade musical afro-barroca através de um amplo trabalho de pesquisa que rendeu convites para apresentações em países como Angola, onde Seu Mateus viveu por alguns anos.

Logo em seu primeiro dia, 18/01, o Percpan promoverá dois encontros culturais, seguidos por outro encontro e uma mesa-redonda, no dia 20/01, todos na UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, localizada na cidade de Santo Amaro, com várias das atrações internacionais: “É mais um esforço de democratizar e descentralizar as ações do Festival através do diálogo com o ambiente acadêmico, estendendo o evento até o Recôncavo Baiano”, resume o curador Alê Siqueira.

Com a proposta de mostrar ao público brasileiro uma combinação do que há de mais relevante no mundo da percussão, o PercPan é hoje referência no gênero. Nos seus 20 anos de existência, o festival promoveu mais de mil horas corridas de música, produzidas por cerca de 800 atrações nacionais e internacionais, como Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gilberto Gil, Hermeto Pascoal, Carlinhos Brown, Naná Vasconcellos, Arnaldo Antunes, Beirut, Sly and Robbie, Rita Marley, Savion Glover e Hypnotic Brass Ensemble. O PercPan é o primeiro festival do mundo dedicado exclusivamente à música percussiva. Em 1998, ganhou por duas semanas consecutivas as páginas do New York Times e do francês Le Monde, ampliando seu prestígio com edições itinerantes que o levaram a cidades como Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Paris.

Programação musical:

 SHOWS

 19 de janeiro (quinta-feira): RIME – Ritmo e Melodia

Horário: a partir das 20h

Teatro Castro Alves

Praça Dois de julho, s/nº – Campo Grande, Salvador

Tel: 71 3535-0600

Ingressos: R$ 40,00 / R$ 20,00 (meia entrada)

Vendas:

Bilheteria do Teatro Castro Alves – seg a sáb – das 10h às 22h e dom – das 9h às 21h

SAC do Shopping Barra e Shopping Bela Vista – seg a sáb – das 10h às 17h e dom – das 9h às 12h

Site: www.ingressorapido.com.br / 3003-0596

 

Mestre de Cerimonia: Mateus Aleluia (Bahia, Brasil)

PolôniaGlass Duo

Gâmbia / UK : Sona Jobarteh

Mongólia: Khusugtun – convidadoGabi GuedesLuizinho do JêjeKainã do Jêje Iuri Passos (Bahia, Brasil)
– 20 de janeiro (sexta-feira): INCLUA

Horário: a partir das 20h
Teatro Castro Alves

Praça Dois de Julho, s/nº – Campo Grande, Salvador

Tel: 71 3535-0600

Ingressos: R$ 40,00 / R$ 20,00 (meia entrada)

Vendas:

Bilheteria do Teatro Castro Alves – seg a sáb – das 10h às 22h e dom – das 9h às 21h

SAC do Shopping Barra e Shopping Bela Vista – das seg a sáb – 10h às 17h e dom – das 9h às 12h

Site: www.ingressorapido.com.br / 3003-0596

 
Mestre de Cerimônia: Mateus Aleluia (Bahia, Brasil)

Salvador, Brasil: Trio MultiFaces – Projeto Neojibá

São Paulo, BrasilGrupo de Referência de Ourinhos (SP) – Percussão – Projeto Guri – convidados Ari Colares (São Paulo, Brasil)

Bahia, Brasil: Coletivo Rumpilezzinho

– 21 de janeiro (sábado): CELEBRE

Horário: a partir das 20h
Largo Terreiro de Jesus – Centro Histórico, Salvador

Entrada franca
Mestre de Cerimonia: Mateus Aleluia (Bahia, Brasil)

Bahia, Brasil: Roberto Mendes – O Samba antes do Samba

Pernambuco, Brasil: Lucas & Orquestra dos Prazeres

República Democrática do Congo: Staff Benda Bilili

Bahia, Brasil: Muzenza

Espanha: Patax

 

 

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