Por Nelson Rocha
O relatório de três anos de atividade do Salvador Destination, entidade de promoção da capital baiana que completou três anos, aponta para a consolidação da associação que trabalha para reverter a queda no número de turistas de eventos e negócios na capital baiana. Como resultado desta da dinâmica das ações desenvolvidos ao longo do período, para este ano já estão confirmados 25 eventos, com média de 1.520 participantes por congresso, que vão trazer mais de 38 mil pessoas para a cidade e injetar US$ 34,2 milhões na economia local.
Contudo, o Salvador Destination estima que desde dezembro de 2013, a capital do estado deixou de movimentar mais de R$ 600 milhões com congressos e convenções. Levantamento feito pela entidade revela que, apenas entre 2014 e 2017, dez grandes eventos cancelaram a vinda para Salvador por falta de um Centro de Convenções capaz de abrigar os encontros. O prejuízo econômico para a primeira capital do Brasil é da ordem de US$ 34 milhões.
“O turismo da Bahia tem carências em todos os lugares do estado. Tem lugares que estão melhores, uns produtos estão com mais dificuldades, mas continua sendo a cidade de Salvador aquela que tem mais dificuldades. Como é um produto maior, com a maior quantidade de visitantes, o reflexo também é maior. O Conselho Baiano de Turismo tem dado informações sempre sobre isso e nós sabemos que temos uns gargalos sérios nesta cidade: O aeroporto, o Centro de Convenções e a perda de voos que estão acontecendo, O problema do Centro de Convenções que ainda não está resolvido, sequer nós sabemos exatamente onde será ou o resultado da perícia. Vai fazer agora, dia 23, quatro meses que teve o desabamento lá de uma parte”, declarou o presidente da Salvador Destination, Paulo Gaudenzi, durante almoço de confraternização com alguns representantes do setor e a imprensa, ontem, no Sheraton Hotel da Bahia.
Para Gaudenzi, a atividade turística na Bahia no ano que passou foi “muito difícil, mas temos alguma esperança que 2017 seja melhor do que 2016. Estamos na expectativa do verão ser bom e o carnaval extraordinário. Vamos ver se a gente consegue engrenar com as operadoras alguma coisa melhor para os finais de semana prolongados que virão, existirão oito provavelmente durante o ano, e com isso tentar melhorar a ocupação hoteleira e os ganhos com o turismo na cidade”, enfatizou o executivo do Salvador Destination, entidade que começou com 16 associados e hoje contabiliza 54, um crescimento de 205% em apenas três anos de atuação.
Presente ao encontro de confraternização, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Glicério Lemos, concorda que o verão e o carnaval estão favorecendo a ocupação hoteleira, mas também prever dificuldades para o período após a folia, com ocupação beirando os 50.6%, taxa registrada em 2016. “Sem um equipamento importante como é o Centro de Convenções teremos mais dificuldades. Nós precisamos alongar a permanência do turista e de promoção no público final fora de Salvador, tanto por parte da prefeitura de Salvador como do governo do estado, para dar um equilíbrio na ocupação hoteleira e, consequentemente, beneficiar toda a cadeia do turismo”, pontuou. Já para o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHa), Sílvio Pessoa, o verão “ está cada vez mais curto e, provavelmente, não consigamos pagar os débitos que estão atrasados. Infelizmente com inatividade do governo do estado, sem Centro de Convenções, sem campanha de marketing, sem investimentos em divulgação e se a economia não se recuperar, nós vamos passar momentos tenebrosos no primeiro semestre de 2017”.
O presidente do Conselho Baiano de Turismo (CBTur), Roberto Duran, considera que o turismo na Bahia passou por importantes transformações, principalmente na capital, e concorda com uma eficiente campanha de divulgação do destino. “Precisamos mostrar pra o mundo o que é o novo destino Salvador, o novo produto da Bahia, e isto só se consegue com uma grande campanha de mídia para o público final. Na verdade, é você tirar aquela imagem que ficou, ao longo dos últimos 10, 12 anos, de um destino degradado, com uma série de problemas e dificuldades que nós hoje não temos mais”, disse referindo-se à capital, que em sua opinião impulsionará o turismo de lazer. “ Os demais segmentos do turismo, principalmente o turismo de negócios e congressos, que é o que representa talvez 70% da atividade econômica do turismo, não temos nem equipamento que consiga alavancar este destino”, enfatizou. Para Duran, a saída, enquanto não se tem um Centro de Convenções definido, é utilizar os hotéis que têm espaços de médio e pequeno porte para a realização de encontros corporativos.