Por Lívia Nascimento
Pelas mãos habilidosas de Marivaldo Filho, 46 anos, o barro ganha formas e se transforma em belos potes, vasos, pratos, entre outros itens. O conhecimento do ofício desempenhado pelo avô, pelo pai e pela mãe do artesão comprovam que a habilidade e talento estão no sangue e garantiram a renda da família durante três gerações. A realidade de Marivaldo se assemelha a cerca de 10 milhões de brasileiros que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), vivem do artesanato. Juntos, eles movimentam mais de R$ 50 bilhões por ano. Os números impressionam, mas são um retrato da atividade econômica que já está presente em 78,6% dos municípios brasileiros de acordo com o Instituto e é uma das atividades que fazem parte da enorme cadeia produtiva do turismo.
As peças de Marivaldo conquistam turistas de todo o Brasil e já ultrapassaram as fronteiras do país com vendas para os Estados Unidos, Canadá e França. A cerâmica Marajoara – típica do Estado do Pará -, onde o artesão nasceu, retrata a cultura local e garante a renda de muitas famílias que comercializam seus produtos principalmente para os viajantes. “Acredito que 90% da nossa venda é feita para os turistas, sem eles não haveria mercado e provavelmente não haveria mais a produção dessa cerâmica que é tão importante para a nossa região”, avalia.
Os elementos da cultura Marajoara, Tapajônica, Maracá, Konduri e Contemporânea enchem os olhos de quem visita o espaço São José Liberto, espaço na capital paraense que reúne trabalhos de 750 artesãos de 43 municípios do estado. É o caso do turista gaúcho Maurílio Genovez que se impressionou com a cultura local. “O artesanato é a identidade da terra então ele tem que ser valorizado. Quando viajo, sempre procuro visitar museus e ver o artesanato para conhecer melhor a cultura da cidade”, conta.
A balata é outra matéria-prima típica da região, que se transforma em um dos vários artesanatos vendidos em Belém. O látex retirado da balateira, árvore localizada apenas do lado esquerdo do Rio Amazonas, ganha uma tintura especial em cores variadas para representar animais típicos da região e encenar o cotidiano dos moradores ribeirinhos. O mestre artesão Darlindo José de Oliveira Pinto aprendeu o ofício ainda criança, com um vizinho. Hoje, aos 57 anos se orgulha de ter criado os quatro filhos com o dinheiro obtido exclusivamente da venda de seu artesanato.
Darlindo conta como o Turismo é importante para o seu trabalho. “Antigamente os turistas iam para a Ilha do Marajó (PA) e voltavam apenas com as fotos de lembranças. Um comerciante me deu a ideia de criar um souvenir e acabei criando um búfalo – animal típico da região – com um turista montado. O trabalho foi tão bem aceito que ele acabou ganhando um prêmio da Unesco em 2012”, relata orgulhoso.
RECONHECIMENTO
O Ministério do Turismo teve um importante papel na regulamentação da profissão em outubro de 2015. O projeto estabelece diretrizes para as políticas públicas de fomento à profissão, institui a carteira profissional para a categoria e autoriza o poder Executivo a dar apoio profissional aos artesãos.
Fonte: Agência de Notícias do Turismo