Por Matheus Fortes
Após dois anos de espera, o Fera Hotel Palace está nos ajustes finais antes de abrir a porta oficialmente. Com as obras praticamente concluídas, o empreendimento deve ser inaugurado em maio, e é encarado como o ponto de partida para uma transformação de peso na via mais antiga da cidade.
O empreendimento tem 81 quartos (sendo 69 apartamentos e 12 suítes), e capacidade para acomodar até 160 hóspedes. O prédio ainda vai dispor de um bar e restaurante, com 120 lugares, um lounge na cobertura com 50 lugares, um salão de festas e eventos para 300 pessoas, quatro salas de conferência, quatro salas de massagem e terapias, gym, sauna, além de uma piscina com vista para a Baía de Todos os Santos. O local também deverá gerar 100 empregos diretos.
Passado todo o processo de restauração do espaço que já foi símbolo mais marcante do luxo e glamour da sociedade soteropolitana, Antonio Mazzafera, diretor da Fera Investimentos – empresa responsável pelo hotel – se diz gratificado com o resultado final.
“Neste momento estamos passando pela fase de treinamento do pessoal, convidamos alguns hóspedes, e testando a estrutura como um todo”, explica o empresário. A proposta do Palace é que o local não fique restrito à hospedagem e seja um espaço de aproveito para o soteropolitano, por isso, o restaurante (batizado de Adamastor, como forma de lembrar uma antiga loja de roupa masculina) que também ficava no prédio e o salão de festas, serão atrativos abertos ao público.
Até a diária – que será ofertada a partir de R$ 290 – fica mais distante dos grandes hotéis da cidade, pois, segundo Mazzafera, o projeto não focou em um ambiente de alto luxo e muito exclusivo.
“Queríamos em ambiente que fosse a releitura de uma época, mas que também seja descolado, jovem, até porque queremos ver o soteropolitano fazendo uso do local”, explica ele. Nem mesmo o restaurante deverá trabalhar com preços muito altos, e, por isso, refeições como almoço e jantar deverão ter um valor de R$ 40 a R$ 45, não se diferenciando muito dos estabelecimentos de shoppings centers
DIFÍCIL RESTAURAÇÃO
O empresário preferiu não estimar o valor da obra, mas garante que sai duas vezes mais caro e trabalhoso instalar o hotel dentro de um imóvel histórico do que ergue-lo do zero em uma estrutura completamente nova.
“Fomos muito cuidadosos, pois o prédio é uma das maiores joias do centro da cidade. Foram recuperados 230 adornos apenas na fachada. A mesma fachada conta ainda com 630 janelas, e não teve como restaurar, pois elas estavam muito comprometidas. Portanto tivemos que reconstruí-las exatamente como elas eram em 1930”, detalhou Mazzafera.
A restauração foi toda pensada pelo arquiteto dinamarquês Adam Kurdahl, que também carrega no currículo, a curadoria da bienal de Veneza, na Itália, e o prêmio “ArchiPrix International” por seu projeto-tese para a planta da Estação Central de Rotterdam, na Holanda.
HISTÓRICO
O Palace herdou sua arquitetura triangular do famoso Flatiron Building, em Nova York. Ele está localizado na parte mais alta da rua na inclinação que liga a Praça Castro Alves à Rua Chile, e, por isso, está sempre em destaque e evidência.
O edifício imponente e monumental construído em estilo Art Déco, foi o epítome da Rua Chile durante décadas, desde sua inauguração em 1934. Neste período, tornou-se referências nas noites baianas, acumulou citações em obras literárias como as de Jorge Amado, e recebeu hóspedes célebres como Orson Welles, Pablo Neruda, Carmen Miranda, Grande Otelo e diversos Presidentes da República.