Apesar da lenta recuperação da economia brasileira, o setor de viagens começa a registrar sinais de retomada na venda de pacotes turísticos para destinos nacionais e internacionais e também nas viagens corporativas. A Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) passou a projetar uma alta de 10% a 12% nas vendas em 2017. Já a Associação Brasileira das Operadoras de Viagens Corporativas (Abracorp) espera uma alta de ao menos 5% após 2 anos seguidos de queda (em 2016, as vendas caíram 6,5% ante 2015).
“Janeiro e fevereiro ainda foram meses ruins, mas percebemos um reaquecimento no número de viagens em março. Eventos que estavam engavetados voltaram a acontecer e o mercado realmente voltou”, afirma Rubens Schwartzmann, presidente do Conselho de Administração da Abracorp e diretor-geral da Costa Brava Viagens.
Segundo o presidente da Abav, Edmar Bull, outros fatores que também vêm contribuindo para uma maior procura por viagens estão o maior número de feriados prolongados em 2017 (9 no total), os saques das contas inativas do FGTS, o dólar mais estável e, sobretudo, a capacidade de adaptação do brasileiro.
O Ministério do Turismo estima que somente as viagens nos fins de semana prolongados injetarão R$ 21 bilhões a mais na economia neste ano. Outros R$ 1,6 bilhão de recursos extras deverão vir dos saques das contas inativas do FGTS, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).
“O brasileiro não consegue deixar de viajar nas férias, mas mudou o perfil de viagem. Não sai mais para viajar fazendo compras. E aquele turista que ficava 20 dias, está ficando 15. Quem ficava 15 dias, está ficando 10. Quem ficava em hotel 4 estrelas, está ficando em um de 3, e isso está nos ajudando a ter uma retomada maior”, afirma o presidente da Abav.
Líder no país, a rede CVC teve em março o maior volume de vendas da sua história – a companhia tem 44 anos. A empresa vendeu R$ 554 milhões em reservas no segmento de turismo de lazer, superando marca anterior de R$ 538 milhões, registrada em outubro.
No 1º trimestre, as vendas cresceram 6,2% na comparação com os 3 primeiros meses do ano passado, considerando apenas as agências que já estavam abertas, acima da inflação no período (4,76%). Em número de reservas confirmadas em todas as operações do grupo, a alta foi de 11,9%.
“O ticket médio da companhia segue estável há pelo menos 4 anos”, revela o presidente da CVC, Luiz Eduardo Falco. Segundo ele, a média dos pacotes vendidos é de R$ 1.390, sendo “100% parcelados” em até 12 vezes.
Os destinos mais procurados pelos clientes seguem os mesmos: Porto Seguro, Maceió e Natal no turismo doméstico; Orlando, Buenos Aires e Punta Cana no internacional.
Segundo a CVC, o crescimento das vendas no 1º trimestre foram impulsionadas pela recuperação do segmento internacional em meio a um dólar num patamar mais estável ao redor de R$ 3,20. O número de reservas confirmadas disparou 37,1% na comparação com os primeiros 3 meses do ano passado.
Dados do Banco Central mostram que os gastos dos brasileiros no exterior subiram 75% no primeiro bimestre deste ano, para R$ 2,93 bilhões. O aumento de gastos de brasileiros lá fora coincide com a desvalorização da moeda norte-americana (queda de 3,65% no acumulado no ano até março), o que barateia, por exemplo, gastos com hotéis e passagens no exterior, que são cotados em moedas estrangeiras. Fonte: G1.