A CVC já vinha prometendo, desde o final do ano passado, com a compra da Experimento, que mais aquisições viriam pela frente. E quando a líder do Turismo da América Latina sugere algo, é bom ficar atento. Na noite desta quarta-feira, a empresa do ABC paulista anunciou a compra de um de seus maiores concorrentes, o Grupo Trend, do presidente Luis Paulo Luppa, por R$ 258,8 milhões, referente a uma parcela de 90% da empresa. Consolidação aérea com a Rextur Advance, vendas on-line com o Submarino, intercâmbios com a Experimento… Um dos itens faltantes era exatamente a distribuição hoteleira, carro-chefe da Trend, mas essa aquisição não significa apenas isso.
O Grupo Trend tem mais de 800 colaboradores, que hoje são divididos entre seis empresas: Trend Operadora (hotéis nacionais, internacionais e outros produtos, para corporativo e lazer), Shop Hotel (empresa low-cost para venda de produtos B2B), TCWorld (consolidadora aérea), Trend Travel USA (empresa com sede nos Estados Unidos), Trend Tech (tecnologia) e VHC – Vacation Homes Collection (aluguel de casas nos Estados Unidos). São mais de R$ 60 milhões em crédito para agentes de viagens.
Recentemente, a Trend mudou para uma nova sede, na Barra Funda, em São Paulo, alvo de um investimento de R$ 6,8 milhões. Mais adiante, a operadora do grupo anunciou seu novo portal de lazer, que nas palavras de seu presidente, Luis Paulo Luppa, é uma “ferramenta revolucionária por vários motivos, entre eles a consolidação de todos os produtos em um único local”. O fundador da Trend, Washington Preti, deixa o negócio com a entrada da CVC, assim como seu sócio, José dos Anjos. Nome de maior exposição do grupo nos últimos anos e autor de livros sobre empreendedorismo e vendas, Luis Paulo Luppa segue e fica com os outros 10% da empresa.
Em comunicado ao mercado, a CVC informa que a aquisição do Grupo Trend (que tem todo o capital social na Check In Participações S.A.) “constitui uma excelente oportunidade estratégica, complementar às operações da companhia, fortalecendo, assim, sua posição de liderança no setor de viagens no Brasil”.
FORMA DE PAGAMENTO
A CVC assumiu a obrigação de pagar aos vendedores o valor total máximo de até R$ 258.806.001,50, sendo um preço indicativo de R$ 144.806.001,50, composto por uma parcela à vista de R$ 40.306.001,50, aumento de capital de R$ 10 milhões e uma parcela a prazo de R$ 94,5 milhões, que será retida e liberada em parcelas sucessivas e anuais até 2022.
O valor total indicativo do negócio está sujeito a ajuste com base no EBITDA (lucro antes dos juros impostos, depreciação e amortização), dívida líquida e no capital de giro da Check In, e tem até R$ 114 milhões como preço contingente, mediante cumprimento de metas e crescimento de lucro líquido e de reservas de serviços turísticos operados pelo Grupo Trend e suas subsidiárias entre 2017 e 2020.
O acordo ainda passa por aprovação do Cade.
O QUE MUDA?
Segundo comunicado de Luis Paulo Luppa a funcionários, o Grupo Trend terá agora “mais inovação, mais representatividade global e mais oportunidades no desenvolvimento de carreiras”. O novo momento da empresa, segundo o empresário, tem como objetivo principal o crescimento, “só que mais fortes e passos mais largos”.
OUTRAS SINERGIAS
Em 2016, a CVC vendeu quase R$ 8,8 bilhões em produtos e serviços de Turismo, um crescimento de 1,5% em 2015, devido ao momento turbulento pelo qual o País passava (e ainda passa), embora as dificuldades não tenham impedido a companhia de adquirir, nos últimos dias do ano, a Experimento. A reportagem do Portal PANROTAS ainda tem conhecimento de uma oferta recusada por uma grande consolidadora e de um processo de due dilligence em curso com outra. O presidente do Grupo CVC, Luiz Eduardo Falco, garantia, ainda no começo do ano, que espaço para tanta empresa similar no grupo é o que não falta, e dá provas disso com a compra da Trend que, apesar de ter a hotelaria como protagonista, tem modelo de negócio que não foge muito do da CVC.
“Somos que nem coração de mãe, abertos e flexíveis. Consolidar empresas é estratégico para a CVC”, apontou Falco em janeiro ao Jornal PANROTAS. “A estratégia de aquisições continua e não apenas no Brasil. Estamos olhando em mercados emergentes, uma forma mais fácil de iniciar a internacionalização.”
Na mesma entrevista, Falco elogiava a sinergia criada entre CVC e Rextur Advance após a aquisição. “Claro que houve choque de forma de trabalhar no começo, mas hoje ambas estão adaptadas e a sinergia entre nós tem gerado receita adicional para ambas, como na venda de hotéis corporativos, que era algo que a CVC não tinha e que é o forte da área hoteleira da Rextur Advance.” Isso demonstra que a companhia ainda buscava se fortalecer em termos de hotelaria, e é algo que pode ter alcançado agora com mais essa aquisição.
Pelo andar da carruagem, é só uma questão de tempo para a CVC expandir para fora do País.