Mostra que celebra vida e obra do baiano será aberta neste dia 7 de junho e terá visitação gratuita até 6 de agosto
A Caixa Cultural Salvador apresenta a exposição “Tom Zé 80 Anos”, que celebra as oito décadas de vida do icônico cantor e compositor tropicalista. As visitações ocorrerão do dia 8 de junho a 6 de agosto de 2017, de terças-feiras a domingos, das 9h às 18h, com acesso gratuito e livre para todos os públicos. A mostra será aberta no dia 7 de junho, às 19h.
Inédita, a exposição reúne obras gráficas, digitais e interativas que reavivam a trajetória de Tom Zé (foto), o baiano de Irará que revolucionou o fazer musical no Brasil. Músicas, fotos, textos e depoimentos são traduzidos em instalações concebidas especialmente para a exposição e que, assim como o homenageado, utilizam-se da multiplicidade de meios e linguagens na concepção artística.
“Neusa, minha esposa costuma me dizer que, quando vou para qualquer lugar do mundo eu estou em Irará, então, o fato de essa exposição começar na Bahia é muito significativo para mim e, muito acertado por conta desses laços fortes. Tenho muitas amizades profundas na Bahia que espero rever nesse grande encontro que será essa exposição”, comemora Tom Zé ao falar sobre a homenagem. Diferente de outras exposições, “Tom Zé 80 Anos” investe no trabalho gráfico-visual. Quem assina o projeto é o próprio curador da mostra, o designer e produtor de mídia interativa, André Vallias.
Uma Exposição-Sampler:
Entre as obras, uma linha do tempo detalhada perpassa os anos de vida de Tom Zé. Fotos de acervo, textos com inclusões em braile e vídeos extraídos de diversos documentários relevam a sua evolução e a genialidade do mestre de Irará. Delineia-se sua história, seguindo o caminho da sua origem interiorana, o começo de carreira, a Tropicália, o reconhecimento internacional e os prêmios, passando também pelas homenagens recebidas ao longo dos anos.
Um segundo espaço faz referência ao pioneirismo digital de Tom Zé. “Estudando o Sampler” é uma instalação de música interativa, visual e imersiva, em que os movimentos do corpo dos visitantes, monitorados por um sensor, transformam o espaço em uma verdadeira máquina de sampler. A instalação, assinada pelo coletivo Sangue no Silício, de Cachoeira (BA), explora a composição visual dos arames farpados e cordas criada por Tom Zé para seu disco “Estudando o Samba”, de 1976.
Também será possível conferir a vasta discografia de Tom Zé. Do primeiro disco autoral (“Tom Zé – Grande Liquidação”, 1968), até o último CD (“Canções Eróticas de Ninar”, 2016), 28 trabalhos completos estarão disponíveis para audição. Além da contribuição textual do escritor Antônio Risério, a mostra ainda expõe 10 instrumentos inventados a partir de objetos e materiais inusitados pelo próprio artista.
Antonio José Santana Martins:
Nascido em 1936 em Irará-BA, Tom Zé cursou por seis anos a Universidade de Música da Bahia. Ainda em Salvador, participou do espetáculo “Nós, Por Exemplo”, que inaugurara o Teatro Vila Velha e lançara mão do grupo de baianos que viriam se tornar estrelas maiores da MPB. Já na São Paulo de 1968, participou da gravação do disco definidor do Tropicalismo, o “Tropicália ou Panis et Circensis”, e gravou seu primeiro disco solo, que tematizava a vida urbana brasileira em música e texto renovadores.
No final dos anos 80, o disco “Estudando o Samba” foi ouvido pelo multiartista David Byrne, que, encantado, lançou a obra nos Estados Unidos, com total sucesso de crítica e público. A compilação “The Best of Tom Zé”, da gravadora de Byrne, viria a ser o único álbum brasileiro a figurar entre os dez discos mais importantes da década nos EUA. Tom Zé, então, passou a ser mais ouvido no Brasil e seu extraordinário desempenho no palco repercutiu no País e nas turnês europeias e americanas, que o consagram como um dos maiores artistas da nossa história.