Por Edvaldo F. Esquivel
Finalmente serão iniciadas, em breve, as obras de proteção e restauração da Casa dos Azulejos azuis, do século XIX, um dos patrimônios arquitetônicos da Cidade-Baixa, localizado na Praça Cayru, ao lado do Mercado Modelo. A notícia foi publicada na edição deste dia 6 de junho do jornal Correio, dando conta que o prefeito ACM Neto autorizou a intervenção que “terá duração de seis meses e investimento de R$ 945 mil”. A primeira etapa de recuperação do prédio colonial será de escoramento, diante das condições precárias em que se encontra. Em seguida, virão os trabalhos de recuperação completa do casario que servirá para abrigar o Museu da Música Brasileira.
Durante visita ao local, o prefeito de Salvador voltou a destacar a importância do projeto do museu como “uma demonstração clara da administração municipal de valorizar o Centro Histórico da cidade e, sobretudo, de preservar o nosso patrimônio”. E antecipou: “Vamos ter, no futuro, um cartão-postal que vai ser visitado por pessoas do Brasil e do mundo inteiro e que, acima de tudo, vai mostrar a força da nossa cultura”. Por sua vez, o secretário Almir Melo, de Infraestrutura e Obras Públicas, disse que a intenção das ações de reforço na estrutura interna do prédio de azulejos azuis portugueses é de preservar a história de um casarão importante para o acervo histórico e urbano da primeira capital do Brasil.
Por fim, anunciou que além do casarão da Praça Cayru, outros três imóveis da área também foram desapropriados pela Prefeitura e passarão igualmente por obras de preservação e restauração, numa iniciativa conjunta da Secretaria Municipal de Turismo e Cultura (Secult) e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Todavia, além da louvável iniciativa da administração ACM Neto, é sabido que o histórico de abandono dos prédios coloniais do Centro Histórico de Salvador já é crônico, haja visto o lamentável desabamento de um casarão ocorrido, recentemente, na Ladeira da Soledade, bairro tradicional do centro e que guarda valoroso acervo arquitetônico colonial. E, até mesmo, da época do Império, quando exibia a beleza fausta dos palacetes ali existentes. A verdade é que o estado atual de conservação da maioria dos prédios da antiga capital da Colônia é desanimador, desafiador, mesmo, por muitas vezes ser questão de segurança pública.
Salvador, portanto, ostenta vergonhoso exemplo de cidade turística brasileira que não soube preservar o seu passado. Os baianos continuam constrangidos com esta triste realidade e torcem para que iniciativas semelhantes à do prefeito ACM se expandam, inclusive com o bem-vindo apoio da iniciativa privada. Um bom exemplo de desleixo é o que acontece com os prédios coloniais da Praça Cayru, que entra verão e sai verão e nada muda. Os fotógrafos, por exemplo, se viram para tirar fotos do Elevador Lacerda e da Cidade-Alta, de qualquer ângulo, sem que tenham de mostrar o contraponto do abandono, dos prédios em ruínas próximos ao elevador. O visual é triste, pois todos se encontram em petição de miséria. Un peccato!
Edvaldo F. Esquivel é Jornalista