Durante cinco dias do mês de julho, o Cine Kurumin traz à Salvador uma programação completamente voltada às questões indígenas. O evento acontecerá na Saladearte Cinema do Museu, com filmes que participam das mostras competitivas de curta e longa-metragem, incluindo produções internacionais, a maior parte inédita no Brasil e com a mostra “Cinema das Mulheres Indígenas”, que retrata a produção audiovisual realizada por mulheres indígenas no continente americano. Uma programação paralela acontece no Palacete das Artes, com a Mostra Nordeste Indígena e a Sessão Especial Volta Grande do Xingu.
Serão mais de 60 filmes, longas, médias e curtas, em sessões com a presença de realizadores/as indígenas. “As sessões pretendem ser espaços de encontros interculturais, centradas nas perspectivas expressas nas imagens do cinema indígenas como propõe o tema desta edição – Da minha aldeia vejo o mundo”, afirma Thais Brito, diretora do Cine Kurumin. De 16 a 19 de agosto o festival desembarca na Aldeia Tupinambá Serra do Padeiro, no sul da Bahia.
A abertura do Cine Kurumin em Salvador conta com a participação de Ailton Krenak, uma das maiores lideranças indígenas contemporâneas. Krenak, criador da União das Nações Indígenas (UNI) e da Aliança dos Povos da Floresta, duas importantes entidades para a causa indígena, fará a conferência de abertura com o tema “Da minha aldeia vejo o mundo”.
Convidados indígenas participarão do festival, dentre eles o documentarista e antropólogo Vicent Carelli, os realizadores guarani Genito Gomes, Werá Alexandre e Valdelice Veron, os cineastas do Coletivo Kuikuro de Cinema, Takumã e Marrayuri Kuikuro (MT); Patrícia Ferreira (RS), que faz parte do Júri e estará do debate sobre as mulheres no cinema indígena, junto com Glicélia Tupinambá (BA), Graciela Guarani (MS), Sueli Maxakali (MG) e Olinda Muniz (BA), com mediação de Ana Carvalho (PE), do Vídeo nas Aldeias. E, ainda, Arlete Juruna (PA) e Giliarde Juruna (PA), que vivem na Volta Grande do Xingu, na área da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e vão compartilhar suas imagens e experiências com o público.
O projeto conta com o apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e patrocínio do Banco do Nordeste, via Seleção Pública de Projetos Culturais 2016/2018.
Programação – A diversidade dos povos indígenas está expressa na programação do festival com produções audiovisuais que enfocam mais de 45 etnias. O premiado longa-metragem, Martírio, integra a programação do Cine Kurumin e será exibido na sexta (14), com a presença do diretor Vincent Carelli. Entre os curtas, tem a estreia de Valdelice Veron como roteirista e diretora em “Tekoha – O Som da Terra e a estreia nacional de Política e Tradição, do Coletivo Kuikuro de Cinema que mostra a preocupação de líderes xinguanos com transmissão de conhecimento para os jovens indígenas. Uma temática recorrente nos filmes é o impacto socioambiental de hidrelétricas, mineração e agronegócio em terras indígenas. A sessão especial Volta Grande do Xingu e o debate Minha Aldeia é um Mundo: Resistências Indígenas abordam a temática.
No domingo (16), a programação conta com três animações e um curta documentário voltados especialmente para crianças. Ainda no último dia do festival, acontece a roda de conversa com o tema O Ritual no Cinema Indígena, com a participação de Alberto Álvares Guarani (MS), Werá Alexandre (SP) e Isael Maxakali (MG), com mediação de Jaborandy Tupinambá (BA), seguido da premiação de melhor curta e longa-metragem escolhido pelo Júri do festival que é composto por Ailton Krenak, Patrícia Ferreira Keretxu e Andres Carvajal (Chile).