Nando Reis é o menino impetuoso e viril. Gilberto Gil, o rapaz maduro calejado pela idade. Gal Costa, a moça. Gil compôs a canção Trinca de Ases pensando nessas ‘imagens-fantasia’. E é assim que o músico descreve os três na letra, incluindo, claro, ele próprio. O gracejo se estende para outras definições: os “três mosqueteiros, três patetas, três poetas da canção”. A música foi feita especialmente para o projeto do trio, o show Trinca de Ases, que Gil, Gal e Nando estreiam em São Paulo, no Citibank Hall, nos próximos dias 4 e 5, e seguem em turnê, pelo menos até o fim deste ano, com apresentações já confirmadas no Rio, nos dias 11 e 12 de agosto; Fortaleza, em 16 de setembro; Recife, 11 de outubro; e Poá, 19 de outubro. “Pensei que sou o mais velho de todos, e ele é o mais novo (risos), e ela é a moça, com a voz ágil”, diverte-se Gil, em entrevista.
Trinca de Ases, a canção, nasceu para abrir o show, como uma espécie de prólogo. “Quando nos reunimos para pensar em repertório, Nando me disse que queria uma abertura que fosse um pouco um ‘statement’ sobre nós, um pouco aos moldes do que havia sido a canção Os Mais Doces Bárbaros, para o projeto Doces Bárbaros. Ele até mencionou isso, e fiquei com aquilo na cabeça quando fui pensar na música. Pensava nisso: nós três, uma pequena ‘descrição-fantasia’ do que somos nós três, e aí surgiu a Trinca de Ases”, conta Gil.
Além dessa canção, o set list reúne outras três composições inéditas. Tocarte é a primeira parceria de Nando Reis e Gil. “É uma letra do Gil que musiquei e depois terminamos juntos”, diz Nando, ao Estado. Ele compôs também Mãe de Todas as Vozes, escrita para Gal e que vai ser cantada por ela nos shows. A outra é Dupla de Ás. “Eu a escrevi também derivada da ideia do Trinca”, continua Nando. “O projeto foi muito estimulante, me deu vontade de produzir. Mostrei para eles, o Gil gostou e a gente incluiu. Acho que uma das coisas importantes nesse encontro é que ele não é apenas uma celebração, não é revisitação. Embora o grosso do repertório seja composto por músicas que já foram feitas, há novidades do nosso encontro. São quatro inéditas, o que não é pouco.”
Gil fala também da importância das músicas criadas para o projeto. “É interessante, porque eu sou compositor, ele (Nando) é compositor. Somos bandleaders, a Gal também é”, observa. “E o fato de juntar os três também despertava uma certa curiosidade nesse sentido, que não fosse apenas um elenco dos nossos repertórios, mas que tivesse alguma coisa que surgisse desse encontro.”
Mas, sim, o repertório de carreira dos três estará lá, em diálogo entre si. Eles, não entanto, não entregam muitos detalhes. Gal garante a presença de Baby, um de seus grandes sucessos; Gil revela que terá Refavela. E, de Nando, serão de músicas conhecidas, como O Segundo Sol, a mais obscuras, como O Seu Lado de Cá. “Escolher o repertório de show é uma dosagem”, acredita Nando. “É um equilíbrio entre controle e descontrole, a coisa se dá na hora, com aquela plateia, com todas as variáveis de como cada um está naquele dia”. Conteúdo: IstoÉ/Estadão