O evento tem curadoria e direção musical do produtor paulista Alê Siqueira, que atua como colaborador de influentes nomes da MPB, e consultor artístico do jornalista e crítico musical baiano Hagamenon Brito. Já o cantor, compositor, arranjador e produtor musical pernambucano Lenine participa como mestre de cerimônia e faz um dos shows mais esperados do festival, ao lado de Letieres Leitte & Orkestra Rumpilezz.
Primeira noite – A Banda de Gaitas Brazilian Piper abre a primeira noite de música do festival, no dia 3 (sexta-feira), às 19h30. É mais uma oportunidade de conhecer o talento dos gaiteiros, que se uniram como resultado de um projeto social sem fins lucrativos, fundado pelo Maestro Piper Major Fuzileiro Naval José Paulo, em 1999.
Com 30 integrantes ativos, a Brazilian Piper é uma das maiores bandas de gaitas de fole do Brasil. Através da música, seu objetivo é educar jovens carentes da periferia, utilizando a cultura escocesa e as gaitas de fole como instrumento não apenas musical, mas de inclusão social.
Em seguida, sobe ao palco o rapper soteropolitano Baco Exu do Blues, nome artístico de Diogo Moncorvo, 21 anos, que acaba de lançar Esú, álbum de estreia muito esperado desde que o artista teve o nome projetado na cena do rap nacional. Dono de uma escrita contundente, com letras que falam das próprias vivências, Baco traz os batuques do maracatu, solos de guitarra baiana, cânticos em iorubá e os atabaques do candomblé.
O encerramento do dia ocorrerá ao som de uma parceria musical das mais aplaudidas nos últimos anos: Letieres Leitte & Orkestra Rumpilezz e Lenine. O concerto apresentará um repertório misto de composições de Lenine, arranjadas pelo maestro e executadas pela Orkestra Rumpilezz, a exemplos de “Leão do Norte”, “Relampeando”, “Do It” e “Paciência”, e repertório autoral da Orkestra, incluindo composições do disco recém-lançado e premiado, “A Saga da Travessia”.
Segunda Noite – O som forte dos tambores afrobaianos do respeitado bloco Ilê Aiyê abre a segunda noite do 22º PercPan, dia 4 (sábado), às 19h. Com músicas que se tornaram hinos da Bahia e do Brasil, a apresentação promete deixar a marca emblemática da percussão desta entidade cultural que representa a afirmação da cultura negra na Bahia e no mundo há 44 anos.
Já a atração seguinte, Dão e a Caravana Black, mostrará o resultado de um irresistível e dançante garimpo da black music contemporânea. Com uma mistura de ritmos brasileiros e africanos que contagia a todos, Dão revela porque vem despertando o interesse de amantes da música no mundo todo. Hoje considerado um pesquisador do balanço, Dão é um artista literalmente comprometido com ritmos pulsantes, que se apropria de diversas referências para compor um universo musical próprio.
A terceira atração vai ser um presente de Pernambuco para o público baiano. O grupo Bongar apresenta cantos tradicionais do cancioneiro através de seis percussionistas e cantores que fazem parte da Nação Xambá, localizada em Olinda (PE). Ao revezar instrumentos como a alfaia, ganzá, agbê, caixa, congas, ilus e tabicas, os músicos realizam um trabalho de resgate e divulgação da cultura e religião locais. Na apresentação do PercPan 2017, o grupo recebe no palco os músicos da Santería, uma religião afrocubana, cuja música é tocada com os tambores batas, que têm muitas semelhanças estéticas com as cerimônias religiosas da Nação Xambá.
Às 22h, todas as atenções voltam-se para este que promete ser o mais esperado show. Aos 87 anos, Omara Portuondo fará apresentação de encerramento do festival. Vozes das mais representativas da música cubana e comparada inclusive com nomes mundiais como Billie Holliday e Edith Piaf, Portuondo foi a única mulher a integrar o grupo original do projeto Buena Vista Social Club (1997), dando voz à canção “Veinte Aos”, do álbum que vendeu mais de 1,5 milhão de cópias. A cantora, no entanto, já tinha nesse momento uma carreira próspera com o grupo Cuarteto Las d’Aida.