A Delegacia Especial de Apoio ao Turista (Deat) afirmou ontem (25) que os sócios da agência de viagens Transport Rent Service Agency, responsáveis pelo passeio que terminou com a morte da turista espanhola Maria Esperanza Ruiz Jimenes na Rocinha, serão indiciados. Um dos proprietários foi identificado como Gian Luca Fabris, caso seja denunciado à Justiça, deverá responder por omissão de informações de segurança ao consumidor.
A guia de turismo Rosângela Cunha, também poderá ser responsabilizada, visto que apesar de saber do policiamento na área, ainda afirmou que o passeio poderia ser feito.
“A questão é que os turistas não foram informados sobre a realidade da Rocinha. A favela foi sugerida ao grupo. Eles ficaram animados. Afinal, a Rocinha é uma comunidade conhecida no mundo. Eles não sabiam que o passeio estava se encaminhando para uma tragédia”, afirmou a delegada titular da Deat, Valéria Aragão.
DEBATE
A morte de Maria Esperanza, de 67 anos, baleada nesta segunda-feira (23), na Rocinha, tem gerado debates acerca das visitações em comunidades no Rio de Janeiro. Ainda sem uma legislação que garanta a segurança de quem as visita, o Turismo nas favelas cariocas está longe de apontar para algum tipo de restrição — tanto pela demanda dos visitantes quanto pelos moradores e agências de viagens beneficiados pela prática.
Em um encontro realizado ontem, na sede da Riotur, as autoridades turísticas e de Segurança da cidade estudaram propostas que visem solucionar a questão. Ao jornal O Dia, o presidente da entidade, Marcelo Alves, defendeu a obrigatoriedade de adesivos de identificação de veículos com turistas.
“A Riotur convocou os órgãos que fazem o Turismo no Rio para debater esse episódio lamentável [na Rocinha] e os próximos caminhos para minimizar fatos que só mancham a imagem da nossa cidade”, pontuou Alves.
A proposta, porém, não é defendida por todos. O especialista em Segurança Pública, Vinicius Cavalcante, realça que apesar de bem-intencionado, o uso de adesivos é inadequado. “Em um ambiente dominado pela criminalidade, [o uso dos adesivos] é preocupante, pois os criminosos podem usar isso como um salvo-conduto frente às Forças de Segurança”, salienta.
PADRONIZAÇÃO DAS VISITAS
Apesar da ciência dos riscos, as comunidades visam fomentar projetos para estimular o Turismo — como é o caso da Associação de Moradores da Rocinha, que pretende padronizar as visitas. Segundo o presidente, Carlos Eduardo da Silva, parte dos problemas enfrentados é o fato de muitas agências de viagens não manterem contato com a comunidade, e muitas vezes não ter dimensão se é seguro ou não fazer a visita.
Sobre o incidente com Maria Esperanza, Silva lamentou. “Ficamos ainda mais sentidos porque não é comum isso acontecer, os turistas visitam muito a Rocinha, gostam, indicam para os amigos.”
Enquanto seguem sem uma padronização, as comunidades não tiveram as visitas interrompidas. Na mesma semana em que a turista espanhola foi baleada e morta, a cantora Madonna visitou outra região. No Morro da Providência, a artista passeou ontem (25) pelas ruas e becos acompanhada apenas de seus seguranças particulares. Fonte: Panrotas