Por Nelson Rocha
Apesar do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) apurado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) no primeiro mês do ano, confirmar a melhora gradativa da economia e impulsionar a confiança do empresariado, no segmento turístico o país parece não saber se fortalecer, mesmo rico em diversidades naturais, culturais e históricas.
Na opinião do economista Fábio Pina, assessor da Fecomércio-Ba “o Brasil não leva a sério o turismo. Infelizmente, na realidade eu acho que o governo não leva a sério o turismo. Nós brasileiros, a gente sempre fala que a gente tem potencial, há 30 anos que eu escuto isto e a gente está recebendo um décimo do que, por exemplo, uma cidade como Orlando (USA) recebe”.
A declaração, feita nesta terça-feira, 23, durante encontro de apresentação do painel Perspectivas Econômicas para 2018 e Confiança do Empresário do Comércio, na Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia, em Salvador, é carregada de uma análise que remete à reflexão dos empresários do setor.
“Um país com seis mil quilômetros de praias, com a quantidade de belezas naturais que o Brasil tem, e recebe basicamente ninguém. É absolutamente subutilizado o turismo no Brasil, um setor que cresce no mundo inteiro, tem grandes vantagens econômicas porque ele não é poluente, é ambientalmente amistoso, emprega muita gente. É agradável trabalhar com turismo. É o setor do futuro. Se as pequenas ilhas do Caribe recebem dez vezes mais – turistas-, do que o Nordeste brasileiro, alguma coisa a gente está fazendo de errado”, avalia Pina.
Para que o Brasil possa registrar taxas de crescimentos reais no turismo, o economista é incisivo em suas sugestões: “ A gente tem que ter uma infraestrutura melhor. A gente precisa vender segurança. Infelizmente o noticiário no Brasil é muito ruim, a gente não vende segurança, vende insegurança. Precisamos atrair o turista que vem gastar. Em São Paulo tem bons turistas de negócios, o Nordeste precisa ter turistas de negócios também, mas precisa ter também o turismo de lazer. Nosso país precisa atrair tanto quanto o Caribe”, pontuou.
Fábio Pina diz não ver onde o Nordeste, em termos de beleza natural, fica a dever para o Caribe.
“Ao contrário, temos mais opções, mais oportunidades, precisamos aproveitar melhor. Internamente temos que ter cada vez mais uma economia maior, crescente, mais forte, melhores hotéis, melhor infraestrutura, pra o próprio turista brasileiro ficar aqui”, enfatizou.
Fábio Pina observa que o Brasil tem condições de receber turistas de todas as partes do mundo, melhor, mas precisa por exemplo, ter eficiente limpeza urbana.
“ Somos muito diferentes do que há na Europa e no Caribe. Infelizmente a gente tem que botar o dedo na ferida. Não adianta fazer um diagnóstico errado. O brasileiro precisa ter um receptivo melhor, falar inglês, melhorar o transporte público, treinar a mão de obra, aliás isto o Sesc e o Senac fazem, mas só que não dá conta de treinar a população brasileira inteira. O Nordeste, por exemplo, tem um potencial turístico absurdo. É um pecado que grande parte da região ainda seja empobrecida com este potencial econômico que tem. Que tal liberar casinos em algumas cidades lindas do Nordeste”, sugere para incrementar mais a economia do turismo.
Por sua vez, o economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Bruno Fernandes, também convidado do painel econômico promovido pela Fecomercio-Ba, comentou esperar que o turismo nacional este ano “ vá a reboque do crescimento do comércio e de serviços também. Há uma perspectiva de melhora da economia como um todo em 2018. A gente espera que o crescimento do poder de compra das famílias aumente mais viagens e, consequentemente, mais turismo. Que o turismo tenha um resultado mais favorável em 2018 do que em 2017”.
O painel sobre as Perspectivas da Econômica para 2018 foi conduzido pelo presidente da Fecomércio-Ba, Carlos de Souza Andrade, e reuniu dirigentes, representantes da Imprensa e convidados durante almoço na Casa do Comércio (Foto: Divulgação).