Por Geraldo Gurgel
Assim como o corpo humano, mais de 70% da terra é constituída por água. Apenas 3% é de água doce e estima-se que menos de 1% esteja disponível para o consumo humano em lagos, rios e reservatórios subterrâneos. Daí a importância do uso racional da água doce e preservação dos rios, mares e geleiras, inclusive para o lazer. O turismo responsável é uma das formas de conscientização e conservação dos recursos hídricos. O Brasil é o primeiro país do mundo em recursos naturais segundo o Fórum Econômico Mundial, sendo responsável por 12% das reservas de água doce do planeta.
A água é o principal atrativo de alguns dos destinos turísticos brasileiros mais visitados como a Amazônia, o Pantanal, as Cataratas do Iguaçu e o arquipélago de Fernando de Noronha, todos reconhecidos pela Unesco como patrimônio natural da humanidade, tamanha é a importância de cada ecossistema para a biosfera, além da beleza cênica e uma infinidade de atrativos turísticos. O turismo de sol e mar é também a principal oferta turística da costa do Brasil atraindo brasileiros e estrangeiros em busca de lazer e cenários paradisíacos.
O Distrito Federal, conhecido como “Berço das Águas”, está rodeado de nascentes como as do Parque Nacional da Água Mineral e mais de 30 cachoeiras, além do Lago Paranoá que banha Brasília, todos com atividades esportivas, de lazer e ecoturismo. As águas do Planalto Central alimentam as bacias do Amazonas, São Francisco e Paraná. No entorno da capital federal, o estado de Goiás é rico em atrativos turísticos que aliam história e natureza. Entre os destinos mais famosos estão Pirenópolis; a antiga capital, Goiás; e a Chapada dos Veadeiros, outro patrimônio natural da humanidade que abrange cinco municípios repletos de cachoeiras em meio ao Cerrado. A mais recente “descoberta”, a cachoeira do Label, em São João da Aliança, já é considerada a maior queda d`águas de Goiás com 187 metros de altura.
Em São Paulo, o Circuito das Águas, na Serra da Mantiqueira, é um roteiro que abrange oito cidades e valoriza as propriedades medicinais da água como atrativo turístico. O turismo é voltado para cura, repouso e lazer com banhos de imersão, hidromassagem, ducha escocesa, limpeza de pele e massagens. Além do poder de cura da hidroterapia, a oferta turística na região é variada. Águas de Lindoia, Amparo, Jaguariúna, Lindoia, Monte Alegre do Sul, Pedreira, Serra Negra e Socorro contam com atividades de aventura, esportes radicais, ecoturismo, turismo rural e histórico, gastronomia, artesanato, compras e opções de hospedagem em chalés, pousadas e hotéis com a tranquilidade das cidades do interior.
No Rio Grande do Sul, a região dos Campos de Cima da Serra, já famosa pelos cânions e cachoeiras dos Aparados da Serra, na divisa com Santa Catarina, abriga outros encantos como o rio Tainhas. No Passo do “S”, em Jaquirana, a 38km de Cambará do Sul, o turista se depara com a deslumbrante paisagem por onde os tropeiros cruzavam o rio sobre um lajeado de 80 metros de largura em forma de “S”. O visitante pode fazer a travessia a pé, de carro ou a cavalo. Um pouco adiante a água despenca do lajeado formando a Cachoeira do Passo do “S” com 100 metros de altura.
REPRESAS – Os lagos artificiais são muito explorados pelo turismo de natureza e aventura. Os cânions do São Francisco, entre Alagoas e Sergipe, resultaram do represamento do Velho Chico para geração de eletricidade para o Nordeste. Um dos estados mais ricos em recursos hídricos, como a Serra da Canastra que abriga a principal nascente do Rio São Francisco, Minas Gerais tem um mar sem ondas a 600 km do litoral. O lago de Furnas, além de gerar energia elétrica e abastecer a população, beneficia o turismo nos 34 municípios banhados pela represa. Capitólio é o principal destino mineiro de praias de água doce. Passeios de lancha, escuna e chalana levam os turistas aos diferentes recantos do lago com suas praias, cânions, grutas e cachoeiras. Também são praticados esportes aquáticos como stand up paddle e jet ski, além de atividades de aventura como escaladas, rapel e rafting.