Por Leonardo Neves
Os aeroportos regionais têm conquistado cada vez mais espaço nas discussões sobre a regionalização e o fomento do turismo no Brasil. Recentemente, conforme apontado pela Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), ao menos 50 terminais de pequeno porte do País receberão R$ 400 milhões em investimentos para infraestrutura a cada dois anos, com o objetivo de preparar os locais para transportar moradores e turistas para áreas de difícil acesso.
No fim de abril, a Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado Federal aprovou o relatório do senador Jorge Viana (PT-AC) sobre o projeto que busca atrair mais investimentos públicos para a aviação civil na região da Amazônia brasileira, englobando nove estados. O documento deve seguir para votação ainda neste ano e acabará beneficiando o turismo da região.
O político apontou que a região deveria ser priorizada na captação dos recursos do Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional (PDAR) e do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), devido à falta de estradas, portos e aeroportos nos estados que abrangem o bioma. “O maior desenvolvimento da aviação civil é essencial no transporte de bens fundamentais, como medicamentos e alimentos, e para a integração geral dessas comunidades”, explicou Viana ao portal oficial de notícias do Senado.
Ao todo, os nove estados têm 41 aeroportos distribuídos entre os 5 milhões de quilômetros quadrados de área que compõem 59% do território nacional. Com voos regionais, eles movimentam cerca de 1 milhão de passageiros por mês, de acordo com dados do Ministério dos Transportes. Para comparação: apenas o Aeroporto Internacional de Guarulhos (GRU), em São Paulo, movimentou uma média de 3,14 milhões de passageiros ao mês no último ano.
Atualmente, o terminal de Manaus (AM) é o que mais faz ligações regionais na Amazônia brasileira, com 12 destinos regionais, operando 110 voos da capital do estado a aeroportos de pequeno porte no estado e no Pará. No Pará, são 144 voos para aeroportos regionais do estado a partir de Belém. Já no Acre, são apenas 14 voos para o único terminal municipal de Cruzeiro do Sul.
Rondônia sequer possui estrutura aeroportuária na capital, Porto Velho. Os três aeroportos regionais do estado são conectados apenas com a capital do Mato Grosso, Cuiabá, com 52 frequências. O Tocantins dispõe de 14 voos para o único terminal regional, em Araguaína, que não possui ligação com outros aeroportos da região Norte. Roraima e Amapá não operam com rotas regionais.
O estado que mais possui ligações com outros estados fora da região da Amazônia é o Mato Grosso. Além de ligar-se a Rondônia e seus três terminais municipais, o aeroporto de Cuiabá conta com rotas para São Paulo e o Paraná. No Maranhão, na área ocupada pelo bioma, o aeroporto de São Luís realiza 24 frequências para o único terminal municipal do estado, o Aeroporto de Imperatriz.
De acordo com Márcio Nascimento, diretor de marketing do Ministério do Turismo (MTur), a chegada de aéreas estrangeiras pode resultar em mais frequências e em uma estrutura maior nos terminais regionais – não apenas da Amazônia, mas do País inteiro. “O incentivo à chegada de mais companhias internacionais no mercado brasileiro pode beneficiar a implementação de voos regionais”, salientou.
Exemplo dos vizinhos
Com a segunda maior parcela da floresta amazônica – atrás do Brasil -, o Peru busca sempre aproveitar a região para fomentar roteiros de aventura e ecologia que podem ser realizados no bioma, que cobre 60% do território. O turismo peruano busca explorar a biodiversidade local com o objetivo de atrair mais turistas que buscam por maior proximidade com a natureza e roteiros de aventura.
“Todos os aeroportos da Amazônia peruana contam com infraestrutura adequada. Só é possível chegar a Iquitos, maior cidade da selva peruana, por via aérea ou fluvial. Não há estradas, mas existem aeroportos que recebem sete voos a partir de Lima, um de Tarapoto e dois de Pucallpa”, apontou Sandra Doig, subdiretora de Promoção de Turismo Receptivo da Promperú.
“Há apenas oito países que têm este pulmão da vida que é a Amazônia, e é por isso que é um dos destinos turísticos mais importantes na promoção do Peru, para aqueles viajantes que buscam experiências com a natureza, turismo de experiência e aventura”, concluiu.
A Secretaria de Turismo do Pará, a AmazonasTur e o Governo do Amazonas foram contatados para comentar o assunto. Até o fechamento desta reportagem, porém, nenhum dos órgãos respondeu sobre o assunto.
Fonte: Brasilturis