Pelas palavras do presidente da Associação Brasileira da Indústria e Hotéis da Bahia (ABIH-BA), Glicério Lemos, o pior da tempestade já passou, leia-se crise econômica, recessão ou seja lá o nome que se dê a esse período nebuloso que o país atravessa: “Salvador tem um aumento crescente da ocupação, reflexo da cidade, das melhorias em infraestrutura, novos museus, novas praças, estamos recolocando Salvador na prateleira do turismo nacional e internacional”, afirmou Lemos ao Diário do Turismo, em entrevista por telefone.
Lemos explica que essa melhoria não se deu por acaso. “Realizamos uma série de ações concretas com o apoio da Prefeitura Municipal de Salvador, da Secretaria Municipal de Turismo e dos empresários do Estado levando a marca da Bahia a todo o Brasil, por meio de roadshows”, explica Glicério.
“Com o lema: “Nova Salvador, Você sente que é diferente”, nós, empresários hoteleiros da Bahia, em parceria com o poder público municipal, há dois anos estamos realizando capacitação de agentes e operadores de turismo para a venda de Salvador lá fora. Entramos no terceiro ano neste trabalho”, esclarece o hoteleiro.
Glicério acrescenta que até agora foram capacitados mais de 2 mil operadores e agentes de viagem fora da Bahia, em especial as principais capitais e cidades com mais de 1 milhão de habitantes. “Além disso, estamos fazendo rodadas de negócios, trazendo operadores de turismo da Argentina, do Chile, do Uruguai, do Paraguai. Este ano realizaremos a nossa terceira rodada de negócios, com data já marcada: 12 de Setembro”, diz.
Ainda em fase de confirmação, revela ele, a vinda de operadores portugueses e espanhóis. “Estamos negociando as tarifas aéreas. A ABIH cuidará de todo o receptivo”, enumera.
Salvador
Com 40 mil leitos e com hotéis de todos os níveis, Glicério revela que a média de ocupação de Salvador já saiu dos índices preocupantes. “Alcançamos em 2017 os 56% e agora, em 2018 estimativas apontam que chegaremos a uma média anual de 59% quase 60%. Isso sem falar os picos de demanda em janeiro e fevereiro que chegam a 90%”, quantifica. Acrescenta o hoteleiro que o trabalho junto com os agentes de viagem tem sido muito forte.
Espírito da Bahia
Baiano e hoteleiro por natureza, não necessariamente nessa ordem, Glicério junta a sua fala o resgate da “baianidade” que Salvador precisava. “Esses workshops, roadshows, eventos de capacitação não são para vender diárias de hotel, mas para lembrar que a Bahia é o berço da cultura do país. Nessas capacitações levamos as cores, o folclore, a gastronomia do nosso estado, o espírito da Bahia, que estamos resgatando”, reforça Lemos lamentando que questões políticas deixaram o turismo perder terreno na dura batalha de captação e atração de visitantes.
“A competição é muito grande. Os outros estados têm muito dinheiro para gastar, porque trabalham em harmonia. Salvador ficou dormindo em berço esplêndido. Isso se deve a questão política, não se investiu mais em propaganda, marketing direcionado ao consumidor final. O produto Bahia recebia cerca de 7% do orçamento da Secretaria de Turismo do Estado. Hoje é menos que 1%”, revela.
Airbnb
A exemplo de algumas capitais do País, como Fortaleza, a prefeitura municipal de Salvador e a Câmara Municipal da cidade estão trabalhando para regularizar a situação do aluguel compartilhado de apartamentos, que, segundo Glicério, está configurada como concorrência desleal.
“A carga tributária da hotelaria chega a quase 40% de impostos da receita totoal. Eles precisam ter os mesmos compromissos que a gente, é preciso dividir responsabilidades. Não somos contra o Airbnb, queremos apenas a regulamentação”, diz.
Lemos explica que o sistema de aluguel de casas e locação de apartamentos fere frontalmente uma cláusula da lei imobiliária. “Eles não podem vender diária. Quem vende diária é a hotelaria. Eles têm que se submeter às leis imobiliárias, que se ajustam a aluguéis de temporada. É preciso que isso se normatize”, finaliza.
- Fonte: DT com agências