Paraty: Um destino para todos os gostos

Andar pelas charmosas ruas de pedras irregulares de Paraty te faz viajar sem escalas direto para o século 18. Considerada pela Unesco como “o conjunto arquitetônico colonial mais harmonioso do País”, a cidade localizada no litoral do estado do Rio de Janeiro – a cerca de 250 quilômetros da capital fluminense – tem marcos importantes na história do Brasil durante o período colonial com o Ciclo do Café e do Ouro.
Dona do único fiorde tropical do mundo, Paraty encanta com histórias do início do Brasil, arquitetura colonial muito bem preservada e praias paradisíacas

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Usando as trilhas construídas pelos índios Guaianás, os portugueses criaram uma rota de escoamento do ouro e pedras preciosas das Minas Gerais direto para o porto da cidade com destino a Portugal. Por causa de ataques de piratas, uma nova Estrada Real foi construída tirando Paraty do foco e levando a região a sofrer isolamento econômico durante décadas.

Com suas construções e paraísos naturais muito bem preservados por quase um século, a cidade voltou a crescer só na década de 1970 com a abertura da rodovia BR 101 (Rio- Santos), dando início ao Ciclo do Turismo. Paraty também é berço de eventos culturais de projeção internacional como a FLIP (Festa Literária de Paraty) e o Bourbon (Festival Internacional de Jazz), fazendo com que a cultura e tradições da cidade continuem vivas para os turistas que a visitam.

Com um clima sempre agradável, reserve pelo menos quatro dias para conhecer e se apaixonar pela cidade. Confira nossas dicas!

Passeio pela história

Casarão antigo com símbolos da maçonaria

Passear pelos pés-de-moleque – nome dado para as ruas de pedras do Centro Histórico – te faz encontrar uma surpresa a cada virada de esquina. Casarões dos séculos 18 e 19 escondem histórias e símbolos de muito poder na época, como esculturas de abacaxis em algumas sacadas representando a realeza, ou inúmeros símbolos da maçonaria gravados nas paredes externas.

Para descobrir os detalhes por trás de construções famosas – como a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios (1866), que teve sua torre diminuída para evitar que a construção partisse ao meio; ou a Igreja de Nossa Senhora das Dores (1800), que era da aristocracia e de uso exclusivo das mulheres – o mais indicado é fazer um passeio de uma manhã com um guia local.

Igreja de Santa Rita (1722). Hoje é o Museu de Arte Sacra de Paraty

Conhecendo os alambiques

 

Alambique Pedra Branca (Foto: Gabriel Toledo)

 

Escutar gente pedindo uma “Paraty” nos bares do período colonial era comum na cidade. No século 18, as cachaças e pingas produzidas por lá eram tão boas que foram exportadas para Portugal, França e outros países europeus. Em 1908, a cidade recebeu a Medalha de Ouro com a Pinga Azuladinha, a famosa “azulada do Peroca”, na Exposição Industrial e Comercial do Rio de Janeiro. De lá para cá, a tradição não se perdeu e ainda é possível conhecer de perto as histórias da produção dos destilados.

Construído em 2007, o Alambique Pedra Branca oferece um passeio guiado mostrando o passo a passo, desde a colheita da cana, a separação do coração – a parte principal do destilado -, até a bebida pronta e engarrafada. Após conhecer todo o processo, você poderá degustar todos os sabores produzidos, como cachaça com banana, chocolate, gengibre e até pimenta. Vale lembrar que Paraty realiza todos os anos, em agosto, um dos maiores festivais de pinga do Brasil.

Sustentabilidade

Ruazinhas de Paraty (Foto: André Babilônia)

Construída no final do século 17, a Fazenda Bananal foi um local importante na história de Paraty, já que atravessou todos os ciclos até chegar à produção de cachaça e farinha de mandioca no início do século 20. Nos anos 1970, após passar por vários donos, o local foi rebatizado como Fazenda Murycana. Após anos desativado, o lugar de 180 hectares de bioma de Mata Atlântica, entre o Parque Nacional da Serra da Bocaina, a estação ecológica dos Tamoios e a APA de Cairuçu, foi comprado por empresários locais em 2014 e transformado em um complexo de ecoagroturismo.

Recém-aberta para a visitação do público com atividades educacionais de sustentabilidade, como observação de pássaros, cultivo de hortas e passeios na mata dentro de agroflorestas plantadas por eles, o local passou por uma revitalização completa. O casarão onde funcionava a sede da fazenda foi transformado em um museu com a exposição permanente sobre a história do Brasil Colonial.  O restauro se guiou em referências em pesquisas documentais e entrevistas, o que permitiu que a edificação mantivesse as características originais de uma fazenda do período colonial.

O complexo tem ainda um restaurante abastecido com alimentos cultivados em suas agroflorestas. As atividades educacionais envolvem contato direto com a natureza e os animais e custam a partir de R$ 25. As atividades de observação de pássaros e trilhas guiadas devem ser previamente agendadas e a entrada para visitação custa a partir de R$ 10.

Fiordes tropicais

Com uma extensa faixa de litoral que reúne 65 praias, Paraty é o único lugar no mundo que tem um fiorde tropical. Fiorde é um braço de mar que adentra o continente entre altas montanhas com formações bem características de países escandinavos como Noruega e Dinamarca, onde as montanhas estão sempre cobertas por uma camada de neve branca. Nosso fiorde tropical, conhecido como Saco do Mamanguá, invade 8 quilômetros de uma reserva ambiental de Mata Atlântica densa com suas águas verdes em tom de esmeralda.

A região abriga oito comunidades caiçaras, além de 33 praias paradisíacas, 10 rios e dezenas de cachoeiras escondidas na mata. O fundo do Mamanguá guarda surpresas com uma belíssima área de mangue, onde é proibido navegar com embarcações a motor. Para chegar lá, a dica é embarcar em uma lancha ou escuna em Paraty, de preferência acompanhado por um guia que ensina a fazer o caminho por uma trilha dentro da mata. A opção a pé exige condicionamento físico em dia.

Visão noturna

Se durante o dia a cidade oferece inúmeras opções de passeios culturais e de aventura, a noite de Paraty continua na agitação dos barzinhos com música ao vivo e mesinhas no meio das ruas de pedra no centro histórico. Como a cidade é um destino internacional que não para o ano todo, referências de outros países vão do artesanato à culinária e estão presentes nas lojinhas e restaurantes da região. Aproveite para comprar lembrancinhas locais, tomar as famosas cachaças e comer um peixinho fresco em algum restaurante aconchegante.

Cerveja artesanal

Uma boa opção para curtir com os amigos é fazer um happy hour no final da tarde na Cervejaria Caborê. Especializada em cervejas artesanais, o local fabrica desde 2006 a Cerveja Caboré seguindo a risca a Lei de Pureza Alemã do século 16, totalmente artesanal e sem conservantes. Prove os quatro estilos oferecidos pela casa – Pilsen, Escura, Trigo e IPA – e escolha sua preferida.

Itália paratiense

Paraty recebeu muitos estrangeiros nos anos 1990 e encontrar restaurantes de diferentes países não é tarefa difícil na cidade. Se a ideia é provar pratos italianos com peixes frescos, o restaurante Pippo, da famosa Pousada do Sandi, é uma boa pedida. Criados pelo chef Pippo, italiano que se mudou para a cidade em 1992, os pratos são uma mistura da culinária italiana com peixes da região em um mix de sabores incríveis. O ambiente é aconchegante e convidativo para um jantar romântico ou especial com os amigos.

Tailândia atrás da porta

Outro restaurante imperdível da cidade é o Thai Brasil. Especializado em comida tailandesa, ele foi criado pela chef alemã Marina Schlaghaufer que, nos anos 2000, se apaixonou pela culinária em viagens para a Tailândia e resolveu se fixar em Paraty com o negócio. A pequena portinha de entrada em uma das ruas de pedra da cidade exibe um ambiente muito bem decorado com toques artesanais, tudo feito por Marina, artista plástica por hobby. Na cozinha, uma variedade de receitas típicas como saladas, sopas, grelhados, fogosos curries com carnes, frutos do mar e vegetarianos.

Experiência VIP

A noite de Paraty pode ficar ainda mais agradável se você está à procura de uma experiência gastronômica exclusiva. A chef brasileira Yara Castro e o marido norte-americano, Richard Roberts, recebem até 12 convidados em casa para uma noite animada de preparo do jantar dentro do projeto “Academia da Cozinha e Outros Prazeres”. Ao som de jazz, Yara finaliza os pratos com a ajuda dos convidados, enquanto conta a história de Paraty através dos ingredientes locais usados no preparo. A experiência se torna ainda mais fantástica pela curiosidade da história de vida dos anfitriões: Yara é bailarina e já foi apresentadora de uma série de televisão chamada Cook’s Tour, indicada ao Emmy pelo canal americano PBS; enquanto Roberts é fotógrafo e fez sucesso como CEO de grandes multinacionais.

Para dormir e aproveitar

Com sorriso no rosto, o casal Yara Castro e o marido norte-americano, Richard Roberts, recebem seus convidados da noite na Academia da Cozinha e Outros Prazeres

 

Com a economia da região toda voltada para o turismo, a rede hoteleira da cidade tem 99 estabelecimentos cadastrados que agradam a todos os bolsos e gostos. Se você preza pelo conforto e quer acordar com uma vista linda da cidade, a pousada Corsário é a opção certa. Administrada pelo Grupo Samadhi Hotels, ela está localizada a sete minutos a pé do centro histórico e oferece 39 apartamentos do tipo chalé totalmente equipados. A área de lazer inclui piscina, salão de jogos, sauna a vapor mista e jardins tropicais com quiosques, mesas e cadeiras.

Mas se a ideia é se hospedar com conforto e economizar para se aventurar na cidade, o Caa Brasil Hotels é o lugar ideal já que está localizado a 180 metros da rodoviária e cinco minutos do Centro Histórico. A casa tem ambientes amplos e interligados e o staff te recebe como se você fosse da família. São 16 camas, área de convivência e contato direto com a natureza. O café da manhã está incluso na diária. * Fonte: Brasilturis

 

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