O 2º Fórum Brasileiro de Hotéis Independentes mandou seu recado aos profissionais da hotelaria: grandes redes e empreendimentos independentes devem se unir para se adaptar aos novos modelos de negócios e superar a atual crise do setor.
A mensagem foi dada considerando o cenário em que a queda de preços da hotelaria se estabilizou, mas não voltou a crescer. De acordo com Roland Bonadona, CEO Bonadona Hotel Consulting, os hoteleiros vêm lidando com preços 30% menores dos que eram praticados em 2012.
“Precisamos considerar que é muito mais fácil inovar em uma economia em crescimento. A crise brasileira afetou muito o nosso setor e precisamos ser estratégicos para encontrar saídas”, pontuou Bonadona. O evento foi realizado na última quarta-feira (19), durante a feira Equipotel 2018, em São Paulo.
Entre os 3 painéis realizados, muito foi falado sobre a tendência relacionada às soft brands e suas vantagens. O novo modelo de negócio consiste em possibilitar que os hotéis independentes utilizem plataformas de distribuição de vendas das grandes redes.
“A rede se beneficia desse negócio com uma expansão geográfica, alcançando cidades que não conseguiria sozinha. O hotel independente, por sua vez, consegue participar de programas de fidelidade consolidados e prontos, além de atingir novos mercados. É uma tendência sem volta, não vejo como retroceder nisso”, comentou Rafael Guaspari, diretor Sênior de Desenvolvimento do Grupo Nobile.
Tecnologia
Uma das mudanças mais perceptíveis da hotelaria nos últimos anos é relacionada ao uso da tecnologia. Já há algum tempo, hoteleiros lidam com concorrentes digitais como OTAs, aplicativo de hospedagem compartilhada etc.
Para os painelistas, os hoteleiros podem aprender com alguns desses concorrentes que representam tendências do setor. “O Airbnb, por exemplo, nos ensina a focar na experiências web do cliente e na viagem de imersão. A empresa também contribui com o crescimento do número de viagens em 7%. Não podemos só criticar. Vamos entender para recuperar a fatia de mercado que foi perdida”, afirmou Bonadona.
Segundo Roberto Bertino, fundador e presidente do Grupo Nobile, as pessoas passaram a comprar reputação no lugar de marca. “Boa reputação requer tecnologia, requer presença nas redes sociais, plataformas de distribuição rápidas e efetivas. Para isso, precisamos nos aliar a parceiros que nos ofereçam bons serviços, porque nosso negócio não é tecnologia, é hospitalidade”, afirmou.
O executivo ainda falou sobre a necessidade de investir em marketing digital para entrar no mundo dos clientes. “Temos que tirar o hóspede do relacionamento indireto e trazê-lo para o direto. Isso inclui estar junto do cliente, participar da vida dele, interagir. Atualmente, 50% dos hóspedes chegam aos hotéis por canal indireto. O impacto disso é brutal”, disse Bertino.
Guerra de preços
Outro problema da hotelaria, apontado durante o Fórum, é a chamada “guerra tarifária”. Esse é o termo que se usa para a situação ocasionada por hotéis que tentam atrair qualquer tipo de cliente, sem um plano comercial estabelecido. “Há muitos hotéis 5 estrelas que fazem preço de 2 estrelas no Brasil. Isso é irresponsável e deixa o mercado estagnado. É um aspecto para os hoteleiros brasileiros buscarem profissionalização”, comentou Philippe Godefroit, gerente Geral do Hotel Gran Marquise.
Turistas internacionais
No âmbito político, uma das críticas mais contundentes dos executivos do Fórum foi relacionada ao número de turistas que transitam pelo Brasil, estagnado há 15 anos nos 6 milhões. “Dessa quantidade, 84% são turistas nacionais e só 15% internacionais. É um número muito baixo e negativo”, opinou Roberto Bertino, fundador e presidente do Grupo Nobile. Fonte: Brasilturis.