Por Geraldo Gurgel
A literatura de cordel, estilo literário que surgiu do romanceiro português, com os colonizadores, se enraizou no Nordeste ao retratar o universo sertanejo e ganhou o Brasil. No Dia do Nordestino (8 de outubro), conheça alguns roteiros que são uma verdadeira celebração desse estilo recentemente reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
Quem visita o Sertão do Pajeú, em Pernambuco, encontra um roteiro integrado formado por 17 municípios turísticos que exploram a literatura de cordel. Entre os principais atrativos estão a Rota dos Poetas e Cantadores, que fica em Afogados da Ingazeira, celeiro de cantadores de viola e do estilo literário; e a Rota do Cangaço, em Serra Talhada, um dos temas mais representativos da cultura popular nordestina.
A poucos metros do Marco Zero do Recife, no Centro Histórico da capital pernambucana, fica o museu Cais do Sertão, que também apresenta referências da musicalidade, cultura popular e linguagem artística do cordel. O espaço faz parte do projeto Porto Novo Recife, que está transformando os antigos armazéns portuários em um grande polo de turismo, serviços, entretenimento e lazer da cidade. Com tecnologia inovadora, automação e recursos de interatividade, mostra que o cordel também se modernizou e se reinventou com a computação gráfica, estampas coloridas e publicações online. Personalidades como Luiz Gonzaga também estão em destaque no novo atrativo do litoral pernambucano.
Um passeio pelos mercados públicos de Aracaju (SE) também leva o turista a conhecer esse universo. O estilo literário rompeu barreiras, entrou nas universidades, mas não perdeu a tradição da exposição em barbantes – daí o nome cordel – nas feiras livres, mercados e praças da capital sergipana. A antiga capital de Sergipe, São Cristóvão – patrimônio cultural da humanidade reconhecida pela Unesco – , é outro celeiro de produção da arte de cordel.
Outra forma de revisitar essa arte tipicamente nordestina é na feira de Caruaru (PE), um dos maiores centros de cultura popular da região. Em uma das tendas, o Museu do Cordel expõe títulos originais, entre outras preciosidades, como tipografias e xilogravuras. O ambiente é enriquecido pela declamação de poetas populares, repentistas e cantadores de viola. Além disso, no trajeto até Caruaru o turista pode fazer uma pausa em Bezerros, cidade com grande concentração de xilógrafos, artesãos responsáveis pela produção das figuras talhadas em madeira que ilustram os temas dos folhetos de cordel.
Já em Mossoró (RN) a Estação das Artes Elizeu Ventania, dedicada ao poeta e violeiro potiguar, é o “coração” de um corredor cultural de atrativos temáticos tipicamente nordestinos. Entre eles, destacam-se o Memorial da Resistência ao bando de Lampião e a igreja que ainda guarda as marcas do dia em que “choveu bala” na cidade, em 13 de junho de 1927. A bravura dos mossoroenses é um dos temas recorrentes dos cordelistas, com destaque para os personagens de Lampião e Maria Bonita, Padre Cícero e Frei Damião.
“O Nordeste é uma região extremamente rica em cultura e a vivência disso é, hoje, a principal experiência que o turista busca em qualquer destino”, afirma o secretário nacional de Qualificação e Promoção do Turismo do Ministério do Turismo, Bob Santos.
A riqueza dessa literatura é tão grande que ela se espalhou por todo o Brasil, homenageando a memória e as referências do povo nordestino em grandes capitais brasileiras. Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, concentram poetas, declamadores, editores, ilustradores (desenhistas, artistas plásticos, xilogravadores) e folheteiros (vendedores de cordel) que formam uma cadeia de economia colaborativa integrada ao turismo.
A feira de São Cristóvão do Rio, o Centro de Tradições Nordestinas de São Paulo e a Casa do Cantador no DF são atrativos fora do Nordeste que oferecem uma agenda permanente de eventos e atraem visitantes o ano inteiro. A cidade do Rio de Janeiro é, também, a sede da Academia Brasileira de Literatura de Cordel. Fonte: Agência de Notícias do Turismo.