Nesta temporada, cerca de 20 cruzeiros farão 49 escalas no Porto de Salvador, o que representa um incremento de 7,6%. No último Verão, foram 50 escalas com 153.314 passageiros. Para o Carnaval, são esperadas 10 mil pessoas, que chegarão de navio.
O Navio Aidaaura, que aportou nesta quinta-feira (25), trouxe a bordo 1.140 passageiros e 393 tripulantes, vindos da cidade de Hamburgo, na Alemanha. Muitos deles pisaram os pés pela primeira vez na Bahia. Além de Salvador, a embarcação vai passar ainda por Ilhéus, Rio de Janeiro, Búzios, Cabo Frio, Santos, Recife, Fortaleza e Maceió. Na capital baiana, os passageiros ficariam até a noite.
De acordo com o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Fehba), Sílvio Pessoa, os cruzeiros marítimos costumam ter um impacto positivo na divulgação de Salvador como um “bom destino” no período de férias.
“Os turistas vêm para ficar pouco tempo e fazer passeio, mas eles conhecem um pouco e ficam com vontade de voltar. Neste sentido, funciona bem para os bares e restaurantes; pouco menos para a hotelaria porque eles não dormem”, explica Pessoa.
Ainda de acordo com o presidente da Fehba, no entanto, o fato da cidade ser conhecida pode se tornar um benefício a médio e longo prazo. “A título de divulgação, acaba sendo algo positivo posteriormente, pois, futuramente, podem fazer outras visitas”, acrescenta.
Transporte e guia
E se o turista precisa sair e retornar a tempo no navio, os taxistas pensam em estar cada vez mais próximos do ponto de desembarque, no Porto de Salvador. Conforme o presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), a categoria tem boas expectativas esta época do ano, quando é iniciada a temporada dos cruzeiros.
“Como o turismo aumenta nessa época,sempre esperamos ter um ganho a mais, afinal, eles fazem questão de conhecer a cidade, às vezes querem ir em pontos mais distantes. Existem os pontos de fila para táxis ali e sempre buscamos acordo com a prefeitura para que estejamos perto do desembarque”.
Para atender a uma demanda vasta de nacionalidades, o Sindicato de Guias de Turismo da Bahia chega a fazer uma espécie de agendamento de seus profissionais para conseguir atender a toda demanda.
Economia
A Secult estima que cada turista que desembarca nos portos fique, em média, 12 horas na cidade. “Como os que saem são a maioria, é um percentual significativo de consumo de diversos produtos e serviços.
O consumo diário de cada um dos turistas que vêm a Salvador, diz Tinoco, chega a R$ 485 – incluindo roteiros ou translados para dentro e fora da cidade.
“Nesses roteiros, especialmente o Centro Histórico, ou mesmo a Praia do Forte, no Litoral Norte – destinos com atrativos para o tempo que eles têm. É toda uma cadeia de entretenimento, eles frequentam ensaios e outros shows”, acrescentou Tinoco.
O restaurante Camafeu de Oxóssi, localizado no mercado modelo – próximo ao Porto de Salvador -, sente o aumento dessa economia. Dono do estabelecimento, que funciona no local há 42 anos, Júlio César Calado afirmou que chega a aumentar o número de funcionários em 50%.
A temporada
Nesta temporada, os 20 cruzeiros e mais de 160 mil turistas animal o setor poucas vezes se viu. “Menos escalas e mais passageiros é justificado pela chegada de novos navios com maior capacidade de passageiros”, ressaltou o diretor-presidente da Codeba, Rondon Brandão do Vale.
Para o período do Carnaval, entre o final de fevereiro e início de março, são aguardados ao menos cinco navios, que devem trazer à capital 10 mil pessoas. “É o público que vem e consome shows, ensaios de verão, camarotes e blocos”, aposta o secretário Cláudio Tinoco.
Na temporada de cruzeiros de 2017, a Secult registrou uma movimentação econômica de R$ 62,5 milhões geradas dentro de Salvador. “Esperamos ainda mais, pois a temporada passada tivemos 8% menos de passageiros. O número exato nós só podemos confirmar ao embarcarem, porque eles ainda estão vendendo os pacotes”.
Segundo Marco Ferraz, presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Brasil), “o potencial dos cruzeiros no Brasil é imenso e os números mostram que estamos retomando ao crescimento”. Na última temporada de cruzeiros, de setembro do ano passado a abril deste ano, o setor faturou R$ 1,8 bilhão, segundo estudo da Clia Brasil em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Vendas
Antônio, o ambulante do início da reportagem, se não convenceu o casal de comprar sua canga após o atraque do navio, ao preço de uma por R$ 30 e duas por R$ 50, certamente, na volta, fechou negócio com eles. Com jeitinho, conta, tudo fica mais fácil. O tipo de turista, digamos, mais mão-aberta, explica o ambulante, é aquele mais velho, que chega à cidade com a máquina na mão e um sorriso no rosto, maravilhado com a claridade e o clima quente-úmido de um país tropical.
“Esses a gente conhece de longe. É certeza que vamos vender. Só não adianta muito com os japoneses, aqueles são ruins para negócio”, analisa, com bom humor.
Em um dia comum, no período de baixa estação, o ambulante chega a voltar para casa com todas as cangas embaixo do braço. Já na alta estação, com a circulação de navios, como foi o caso desta quinta, a expectativa é vender cerca de 15 peças.
No estacionamento do Porto Salvador, estavam à espera dos turistas 10 ônibus. Os veículos foram utilizados por aqueles que decidiram descer da embarcação e fazer um tour pela cidade, como o alemão Josef Thevis que nada sabia sobre a capital baiana, mas muito sobre o cenário político do Brasil. “Está uma bagunça”, afirmou para um tradutor da língua alemã que facilitou o diálogo entre repórter e fonte.
De acordo com o gerente do Porto Salvador, Gustavo Andrade, durante a alta temporada, Salvador aparece como escala em 50 viagens. “Por navio, uma média de 3 mil passageiros. O que daria uma estimativa, durante esta temporada, de 150 mil pessoas circulando pela cidade “, calcula. Fonte: Correio da Bahia.