O adeus ao Bahia Othon Palace

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Por Yuri Abreu

Expectativa. Essa é a palavra da vez no que se refere ao futuro do Bahia Othon Palace, que encerra suas atividades, oficialmente, nesta segunda-feira. Localizado em Ondina, ele funcionava desde 1975 e era considerado um dos primeiros hotéis cinco estrelas da capital baiana, com 284 apartamentos. Mas, no mês passado, a rede que mantinha o equipamento anunciou o fim das atividades, justamente a poucos meses do verão. A outra unidade do grupo, em Belo Horizonte, também será desativada.

Diante disto, o clima passou a ser de muita tristeza e apreensão, principalmente para os quase 240 funcionários que trabalham diariamente no local. Os trabalhadores, na última terça-feira, assinam o aviso prévio e as homologações serão feitas até o próximo dia 29, de acordo com o Sindicato dos Empregados em Hotéis Bares e Similares (Sindhotéis). Em reunião entre a organização e a direção do hotel, ficou acertada também a manutenção em mais quatro meses do plano de saúde, além do fornecimento de cestas básicas por mais dois meses.

Contudo, alguns deles devem ser absorvidos pelo Hotel Fasano, de alto padrão, que abre as portas no início do próximo mês, no Centro Histórico da capital baiana. Essa negociação tem envolvido membros do Sindhotéis e da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA). “Um dos diretores, que também é diretor da Associação, juntamente conosco, estamos fazendo o possível para levar parte desse pessoal”, afirmou Glicério Lemos, presidente da ABIH-BA.

Com o fechamento do hotel, deixa também de funcionar de forma contínua um centro de convenções que funcionava no local e tinha capacidade para três mil pessoas. Segundo Lemos, este é mais um dos prejuízos causados após o fechamento, há três anos, do Centro de Convenções da capital baiana, localizado no bairro do Costa Azul. Vale lembrar que havia um espaço semelhante no Hotel Pestana, no Rio Vermelho, que fechou as portas em 2016, junto com a estrutura.

“Depois disso, 22 hotéis fecharam as portas na cidade e outros, médios e grandes, estão trabalhando na corda bamba, tendo prejuízos. 90% das empresas estão trabalhando no vermelho, sobrecarregadas. Só o IPTU do Othon era de R$ 2 milhões por ano. Não acredito que a reabertura do Fasano vai compensar o fechamento do Othon, já que haverá ainda déficit de leitos, além de serem locais que ficam em diferentes regiões da cidade e o perfil do cliente do Fasano é de alto poder aquisitivo”, analisou o presidente.

Ainda segundo o dirigente, o impacto com o fechamento é o pior possível, e não apenas para o turismo, mas também em pouco mais de 50 atividades econômicas que se beneficiavam com essa movimentação, a exemplo de shoppings, material de construção e outras empresas. Hotéis em regiões próximas como Barra e Pituba também poderão ser afetados, já que muitos hóspedes que participavam de congressos no local utilizavam outros equipamentos como ponto de apoio. “O sentimento é lastimável, uma vez que se trata de um hotel que é um dos ícones da cidade. Toda essa situação traz uma má impressão para Salvador”, comentou Lemos.

NEGOCIAÇÕES

Quem também lamentou o fechamento do Bahia Othon Palace foi o Secretário municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco. Mas, de acordo com ele, este processo não deve ser analisado do ponto de vista da antiguidade do equipamento, mas sim pela quantidade de leitos que deixarão de existir.

“É uma perda significativa. Por outro lado, em qualquer cidade turística no mundo existe a necessidade de renovação, o que aconteceu na cidade nos últimos 10 anos, com a incorporação de uma série de hospedagens, sobretudo, na área de negócios, principalmente na Avenida Tancredo Neves, além do movimento que se instalou no Centro Histórico de Salvador, com o Fera e o Fasano”, destacou.

Ele espera, porém, que diferentemente do Salvador Praia Hotel e do Pestana, atualmente fechados, o Othon seja vendido a uma nova bandeira hoteleira o quanto antes. “E que ele venha não só reabri-lo, mas, sobretudo, reformar o hotel e oferecer de volta um equipamento importante para o turismo de Salvador”, ressaltou.

Conforme Tinoco, várias foram as tentativas de conversas entre a gestão municipal e a rede desde o anúncio do fechamento do equipamento. Mas, não houve retorno por parte do grupo. Ele acredita que uma negociação possa estar em curso quanto a venda do hotel, além de estarem tomando providências para diminuir qualquer passivo que possa ser transferido para os novos donos. Ainda de acordo com o gestor, havia reservas feitas até o mês de abril de 2019 no espaço.

“O Othon está tendo uma atitude de total omissão ou, pelo menos, de restrição de informações sobre, primeiro, os reais motivos que os levaram a fechar as duas unidades, tanto de Salvador, quanto de Belo Horizonte. E, mais do que isso, não nos deu a oportunidade de, conhecendo estas justificativas, oferecer qualquer que fosse a possibilidade de contribuirmos para que a viabilidade da manutenção do hotel operado por eles fosse mantida”, explicou.

O titular da Secult explicou que a Prefeitura vem dando incentivos fiscais, nos últimos seis anos, através de dois programas: o Revitalizar e o Programa de Incentivo ao Desenvolvimento Sustentável e Inovação (PIDI). Eles concedem descontos nos tributos municipais, entre eles IPTU e ISS, para que haja a recuperação e reforma de imóveis na cidade, para que a atividade de hospedagem seja dinamizada em áreas como Centro Histórico, Cidade Baixa e Barra.

Por outro lado, ele garantiu que o Carnaval não será prejudicado no circuito Barra-Ondina. “As informações são a de que o contrato com o camarote Planeta Band está mantido e vai ser realizado. A Prefeitura não tem nenhum interesse em viabilizar este camarote para o Carnaval de 2019. A única coisa que o Prefeito ACM Neto já designou a mim e ao presidente da Saltur, Isaac Edington, é que a gente monitore essa postura do Othon e que não vamos aceitar que o equipamento, uma vez fechado definitivamente, sem ser reaberto por um novo grupo, permaneça ali como uma ruína, como um imóvel abandonado, servindo apenas ao Carnaval, ao contrário do que ocorria em gestões passadas, ainda mais com o investimento público que está sendo feito para a requalificação da orla”, pontuou Tinoco.

A reportagem da Tribuna da Bahia tentou entrar em contato com o Secretário de Turismo do estado, José Alves, mas não teve sucesso. Fonte: Tribuna da Bahia.

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