Lavagem do Bonfim movimenta o turismo no verão da Bahia

Por Geraldo Gurgel

O carnaval é somente em março, mas em meados de janeiro já se ouvem os toques dos tambores que aquecem o verão de Salvador. Um dos principais marcos desse “esquenta” é a tradicional lavagem das escadarias da Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, ritual que é a cara da cidade: mistura o sincretismo religioso ao caráter festivo que só a Bahia tem.

16.01.2019 fitasrdobonfim marciofilho


Ao fim da lavagem das escadarias, turistas amarram no braço fitinha de lembrança do Senhor do Bonfim ou amarram-as nas grades de proteção da igreja, junto com seus pedidos ao santo. Crédito: Márcio Filho/MTur

A Lavagem do Bonfim, que começa às 10h desta quinta-feira (17), é a segunda maior manifestação popular do estado, atrás apenas do próprio carnaval de Salvador. O cortejo de 8 km, puxado por baianas do candomblé vestidas em trajes típicos, começa na Igreja da Conceição da Praia e passa pelas ruas do Comércio e Cidade Baixa, seguido por grupos religiosos, artísticos, culturais, famílias e milhares de turistas. É comum, ainda, a participação do público que está embarcado em escunas e lanchas distribuídas pela Baía de Todos os Santos.

A caminhada termina na Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada, onde os vasos com água de cheiro – conduzidos por baianas vestidas de branco, usando turbantes, saias engomadas, braceletes e colares – são despejados sobre a escadaria. O branco é a cor de Oxalá, o Deus Yoruba sincretizado como o Senhor do Bonfim da Igreja Católica. Já o traje oficial do público, o ‘kit lavagem’, conta com camisa e boné brancos e garrafinha de água para hidratação. Após a visita, o turista costuma amarrar uma fitinha colorida no braço como lembrança ou deixá-la nas grades de proteção da igreja, junto com seus pedidos ao santo.

O feriado, que atualmente reúne uma multidão estimada em mais de um milhão de pessoas, só perde em movimentação e agito para o carnaval. O ato ecumênico é realizado ao som de cânticos afro-religiosos desde 1773, quando os escravos foram obrigados a lavar a igreja, pela primeira vez, preparando o local da festa. Posteriormente, os seguidores do candomblé adotaram a Lavagem do Bonfim como parte do ritual das Águas de Oxalá, mas por imposição da igreja, as portas eram fechadas e o ritual saiu de dentro do templo, ficando restrito ao adro e escadarias. Já a devoção ao Senhor do Bonfim vem desde 1754, anterior à construção da igreja, quando a imagem de Jesus Cristo crucificado chegou à Salvador, na época a capital do Brasil Colônia, trazida pelos portugueses.

SAGRADO E PROFANO – Após a lavagem, a festa popular continua com batucadas, comidas e bebidas típicas no Largo do Bonfim, entrando pela noite nas ruas e clubes de Salvador. Vários eventos públicos e privados comemoram a data com muita música e axé, como a tradicional Enxaguada do Bonfim, comandada por Carlinhos Brown.

A festa religiosa, iniciada no último dia 10, só termina no domingo (20), dia de Nosso Senhor do Bonfim. A data da comemoração é móvel e sempre ocorre na segunda quinta-feira após o dia dos Santos Reis, celebrado no último dia 6.

Fonte: Agência de Notícias do Turismo

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