Por Jordânia Freitas
Do Farol da Barra ao Pelourinho, Salvador está repleta de visitantes neste verão. A estimativa é de que 3,7 milhões de turistas passem na cidade até o final de março, segundo a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult). No entanto, o assédio de vendedores de fitinhas do Bonfim e artesanatos, de baianas tipicamente trajadas e pedintes tem causado desconforto para muitos visitantes.
De licença maternidade, a paulista Simone Camilo (38) conta que decidiu de última hora conhecer a capital baiana. Hospedada em Itapuã, juntamente com sua filha de quatro meses e sua mãe, a professora começou ontem o roteiro de passeios pelos pontos turísticos da cidade.
Porém, ao chegar em frente ao Elevador Lacerda, na Praça Municipal, um morador de rua visivelmente drogado parou a família e pediu dinheiro. Antes disso, um vendedor de colares artesanais também ofereceu o produto, já colocando o acessório no pescoço da mãe de Simone.
“É desagradável, porque eu não gosto de ser abordada. Temos que ter liberdade para fazer as coisas. E às vezes a gente se sente pressionado pelo outro. Essas pessoas acabam meio que coagindo a gente”, opinou a professora.
Além do constrangimento para comprar o colar e do desconforto de ser abordada pelo mendigo, Simone também se mostrou preocupada em ser vítima de algum tipo de violência. “Ele estava drogado, com mau cheiro, falando o tempo todo e tentando tocar na minha filha, então naquele momento eu temi pela segurança de todos”, completou.
Pintura
“Não quero, não. A gente não é turista, moramos aqui”, disse o segurança George Wogeley (43), ao dispensar um homem que oferecia pintura corporal, similares às utilizadas pelos músicos da Timbalada, também na região do Elevador Lacerda.
Natural de Recife, George vive em Salvador desde a infância e estava acompanhando o primo cearense em um tour pela cidade. “Ás vezes eles abordam numa boa, mas tem uns que sufocam. A gente diz que não que e eles insistem”, lamentou.
O próprio pintor dispensado por George, Josuel dos Reis (28), revela que além da venda ostensiva, também há casos de extorsão de turistas por parte dos colegas. “Tem pintor ‘timbaleiro’ que extorque. Ele não pergunta ao turista e já vai metendo o pincel. Depois que pintou ele diz que é R$20, R$30 e até R$50. Eu cobro a partir de R$10 e sempre falo o preço e pergunto antes de pintar”, afirmou Josuel.
Foto
No Cruzeiro de São Francisco, no Pelourinho, o cenário não é diferente. Por lá, muitas baianas tipicamente trajadas se oferecem para tirar fotos com os turistas. Pela primeira vez em Salvador, a mineira de Uberlândia, Lizandra Santos (30), enumerou que em um trajeto menos de dez metros foi parada por quatro pessoas, ontem, no Pelourinho. “A gente nem conseguiu olhar nada direto. Desde que a gente desceu do Uber estão parando a gente para oferecer coisas. Fomos ao Bonfim, Barra e Rio Vermelho, mas aqui tem sido o pior lugar nesse quesito”, avaliou.
Lizandra pontuou que uma baiana se ofereceu para tirar uma foto com ela e sua esposa, Dafne Flates (42), e que inicialmente elas se recusaram. Diante da insistência, a fotografia foi tirada, mas a baiana não gostou de ter recebido apenas R$7 como pagamento. “Ela não deveria cobrar nada, tinha que aceitar o que a gente dá. Eu falei que só tinha R$7 e ela respondeu que custava R$10 e aceitava cartão. Quando viu que não tinha ela ficou chateada e respondeu que deixaria por R$7, já que não tinha jeito”, lamentou. Fonte: Tribuna da Bahia.