Aeroporto de Salvador está classificado entre os piores do país

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Por Lício Ferreira

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O aeroporto de Salvador está classificado entre os piores do país, com nota – 4,25, segundo Pesquisa de Satisfação de Passageiro realizada pela Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura no ano passado. O melhor terminal do país é o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP); enquanto o Internacional Luiz Eduardo Magalhães supera em ruindade aos de Cuiabá, Fortaleza, Belém e Florionópolis.

Em entrevistas, nesta quinta-feira 14, com passageiros e acompanhantes de menores, realizadas pela manhã, e supervisionadas, de perto, por um preposto da Assessoria  de Comunicação da Vinci Airports, a insatisfação pela  qualidade do equipamento ficou mais que patente. Cristalizou-se.

“A situação do nosso aeroporto é terrível. Ele está totalmente atrasado e – para o que apresenta – está até bem classificado. Para uma cidade turística como a nossa, é realmente uma vergonha, quando o equipamento deveria ser uma referência em conforto e bom atendimento”, afirmou o empresário baiano Mateus Lima Souza, 36 anos, que estava aguardando vôo para Vitória do Espírito Santo.

MELHORIA GRADATIVA

Secretário Municipal de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco reconhece que, por estar realizando obras tão amplas, o aeroporto não pode ser comparado com outros equipamentos já consolidados, como o de Brasília, Guarulhos e Viracopos. “Prefiro fazer uma análise dele com ele mesmo. A satisfação dos usuários nesta pesquisa foi de quase 10%, em relação ao ano anterior. A satisfação foi a maior entre todos os aeroportos do país. O de Salvador saiu de 3,88% em 2017 para 4,25% em 2018, atingindo 9,5% de satisfação, ou seja, quase 10%”, comenta.

Tinoco diz, ainda, que este indicador positivo demonstra que os usuários tiveram uma melhor satisfação mesmo com as obras em andamento. “A expectativa que temos, é de com os avanços das obras; a desobstrução de áreas, no próximo ano (2020) o nível de satisfação entre os usuários será crescente”. O secretário municipal de Cultura e Turismo aposta ainda que o equipamento modernizado vai alavancar ainda mais o turismo na cidade, que está recebendo desde dezembro até março vindouro cerca de 3,7 milhões de turistas.

Completando suas observações o gestor municipal frisa: “Agora está sendo realizada uma reestruturação total do equipamento, inclusive, com a construção definitiva da pista auxiliar, que não tinha nem condição de receber qualquer pouso noturno. São obras em todo o sítio do aeroporto; obras estruturantes e definitivas que quando estiveram encerradas, aí sim, poderemos comparar o aeroporto de Salvador com qualquer outro do país. E os níveis de satisfação dos usuários vai, com certeza, extrapolar”, finaliza.

UM DOS PIORES

Acompanhando o embarque do neto Mateus Leal, que seguia viagem para Brasília, o aposentado Ivo Bernardes de Freitas,  61 anos, foi ainda mais incisivo nas críticas. “Na minha avaliação, ele é um dos piores que já entrei. Aqui, tudo é muito caro; o desembarque é lento; o ar condicionado está péssimo; e o wi-fi não funciona”.

Também seguindo no mesmo vôo para Brasília, o aposentado Daniel Marques, 72 anos, fez uma avaliação comparativa com os demais aeroportos do Brasil. “Os outros aeroportos, com o evento da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, melhoraram. Enquanto o de Salvador ficou estagnado no tempo sem receber as melhorias da modernização. Veja você: o Verão está em pleno vapor com vôos chegando, diariamente, da Argentina, Uruguai, Paraguai e de outros países mais distantes, e o aeroporto não oferece condições de modernização”.

Disposto em dizer muito mais, em relação a outros entrevistados, o brasiliense completou: “Eu venho há quase trinta anos a Salvador. E confesso que este aeroporto mudou muito pouca coisa, de lá para cá. Não há nada de destaque tanto na praça de alimentação quanto nas lojas de souvenirs. Por isso, tem que ser tomada alguma providência urgente para garantir a posição de destaque a nível nacional e internacional que Salvador ostenta” .

REDUÇÃO DAS FILAS

A advogada Rosilene Cunha Nascimento, 54 anos, acompanhava o filho Bruno e a nora Sumaia no retorno à Brasilia. Disse não ter uma noção exata dos propósitos do novo operador do aeroporto de Salvador para melhorar a qualidade dos serviços prestados. E adiantou: “Para almejar uma melhor colocação, o ideal seria que eles começassem a reduzir o número das filas no check-in. Hoje, não é nem um dia movimentado, e as filas estão enormes”.

Técnico em Mecânica, Aleandro Rogério Neves, 45 anos, natural de São Paulo, foi mais claro nas suas observações. “Percebo que o aeroporto passa por reformas. E como toda reforma, é óbvio que traz desconforto para quem está usando o mesmo espaço. Eu mesmo tive que deixar um local, onde estava, pela proximidade com a poeira das obras. Gostaria de sugerir aos construtores, que ofereçam mais pontos de energia, onde os equipamentos eletro-eletrônicos possam ser recarregados e que aumentem o número de assentos para as pessoas, na área de desembarque”.

Líder em Segurança Empresarial, o paulista da cidade de Registro, Welton Santana, 36 anos, não fez comentários diretos sobre o equipamento. Preferiu valorizar a hospitalidade dos baianos, o que o deixa feliz. “Sinceramente eu me sinto muito bem à vontade aqui. O povo recepciona bem e isto é o que todo viajante deseja receber, quando chega na cidade. Gostei da praça de alimentação e das lojas pela diversidade de produtos que nos oferecem. É tudo a cara da Bahia”.

NOTA DA VINCI

O aeroporto Luiz Eduardo Magalhães foi arrematado na última rodada de leilões realizada pelo Governo Federal em 2016.  A companhia francesa Vinci Airports conquistou a concessão e começou a operar integralmente o terminal no início de janeiro 2018, substituindo a estatal Infraero.

Em nota enviada á Tribuna da Bahia, a Ascom disse que o principal foco da Concessionária é possibilitar uma experiência mais agradável aos passageiros em suas passagens pelo Aeroporto de Salvador. “O posicionamento no ranking é apenas uma consequência do trabalho que estamos realizando. Em 2017, antes de assumirmos a gestão do equipamento, o aeroporto era o último colocado nesta mesma pesquisa, o que nos mostra que as melhorias estão começando a ser percebidas. Mesmo com o Aeroporto em obras – o que causa alguns impactos no terminal -, alcançamos uma evolução no que se refere à satisfação dos passageiros”, informa.

“Além disso, a média anual de crescimento do índice de satisfação de passageiros foi de 9,5% entre os anos de 2017 e 2018, mostrando a importância dos investimentos em treinamento de funcionários e comunidade aeroportuária, da ampliação do diálogo com os sub concessionários, da revisão de processos e da implantação de sistema de qualidade de serviços”.

E acrescenta: “Entendemos que ainda há pontos a serem melhorados e que precisamos trabalhar muito para oferecer um aeroporto que atenda bem às necessidades de baianos e turistas. Acreditamos que ao longo do tempo, com a conclusão das obras de modernização e ampliação e a consolidação de processos, os passageiros e demais usuários contarão com um serviço e uma infraestrutura que proporcionem uma jornada mais agradável dentro do Aeroporto”.

E apressa-se a dizer: “A partir do mês de abril, com a troca da Central de Água Gelada, os passageiros passarão a sentir uma melhora no conforto térmico. Elevadores e escadas rolantes serão substituídos no final do mês de março por equipamentos mais modernos. Treze conjuntos de banheiros também serão entregues para os passageiros até 31 de outubro de 2019”.

DESEMPENHO GERAL

Ainda conforme a Pesquisa de Satisfação do Passageiro, realizada pelo Ministério da Infraestrutura, o Aeroporto Internacional de Salvador, aumentou em um ano 7,3% o seu desempenho em relação ao mesmo período do ano passado, segundo os resultados do 4º trimestre de 2018. A nota do aeroporto passou de 3,91 para 4,19, considerando a escala de 1 a 5, onde 1 é “muito ruim” e 5 é “muito bom.

A cordialidade do terminal baiano ficou entre os destaques, atingindo as maiores notas nos itens “cordialidade do funcionário da aduana”, com 4,69 e “cordialidade e prestatividade dos funcionários do check-in”, com 4,68. Outro destaque foi a disponibilidade de transporte público para o aeroporto, que alcançou a nota de 4,50, evoluindo 15,4%. A disponibilidade de tomadas também obteve aumento de 27%, de acordo com a pesquisa.

Na opinião dos passageiros, o desempenho do terminal ainda é considerado ruim nas categorias “custo-benefício do estacionamento” (2,55), “custo-benefício dos produtos de lanchonetes/restaurantes” (2,89), e também “disponibilidade e localização de bancos/caixas eletrônicos/casas de câmbio” (3,30). A meta estabelecida pela Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero) é manter o índice acima de 4. Fonte: Tribuna da Bahia.

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