Carnaval é associado à festa. Festa já se associa a música. Música se associa a dança. A combinação desses fatores, para muitos foliões resulta em diversão, não sendo atoa que o período é um dos mais aguardados e badalados.
Porém, em meio à imagem viciada e, por vezes, desassociada da cultura, o carnaval ganha um tom mais pessoal em Pernambuco. Assim, desde a centenária manifestação dos blocos de Maracatu até grandes festas e eventos que mesclam a linguagem moderna ao tradicional.
O pré-carnaval pernambucano exaltou exatamente este aspecto que o torna único e distinto de outras regiões. E o melhor, foi apenas um demonstrativo do que esperar no fim do mês.
Carnaval 2018
A última edição do carnaval em Recife e região excedeu 2017. Ao todo, foram 1.707.879 de turistas contra 1.582.680 do ano retrasado. Assim, durante o período carnavalesco o estado movimentou R$ 1,6 bilhão, com a soma da capital pernambucana e os demais municípios do estado.
Para este ano, a expectativa da Secretaria de Turismo do Pernambuco (PE), é de ao menos igualar esse número. Porém, o secretario Rodrigo Novaes, aposta no sucesso da edição deste ano.
“Esperamos uma grande movimentação turística durante o Carnaval. Estamos cada vez mais atraindo mais visitantes de outros estados e apostando na nossa cultura para crescer”, destacou Novaes.
Maracatu da região da mata
O Maracatu tem origem centenária. Origem essa que se apresenta mais fortemente em Nazaré da Mata, a 67 quilômetros de Recife. A pequena e modesta cidade é o retrato de um pequeno vilarejo do interior. Poucos habitantes, com pequenas casas e construções mais antigas no centro.
Porém, durante o carnaval, a cidadezinha recebe milhares de turistas da região que prestigiam os desfiles do Maracatu mais tradicional do estado.
Assim, o Maracatu é uma manifestação que se apoia fielmente à tradição, que deve ser respeitada. Um “mestre” conduz o bloco formado por 30 a 50 pessoas, com cantos improvisados e entoados em dueto. Bloco este semelhante aos tradicionais do carnaval.
Porém, em meio a multidão se destacam os caboclos da lança, que levam ponchos carnavalescos, um grande chapéu de fios coloridos empunhados de uma lança, também com fios pendurados. São um grande símbolo do Maracatu que, aliás, une trabalhadores rurais, que são incentivados pela tradição, e toda a população local.
“O Maracatu é tudo pra mim. Já viajei o mundo e gravei CDs através dele. É uma coisa indescritível onde quem entra não consegue mais sair”, João Manoel dos Santos, conhecido como João Paulo (por ser o papa do Maracatu), mestre do Leão Misterioso, é um dos mais antigos praticantes do estilo, sendo o professor de diferentes mestres mais jovens.
Apesar de dispostos e criteriosamente seguirem as tradições, os praticantes do Maracatu pedem apoio. De acordo com alguns mestres, algumas fantasias chegam a custar mil reais para serem produzidas. O retorno, porém, fica bem a baixo disso.
“Temos uma dificuldade de incentivo muito grande. Porém, maior que a dificuldade, é a beleza do Maracatu e nosso interesse de manter essa cultura viva, que sempre nos dá forças para continuar.”
O depoimento do mestre Manoel Carlos de França, o Barachinha, é partilhado entre todos os mestres, que clamam por incentivos maiores do estado de Pernambuco para manterem a festa.
O homem da meia-noite e os bonecões de Olinda
Olinda é um dos maiores estandartes do carnaval de Pernambuco. Os bonecos gigantes, característicos e marcantes tomam as ruas e ladeiras da cidade todos os anos.
O mais marcante deles é o Homem da Meia-noite, o bonecão “pai” com 87 anos de existência que, toda vez que sai do clube onde fica o ano inteiro aguardando e sendo preparado para os desfiles, atrai milhares de pessoas, que tomam as ladeiras de Olinda, formando um tapete humano, aguardando a saída do gigante, exatamente à meia-noite, marcando o início das festas.
Há alguns anos, o tradicional desfile passou a ser transmitido em rede nacional através da televisão. O resultado foram ainda mais pessoas tomando as ruas de Olinda, o que pode provocar algumas mudanças no futuro.
“Pensávamos que com a exposição que ganhamos na TV, as pessoas iriam preferir assistir de casa. Mas foi o contrário. Foi mais divulgado e cada vez mais pessoas estão vindo. Se continuar crescendo assim, daqui uns três anos teremos que mudar de local de saída”, destacou o presidente do Clube Carnavalesco de Alegoria e Crítica O Homem da Meia-Noite, Luiz Adolpho.
As centenas de bonecos compõem os desfiles que contam ainda com muita dança do tradicional frevo, marcados pelos passos com os pequenos guarda-chuvas coloridos (que têm uma história peculiar por trás).
A Casa dos Bonecos Gigantes em Olinda é uma grande exposição de diferentes bonecos que já desfilaram nas ruas da cidade durante o carnaval. Conferir de perto, conhecer a história e se dar conta que os bonecões são ainda maiores pessoalmente, marcam a visita à cidade.
Folia em terra e mar
Em Recife as ruas já foram tomadas pelo carnaval. Em uma ação da prefeitura do município, pequenos blocos estão divulgando a formação de um aplicativo, para Android e iOS, que exibe informações como horários e informações dos principais blocos de rua da capital.
Porém o destaque não está nas ruas, mas nos mares. Recife conta com uma opção de aproveitar um pequeno bloco carnavalesco a bordo de um catamarã. Assim, carnavalescos e foliões festejam enquanto a embarcação transita debaixo de pontes e próximo a diferentes marcos da cidade, regado a musica e dança.
Festa com toque pernambucano
As manifestações culturais de Recife, Olinda e Nazaré da Mata não se atém apenas aos blocos de rua. As festas e shows de Pernambuco, que reúnem turistas mais jovens, abraçaram essas características e hoje fomentam as apresentações com um combinado de grandes nomes e cultura pernambucana.
Um movimento que se iniciou com a Carvalheira, a marca conhecida pela produção de cachaça artesanal, a marca expandiu para os eventos, que hoje tem a frente Victor Carvalheira e Jorge Peixoto, responsáveis pelo segmento na empresa. Eventos estes que se tornaram conhecidos pela qualidade da produção que criaram, inclusive, o termo “padrão Carvalheira”.
“Nossa competição costumava organizar shows e apresentações trazendo nomes grandes e conhecidos. Para nos diferenciarmos, começamos a abrir nossos eventos com um artista local de Pernambuco, o que foi bem aceito e se tornou nossa marca na região”, destacou Peixoto.
A empresa, aliás, está expandindo os negócios. A próxima parada é São Paulo, que recebe o Carnaval na Cidade. Serão três de shows (de 2 a 4 de março), com destaque para a participação da cantora Anitta.
“Em São Paulo queremos trazer um aspecto cultural do estado, da mesma forma que buscamos fazer com nossos eventos em Pernambuco, além de querermos manter o nosso conhecido padrão de qualidade”, afirmou Victor Carvalheira.
Fonte: Brasilturis