Trade animado com o turismo baiano pós-Carnaval

Por Yuri Abreu

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Com um índice médio de quase 98% de ocupação hoteleira em Salvador durante o Carnaval, as expectativas, tanto do trade turístico, quanto dos gestores públicos, cresceram com relação a presença dos turistas no período de baixa estação. E não apenas os de turismo – o ponto forte da cidade – mas também àqueles de segmentos como os religioso e de negócios.

Nos últimos seis anos, pelo menos, a capital baiana viu cerca de 30 hotéis fecharem as portas, entre eles unidades de renome e com história na cidade como os Hotéis Pestana, no Rio Vermelho, e Othon Palace, em Ondina. Isso sem contar o Centro de Convenções estadual, desativado desde 2015.

Um verdadeiro baque para uma indústria que representa 20% do Produto Interno Bruto (PIB) de Salvador e 7,5% do mesmo índice no estado da Bahia. Conforme Silvio Pessoa, Presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (FeBHA), a cidade deixou de arrecadar cerca de R$ 1,2 bilhão em receitas nesse período por conta da ausência do equipamento.

Contudo, algumas ações vêm trazendo uma nova vida para o setor. Em agosto de 2017, como forma de voltar a dar brilho a Rua Chile – que já foi considerada, outrora, a principal de Salvador – foi reaberto o Palace Hotel, sob a bandeira “Fera”. Já em dezembro do ano passado, foi a vez do “Fasano” abrir a sua unidade na mesma região, no local onde funcionou a antiga sede do jornal A Tarde.

Em janeiro deste ano, a construtora pernambucana Moura Dubeux obteve liberação da atual gestão municipal para iniciar a reforma do imóvel onde funcionava o Salvador Praia Hotel, localizado em Ondina, e que está fechado desde 2009. No local, será erguido um misto de condomínio residencial com apart hotel. Além disso, a mesma empresa vai investir na requalificação da área em volta.

Além disso, há também muita expectativa com relação a inauguração do novo Centro de Convenções municipal, o que deve acontecer até o final deste ano, na área onde funcionou o antigo Shopping Aeroclube, no bairro da Boca do Rio. Para 2020, o equipamento pode sediar eventos nas áreas de educação, medicina e hotelaria.

Neste mês de março, a Prefeitura lança o edital de concorrência para concessão e exploração do espaço. A empresa vencedora do certame poderá explorar o local por 25 anos. Segundo a Prefeitura de Salvador, as obras do futuro equipamento estão dentro do cronograma. O novo Centro terá uma área de 103 mil m².

Por outro lado, o Governo, através da Secretaria de Turismo (Setur), também tem buscado realizar ações para minimizar os impactos neste período de baixa estação. Além do projeto “Bahia descobre a Bahia”, para incentivar o turismo de baianos dentro do próprio estado, tem buscado, em feiras pelo Brasil e pelo mundo, negociar a atração de novos voos para a Salvador.

De acordo com o subsecretário da pasta, Benedito Braga, o cenário também deve começar a mudar com a definição do local do novo Centro de Convenções estadual – as opções são a construção ou no Comércio ou no Parque de Exposições. Com relação a atração de novos empreendimentos, ele destacou que algumas empresas tem demonstrado interesse em construir unidades hoteleiras no estado. “O que aconteceu com o Othon, em Salvador, também ocorreu em outras cidades onde a rede tem presença. É uma questão dinâmica, já que uns fecham e outros surgem”, comentou.

Ocupação na baixa estação deve ser de 60%

Um dos que tem demonstrado otimismo com o futuro do setor hoteleiro na cidade é o presidente do Salvador Destination, empresa que fomenta o turismo na capital baiana, Roberto Duran. De acordo com ele, a expectativa é a de que a ocupação hoteleira em Salvador, no período de baixa estação, fique próximo dos 60%.

“Nós, claramente, melhoramos a abordagem dentro do turismo de lazer. Só que agora é o momento do turismo de negócios. E isso é um problema porque Salvador ainda não tem o seu principal equipamento para suprir essa demanda que é o Centro de Convenções. Apesar dessa expectativa, ainda estamos muito aquém da capacidade que a cidade tem em alavancar esta ocupação, quando tivermos esse equipamento”, avaliou. Atualmente, a capital baiana possui alguns espaços que comportam eventos cuja capacidade varia entre 2 mil e 2.500 pessoas, a exemplo do Fiesta Hotel, no Itaigara.

Mas, segundo o dirigente, os números registrados neste último verão podem fazer com que a cidade inclusive possa recuperar, em longo prazo, empreendimentos que tiveram o funcionamento descontinuado ou atrair novos do ramo. “Isso é um sinal positivo. Mas não é uma coisa de curto prazo”, alertou.

Por outro lado, ele ressaltou que a atual gestão municipal precisa regulamentar os chamados aplicativos de hospedagem. Conforme Duran, há uma concorrência desleal entre estes e as unidades hoteleiras aqui no município. “Nós temos hoje, em Salvador, em torno de 15 mil apartamentos do Airbnb que concorrem diretamente com os hotéis. Isso corresponderia a cerca de 100 hotéis abertos nos últimos dois anos. Os hotéis, hoje, têm um custo Brasil pesado e que concorrem com as plataformas digitais que não pagam nenhum imposto”, pontuou.

CONTINUIDADE

Neste ano, a capital baiana será uma das cinco sedes brasileiras da Copa América, evento futebolístico que terá a participação de dez seleções sul-americanas e outras duas do continente asiático. O evento ocorre entre os meses de junho e julho e capital baiana vai receber cinco partidas. Para Sílvio Pessoa, o torneio também deve impactar positivamente na ocupação hoteleira no meio do ano aqui na cidade.

Mas, de acordo com ele, é importante que tanto estado, quanto município, continuem com as ações voltadas para o setor. “Salvador está bonita, arrumada e na moda. Mas nós precisamos cobrar deles para que façam ações, principalmente o Estado. Esperamos que o novo secretário Fausto [estadual de turismo] entenda a importância das mídias digitais”, apontou.

Já questionado se os números registrados no Carnaval, aliados a presença de dois empreendimentos de porte no Centro Histórico da capital, como o Fera e o Fasano, poderiam atrair novos empreendimentos do setor hoteleiro da cidade, Pessoa apontou outro caminho a ser adotado. “Acredito que agora não seja o momento para novos hotéis. Ano passado, nós tivemos uma ociosidade de 40%. Quando nós tivermos entre 85% e 90% de média anual, aí sim. Agora é importante a modernização e a reforma dos equipamentos atuais que estão em funcionamento”, disse. Fonte: Tribuna da Bahia.

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