Por Zaqueu Rodrigues
Na tarde desta quinta-feira (4), cinco especialistas de diferentes áreas do turismo subiram ao palco do Inpire Theatre, espaço de debates e palestras da WTM Latin America America, para abordar um dos temas mais urgentes e, quiçá, mais caros à industria do turismo mundial: a emissão de Carbono.
“O turismo é um monstro que responde por 11% do PIB Mundial e um monstro da poluição, responsável por 10% da emissão de CO2 do planeta”, afirmou o diretor de desenvolvimento de produtos e destinos da Adventure Travel Trade Association (ATTA), Gustavo Timo.
Gustavo ressaltou que as empresas precisam rever suas práticas negativas. E justificou: “A mudança climática impacta fortemente o turismo, em especial o de aventura, que representa 30% do faturamento mundial do setor. As soluções para esse tema tão complexo são coletivas e englobam tanto as grandes quanto as pequenas empresas”.
O tema é urgente e as empresas não podem mais perder tempo, reforçou a chefe de projetos da agência peruana Condor Travel Alessia Kosmehl. “Precisamos rever nossas práticas, dimensionar nossos impactos, seja como viajante ou como empresa”.
Precisamos, como empresa, assumir a responsabilidade e implementar uma área social para ter a dimensão de seus impactos. “É fundamental desenvolver mecanismos para que os viajantes compreendam os impactos que ele produz durante a viagem – seja no transporte, na alimentação, na higiene…”
“As empresas têm que reduzir as suas ações negativas. Para isso, precisam pensar cada processo, como quantas árvores estamos matando para usar papel. A comunicação da empresa precisa cumprir esse papel de conscientizar. Precisamos reciclar e, mais, ser sustentáveis, pois isso vai reduzir os gastos”, concluiu a profissional.
O consultor da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR), Rogerio Benevides, disse que a mudança climática é assunto inquestionável na aviação. “Neste ano, iniciamos um inventário do uso de combustível. O Brasil possui todas as condições para produzir combustíveis sustentáveis e precisamos avançar. É o nosso compromisso”.
Professor e diretor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Marcos Silveira apresentou um panorama internacional dos desafios quando o assunto é a sustentabilidade. “A nossa situação é bastante complicada”, alertou ele durante a sua apresentação.
O professor explicou que o Brasil precisa adotar algumas medidas urgentes como “modernizar as indústrias, aumentar a autonomia dos municípios, ampliar o uso do etanol, ampliar a captação de energia renovável como solar, combater o desperdício, parar as queimadas e recuperar as florestas nas áreas de bioma como a Amazônia”.
Marcos apresentou uma série de impactos caso isso não avance. Entre eles está a intensidade de ondas de calor e crise hídrica nos ambientes urbanos, encurtamento de inverno e prejuízo ao turismo, diminuição da biodiversidade e afetação do turismo de aventura no mundo todo.
O professor destacou que as emissões de CO² ligadas ao turismo podem chegar a até 5% das emissões mundiais, e a estimativa é a de que aumente até 130% até 2035. “No que concerne às mudanças climáticas, este é o calcanhar de aquiles do turismo”, finalizou.
O caminho para diminuir os impactos negativos perpassa todos os setores do segmento e a responsabilidade é de todos, da empresa e do viajante, destacaram os especialistas. Fonte: Diário do Turismo; Foto: Divulgação.