Cancelamento de voos da Avianca afeta turismo baiano

Resultado de imagem para voos da avianca salvadorPor Licio Ferreira e Poliana Antunes

A companhia aérea Avianca – que está em processo de recuperação judicial – foi a grande ‘vilã’ do turismo do Estado da Bahia e, em especial, da cidade de Salvador, neste feriadão de Semana Santa. Ao deixar os seus clientes, totalmente inseguros, sobre a quantidade de vôos a serem realizados, a companhia acabou frustrando viagens de quem já havia se programado e afastando, de vez, centenas de turistas que pretendiam, neste período religioso, visitar o Estado e, por extensão, conhecer alguns destinos turísticos do território baiano.

“Estamos fechando a Semana Santa com uma taxa de ocupação de 56% dos leitos na capital baiana. No primeiro dia do feriado tivemos uma ocupação de 50%; no segundo, de 60%; e no 3º e último, de 57%. O que dá a média do que anunciamos”, afirma  o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Sílvio Pessoa.

Direto de Fortaleza, onde se encontrava, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Glicério Lemos lamenta: “Nossa expectativa era de uma ocupação entre 60 e 70% dos leitos, com os turistas desfrutando do conforto de nossas hospedagens”. Ambos (Sílvio e Glicério) recordam que, no ano passado, “a Páscoa já foi ruim no que diz respeito à ocupação dos leitos dos hotéis. Porém, o que vai nos prejudicar daqui p’ra frente, com certeza, será a ausência da Avianca”.

SAÍDA DA AVIANCA

Recentemente, na Câmara de Turismo da Fecomércio-BA, o diretor-presidente do Aeroporto Salvador Bahia, Júlio Ribas, apresentou um estudo detalhado do impacto da possível saída da Avianca do aeroporto baiano. Fazendo um apanhado geral das estratégias das principais companhias aéreas, em operação no Brasil, o executivo da Vinci Airports disse: “A Bahia perde 400 mil visitantes  e 2,1 milhão de passageiros por ano com a saída da Avianca”.

Segundo ele, a Avianca é a terceira companhia em número de passageiros trazidos para o Estado. “O fim de suas operações no aeroporto significa uma perda de R$ 57 milhões em ICMS de combustível para os cofres do Governo do Estado,” alertou Ribas, reiterando que, está nos planos do aeroporto oferecer incentivos às companhias aéreas que quiserem expandir o número de vôos para capital baiana.

Julio Ribas esclareceu, ainda, que na matemática da aviação, cada vôo diário doméstico gera, em média, 137.500 assentos, que trazem 33 mil visitantes ao ano para o Estado. Que, por sua vez, geram R$27,2 milhões para a economia baiana. Nos últimos dias, a empresa para decolar precisa fazer o repasse prévio das tarifas relativas ao vôo. Inclusive, existe uma ordem judicial que obriga a Avianca a normalizar o repasse das tarifas de embarque ao Salvador Bahia Airport. Fato este, já de conhecimento da Agência Nacional da Aviação Civil (ANAC), com quem a concessionária tem mantido contato permanente, a fim de reportar suas decisões.

OLIGOPÓLIO PREOCUPA

Preocupado com o oligopólio das três companhias de aviação em operação, o presidente da FeBHA, Silvio Pessoa enviou ao jornalista – via Zap – um documento para provar do que dizia: “Veja o preço desta passagem de IDA para São Paulo, pela Gol, terça-feira 21. Custa R$ 1.721,98. A saída de Salvador para Congonhas será às 04:05 com chegada prevista às 09:25 (menor tarifa por horário).A hotelaria não vai sobreviver com o oligopólio Latam e Gol”, disse resignado, ao tempo em que enviou uma cópia da passagem como comprovante. Por sua vez, o presidente da ABIH-Bahia,

O reforço imediato da reclamação veio de Glicério Lemos: “A Avianca nos atrapalhou muito neste feriado da Semana Santa. Precisamos urgentemente que se abram os céus do Brasil para novas empresas, que façam linhas internas, cobrando passagens mais baratas” O líder da hotelaria baiana voltou a destacar os esforços que a sua Associação, a nível nacional, vem realizando junto ao legislativo brasileiro para aprovar as mudanças na Lei Geral do Turismo.

“Ela já foi aprovada na Câmara de Deputados e agora está no Senado para uma avaliação final. São três propostas, que integram o pacote de medidas ‘Brasil + Turismo’. Um dos projetos cria a Agência Brasileira de Promoção do Turismo, a partir da atual Embratur (PL 7425/17); outro promove mudanças na Lei Geral do Turismo para definir novas atribuições do governo federal no planejamento, desenvolvimento e estímulo ao setor (PL 7413/17); e o último aumenta a participação do capital estrangeiro em companhias aéreas (Projeto de Lei 2724/15)”, sintetiza.

DEMANDAS ATENDIDAS

Ainda conforme Glicerio Lemos algumas demandas do setor estão sendo atendidas, “tais como a redução de 10% para 5% do total de quartos dos hotéis que precisam ser modificados para se tornarem acessíveis a pessoas com deficiência”. Outro tema em destaque, é tornar claro na lei, “que a taxa de direitos autorais do Ecad não deve ser cobrada sobre a utilização dos quartos dos hóspedes, mas apenas sobre áreas comuns”.

Nesses encontros em Brasilia, dos quais tem participado Glicerio revela que o presidente nacional da ABIH, Manoel Linhares, solicitou aos parlamentares que equiparem as regras de funcionamento das plataformas digitais de hospedagem às do setor tradicional. “Na hotelaria, nós geramos empregos, pagamos carga tributária, damos segurança ao nosso turista, mas hoje tem aplicativo aí que é o maior hotel do mundo, mas que não tem nem hotel e nem apartamento” informa.

Outra proposta, em discussão, e que também será bem-vinda na área de turismo, é para que novas empresas aéreas internacionais possam vir para o Brasil, abrindo o capital de 20% para 100%. “Consequentemente, vai baixar o preço da passagem aérea porque haverá uma concorrência maior, e o turista poderá fazer o turismo interno. O maior sonho do brasileiro é conhecer o Brasil”, disse Glicério Lemos para justificar, em seguida: “Se esta proposta for aceita não ficaremos mais reféns de duas ou três companhias de aviação, assim como estamos agora”.

DESATENÇÃO AO CLIENTE

Principal prejudicado por toda esta situação, um turista, que circulava, neste domingo 21, pelo Centro Histórico de Salvador, mas não quis se identificar, disse à jornalista Poliana Antunes que a sua viagem pela Avianca foi muito ruim. “Ela sofreu um atraso de uma hora e meia e, mesmo assim, eu não tive sequer o direito a uma refeição a bordo. Tampouco recebi qualquer informação sobre o motivo do atraso. So não desfiz da viagem porque vim abrir uma loja da Adidas. Se pudesse trocar a passagem, isto eu faria”, justificou.

Já a turista Ângela Almeida, 48 anos, aproveitou do período de baixa estação e também do feriado religioso para visitar o Estado. “Salvador é uma cidade de uma forte cultura religiosa, e agora estou aqui rezando, e tendo o privilégio de participar da Missa da Ressurreição, na Catedral Basílica, a primeira igreja do Brasil”, finaliza.

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