Por Lício Ferreira
Em razão da pane elétrica ocorrida no Aeroporto Internacional de Salvador – que afetou o sistema de iluminação da pista principal e não deixou condições de orientação para as aeronaves realizar pousos e decolagens -, as empresas aéreas prejudicadas agora vão exigir da Vinci Airports, empresa que administra o aeroporto, o ressarcimento das despesas com alimentação e hospedagem dos seus passageiros e tripulantes.
A TAP, Air Europa, Latam não externam, oficialmente, esta postura de cobrança para evitar possíveis constrangimentos das partes. Mas, respaldadas pela confirmação, por parte da própria Vinci Airports, de que a pista principal deixou de receber pousos e decolagens em virtude de problemas no balizamento, claro que vão em busca dos seus direitos. Ainda no informe distribuído na mídia, a Vinci esclareceu o seguinte: “Que mesmo tendo havido um problema na infraestrutura do aeroporto, a relação de consumo se dá entre companhias aéreas e passageiros”.
O problema na pista principal do Aeroporto Internacional de Salvador começou na tarde da última quinta-feira (20), por conta de problemas na iluminação de orientação para as aeronaves. E segundo a concessionaria do Aeroporto, só conseguiu ser sanado no último sábado (22). Única empresa a se pronunciar através de nota à imprensa, a TAP disse textualmente que “teve a sua operação no Aeroporto Internacional de Salvador prejudicada por defeitos recorrentes de pane elétrica que afetaram o sistema de iluminação de orientação do Aeroporto. O que também gerou transtornos aos passageiros que pousariam na cidade”.
HISTÓRICO
Na quinta-feira 20, o voo TAP teve que ser redirecionado para Natal e na sexta 21, os passageiros que vinham de Lisboa tiveram que pousar em Fortaleza. A TAP tem prestado toda a assistência necessária aos seus passageiros, como acomodações em hotéis e alimentação”. E acrescenta: “O voo que sairia de Lisboa com destino a Salvador, acabou tendo que ser atrasado devido a informações imprecisas quanto às condições de pouso do avião TAP, que é de grande porte, por parte da Vinci. Assim que a Vinci confirmar as condições necessárias, a TAP poderá retomar a operação normal de seus voos” informou a empresa portuguesa.
Através de nota à imprensa, a Vinci Airports esclareceu: “ Os voos internacionais usam aviões de grande porte, que só podem pousar e decolar na pista principal. Como a pista principal ficou fechada para restabelecimento do sistema de balizamento, eles não puderam pousar ou decolar no horário habitual. Porém, para minimizar os impactos aos passageiros, o Aeroporto abriu a pista principal durante alguns intervalos. Na sexta-feira, esteve aberta entre 06h e 8h30 e 13h30 e 15h. Já no sábado entre 9h e 10h15 e entre 16h10 e 17h10. A maioria dos voos domésticos pousou e decolou na pista auxiliar enquanto a pista principal ficou fechada”.
RESUMO
De acordo com a administração do terminal aéreo, o problema começou por volta das 15h47 e, até por volta das 22h, três voos que pousariam no local tinham sido redirecionados e dois que partiriam foram cancelados. O voo 3141 da Latam foi mandado para o aeroporto de Aracaju, o voo 0083 da Air Europa foi direcionado para Recife, e o voo TAP 0029 foi alternado para Natal. Conforme o aeroporto, como os voos da TAP e da Air Europa não passaram no terminal, as viagens dos passageiros que estavam no local e embarcariam neles foram canceladas. Após o problema, alguns dos passageiros afetados voltaram para casa e outros foram mandados para hotéis de Salvador.
Mais tarde chegou a informação que o engenheiro eletricista Elison Santos Barbosa estava realizando uma manobra operacional no aeroporto quando sofreu um choque elétrico. A morte do profissional foi constatada às 17h e, de acordo com o portal de notícias G1, ele era casado, tinha 35 anos e deixou um filho de quatro anos.
Lamentando o infortúnio, a Vinci Airports enviou a seguinte nota: “É com imenso pesar que a equipe do Aeroporto de Salvador informa que um funcionário de uma das empresas contratadas da área de manutenção faleceu após sofrer um choque elétrico durante uma manobra operacional. O funcionário foi atendido pela equipe de atendimento pré-hospitalar do aeroporto, encaminhado a uma unidade de saúde, mas não resistiu à descarga elétrica. Seu óbito foi constatado as 17h. Uma equipe do aeroporto está acompanhando o caso para dar o suporte que for necessário”.
INTERVENÇÕES
A Vinci Airports vem realizando a requalificação do aeroporto desde que assumiu a concessão do equipamento. Em notas à imprensa informava em maio passado que havia sido iniciada a última etapa de intervenções na pista principal do aeroporto. E que as melhorias seriam realizadas na parte central da pista e incluiriam sistema de drenagem, recapeamento e repintura da sinalização horizontal. “O objetivo é aumentar a segurança e se adequar às normas internacionais de aviação”. Hora nenhuma sinaliza a iluminação da via.
As intervenções na pista principal foram iniciadas em setembro do ano passado (2018) e divididas em três etapas. A primeira e a segunda contemplaram recapeamento, melhorias no acostamento e na sinalização horizontal, ajustes na faixa de pista e implantação da área de segurança de fim de pista (RESA) nas duas extremidades.
“Com as obras de requalificação na parte central, do dia 23 de maio até o final do mês de setembro, pousos e decolagens no Salvador Bahia Airport acontecerão na pista auxiliar (17/35) nas madrugadas de terça a sábado, entre 01h30 e 08h30. As companhias aéreas e autoridades do setor aeroportuário foram comunicadas da intervenção com antecedência, com o objetivo de minimizar possíveis impactos operacionais”, continua a nota da Vinci Airports.
REFORMADA
Ainda segundo a informação oficial da empresa, a pista auxiliar foi completamente reformada e está em perfeitas condições de operação da aviação comercial. A obra foi finalizada no começo de outubro de 2018 e permitiu que a 17/35 se tornasse apta a receber aeronaves de maior porte, cuja envergadura pode chegar a 36 m, como o Boeing 737 e o Airbus 320. “As mudanças estão em sintonia com as melhorias que vem sendo implementadas pela Vinci Airports na infraestrutura do Salvador Bahia Airport”, nome como eles denominam o Aeroporto Internacional Luiz Eduardo Magalhães.
Informações recentes citavam, claramente, que “uma das principais intervenções realizadas na 17/35 foi uma melhor delimitação da chamada área de segurança (RESA) no final da pista, que é uma área de escape com o objetivo de reduzir riscos de danos à aeronave em casos de pouso com toque antes da cabeceira ou ultrapassagem da cabeceira oposta. Algumas das outras melhorias feitas foram: a adequação da faixa de pista e da faixa preparada da pista de pouso e decolagem e implantação de acostamentos das principais taxiways”.