Por Eduardo Andreassi
Quando pensamos em Toscana, uma das primeiras coisas que vem à mente são suas paisagens deslumbrantes, arquitetura que atraem estudiosos e curiosos até os dias de hoje e sua gastronomia inigualável.
Pois é exatamente nessa região que encontramos a “nata” das melhores e mais famosas vinícolas no mundo inteiro – que foram passadas de geração em geração e permanece nas famílias e com o mesmo processo de elaboração até os dias de hoje -, deliciosos queijos e salames que harmonizam muito bem com a bebida de Baco, massas que somente os italianos sabem fazer e seus maravilhosos “dolci” (doces), que vão bem com vinhos, café ou outra bebida qualquer.
Uma ”gita” por Firenze, a capital da Toscana
Começando pela convidativa e deliciosa capital Firenze, ou vindo de alguma outra região via auto-estrada, ônibus ou trem, o prazer de admirar o cenário será o mesmo.
Florença – ou Firenze como os italianos chamam – é a capital da região da Toscana na Itália e mundialmente conhecida pela suas paisagens maravilhosas, tradições seculares, arte, gastronomia requintada, seus vinhos – entre os melhores do mundo – e povo hospitaleiro.
Firenze é rota obrigatória também para os historiadores, arquitetos, amante da alta costura e até dos curiosos. Suas paisagens, o jeito cativante de ser do italiano da Toscana e seus outros atributos já fazem com que começamos a pensar em quando iremos retornar a essa região.
Nesta cidade nasceram os papas Leão X, Clemente VII, Clemente VIII, Leão XI, Urbano VIII e Clemente XII. Tombada pela UNESCO como Patrimônio Histórico de Humanidade em 1980, atrai milhões de turistas durante todas as estações do ano. Atrações e estrutura para isso não faltam a essa linda cidade italiana, afinal é um dos destinos mais belos e requisitados da Europa!
Construções centenárias e um banho de cultura
Uma cidade grande com jeito acolhedor de um vilarejo. É mais ou menos essa a impressão que Firenze passa aos turistas quando andamos em cada viela e observamos as extraordinárias construções dos tempos medievais.
Envolvente e muito conservada, suas edificações são um colírio aos olhos até dos mais despercebidos. Visitar monumentos, casarões, catedrais, ver pinturas e artistas por todas as partes e termos informações de um lugar que remota centenas de anos, é “tomar um banho de cultura”, literalmente.
Conheça o Val d’Orcia – Castelos, vinhos, gastronomia, história e paisagens extasiantes
Castelos medievais, colinas, cidades antigas, belas vilas, casas isoladas, ciprestes, vinhas fabulosas e olivais, campos de trigo e da cor do ouro são apenas alguns dos elementos que compõem as paisagens fantásticas e harmoniosas do Val d’Orcia!
Toda a área é agora um parque protegido e foi reconhecido como Patrimônio Mundial pela UNESCO desde 2004.
As cidades e comunidades medievais de Siena, Gaiole in Chianti, San Gimignano, Montalcino, Lucca, San Quirico d’Orcia e Pienza– tombadas pela UNESCO e algumas delas pertencentes ao Vale D’Orcia – produzem os mais de 200 tipos de rótulos diferentes de vinhos feito por pequenos produtores, fazendo com que isso ajude a manter a qualidade de seus vinhos. Seus queijos, o azeite, o salame de Cinta Senese e outros contribuem para essa grande qualidade gastronômica que a região possui. Doces tradicionais, massas e até sorvetes sacramentam definitivamente a fama da Toscana. Estamos falando tradições seculares!
Em seus “negozi” da região (lojas) – o café italiano é servido em uma dose muito pequena, porém tão saboroso quanto os doces de nomes desconhecidos – são doces da região e muito deles seculares -, seus queijos e salames maravilhosos, que harmonizam muito bem com os famosos vinhos da região – Brunello de Montalcino e Orcia.
Por onde andamos vimos vinhedos e olivais espalhados por toda a região. Mundialmente conhecidos devidos à qualidade, seja nas cantinas, nas vinícolas ou mesmo nas lojas, você irá experimentar um dos melhores e mais tradicionais vinhos do mundo.
Não estranhe se por momentos sentir-se na era Medieval, um Pelegrino dos anos 500 d.C, caso visite a San Quirico Val D’Orcia – uma pitoresca aldeia situada em uma colina no Val d’Orcia a 45 km de Siena e perto de Pienza, Montalcino e Montepulciano.
Vinhos – Entre os melhores do mundo
Não poderíamos cometer a heresia e deixar de falar sobre os vinhos mais tradicionais e conhecimentos no mundo inteiro, que por si só dispensam apresentações.
Destacamos dois produtores distintos que vem ganhando mercado com seus respectivos vinhos – a vinícola SassodiSole, localizada ao norte da comuna de Montalcino e a vinícola Capitoni Marco Azienda Agraria, localizada em Pienza, ambas nas províncias de Siena e na região do Val d’Orcia.
Seus maiores clientes são o mercado italiano, os Estados Unidos, vários países da Europa e Japão.
Conheça essas vinícolas italianas
Vinícola SassodiSole – Uma empresa familiar, produz vinhos desde 1900 (aproximadamente), sendo que hoje está na 4ª geração, administrada por Roberto Terzuoli, agrônomo. A família Terzuoli vem de uma tradição agrícola antiga; registros remontam pelo menos ao início do século XVII.
Uma seleção manual cuidadosa das uvas Sangeovese e um processo de envelhecimento em barris de cascos de carvalho, são um dos cuidados que a família Terzuoli tomam para buscar uma melhor qualidade em relação ao Montalcino típico.
Produz três tipos de vinhos – Orcia Rosso, Rosso di Montalcino e Brunello de Montalcino – com uma produção em torno de 40mil garrafas/ano.
Ao longo dos anos tem conquistado vários prêmios de supra importância, dando mais notabiedade ao produto.
Vinícola Capitoni Marco Azienda Agraria – Localizada em local priveligiado – Val d’Orcia é conhecida em todo o mundo, sendo declarado “Patrimônio da Humanidade” pela UNESCO – está a menos de 200km de Roma, 70km de Siena e 120km de Florença.
Produz três tipos de vinhos Rosso – tipicamente Toscanos – derivados das uvas Sangiovese. O Trocolone, Capitoni e Frasi, totalizando uma produção de cerca de 20mil garrafas/ano.
Essa vinícola tem aumentado significamente sua produção e qualidade na última década, quando aumentou a área de plantio, escolheu um terreno mais propício – uma terra mista repleta de muitos fósseis que datam de milhões de anos atrás, quando ainda era o mar – e investiu em mais estudos e tecnologia. O resultado veio com o tempo, proporcionando aumentos significativo da quantidade e principalmente da qualidade do vinho.
Da mesmíssima região, também destacamos a vinícola Andrea Costanti , Badia a Coltibuono, Fontaleoni, Biondi Santi e Cantina di Montalcino – uma cooperativa com seus mais de 200 Brunellos diferentes.
Nos mais de 300 produtores da região, não há emprego de agrotóxicos em suas produções. Muito pelo contrário: há um cuidado extremo para garantir a qualidade de cada safra produzida.
Entenda-se que produzir neste caso significa plantar, colher, fazer o vinho, envelhecer em barril de carvalho, rotular, engarrafar e distribuir.
Envelhecimento em barril de carvalho
Antes de o vinho ser comercializado, ele passa por um rigoroso processo de armazenamento e envelhecimento, que varia conforme o vinho e seu produtor.
Brunello: 12 meses em aço inoxidável, 36 meses em barricas de carvalho de grandes dimensões e 12 meses em vidro.
Orcia Rosso: 12 meses em aço inoxidável, 12 meses em barricas de carvalho grandes de Eslavônia, 8 meses em vidro.
Orcia Capitoni: em barricas durante 24 meses, em seguida, em garrafa por mais 12 meses em ambiente condicionado.
Orcia Frasi: uma pausa de duas semanas em aço inoxidável e posteriormente 24 meses em barris de carvalho.
Visitações e harmonizações
Uma das coisas que poucos sabem é que é possível visitar cada uma dessas vinícolas e degustar seus vinhos. Basta agendar um dia e saborear o que a Toscana irá te oferecer.
Seja qual for a bebida de Baco, o resultado é um vinho intenso, encorpado, de aroma forte e elegante, que harmonizam bem com queijos, massas, assados de carnes vermelhas e cozidos.
Há sempre uma boa oportunidade para abrir uma garrafa de vinho, ainda que você não tenha nada adequado, afinal, você pode beber sozinho e se dar esse prazer.
Gastronomia – curiosidades
Também não poderíamos deixar de destacar a Gelateria Dondoli, considerado por vários anos consecutivos como o melhor sorvete do mundo – 2006/2007/2008 e 2009.
Seu proprietário, Sergio Dondoli é o mestre-sorveteiro da “Gelateria di Piazza“, localizada na Piazza della Cisterna em San Gimignano, conhecida em todo o mundo e visitada por um grande número de famosos e celebridades. Tem sempre uma fila enorme na porta!
Fechando com chaves de ouro, temos o famoso e tradicionalíssimo “Pici” – de origem medieval e Toscana, pode receber outros nomes em regiões diferentes da Itália, como Umbricelli, Stringozzi,bigoli, mas o modo de preparar é o mesmo. Ela é feita com farinha de trigo, água, sal e não leva ovos como a maioria das massas italianas. Trabalhada à mão, é enrolada feito uma massinha com resultado final bem rústico e espessuras diferentes. Delicioso!
E ao contrário do que muitos pensam e muitos outros desconhecem, explorar a Toscana é algo possível de ser feito em qualquer época do ano, afinal a riqueza e a variedade do ambiente proporcionam oportunidades únicas.
É aconselhável a locação de um automóvel para locomover-se entre as cidades, porém se quiser mesmo vivenciar tudo isso, ande muito de ônibus e a pé. Somente assim poderá ter um contato mais direto com o povo italiano e entender o porquê a Itália sempre nos encanta.
Dicas:
- Experimente vivenciar tudo isso com o Agroturismo, algo muito comum nessa região. Muitas dessas vinícolas oferecem esse serviço.
- Alugue um automóvel. Ainda que você se desloque de ônibus ou trem das grandes cidades até essas regiões, somente com um carro você poderá tirar o máximo proveito em seu passeio.
Agora, é só planejar, realizar e vivenciar um pouco da Toscana!
Fonte: Diário do Turismo