Para ter uma dimensão do que significa o esfacelamento do real diante das moedas fortes, peça um café, uma água que seja, em território americano ou europeu. É melhor nem fazer a conta. Nestes duros tempos para o viajante cheio de reais no bolso, vale lembrar o bordão: “Quem converte não se diverte”.
Pois hoje, na Argentina, o turista brasileiro vem experimentando um sabor todo especial. Com a economia dos hermanos perdendo vigor, o mesmo real que há exato um ano comprava 7,5 pesos agora vale 14. O maior baque veio duas semanas atrás, depois das eleições primárias no país, quando ficou claro que a permanência do presidente Mauricio Macri na Casa Rosada depende de um milagre. A terra tremeu, e com ela o peso, que, de uma hora para outra, está quase 20% mais em conta para nós. E dá-lhe festa para quem sai do Brasil para sorver um pouco daqueles ares europeizados, comer carnes das melhores parrilhas e degustar vinhos de bons rótulos. “Está valendo mais a pena vir para a Argentina do que ir para o Nordeste”, diz a carioca Bárbara Estruc, 45 anos, na célebre livraria Ateneo.
Trocando em miúdos, fazem-se ótimos negócios ao pegar um táxi, o metrô, ir a um museu, comer, beber e dormir em Buenos Aires (veja acima). A cidade já vinha registrando um consistente aumento no número de brasileiros — 30% mais neste junho que no do ano passado —, e o fluxo tem tudo para se intensificar nos próximos meses. “Variações favoráveis no câmbio sempre estimulam a ida a países vizinhos, e a Argentina é o destino preferencial”, diz Sylvio Ferraz, diretor da agência CVC. Uma vez lá, faça contas e, pelo menos em solo argentino, divirta-se sem culpa. Fonte: Revista Veja