Sergipe, o “pequeno gigante” do turismo no Nordeste

Por Berna Farias – Exclusivo, texto e fotos

Surpreenda-se: o menor estado brasileiro em extensão territorial tem mais atrativos do que se pode imaginar. As surpresas e encantamentos são muitos, e mostrar ao menos um pouco disso a agentes, operadores e consultores de viagem foi o objetivo do governo estadual, por meio da Setur – Secretaria de Estado do Turismo-, e Secretaria de Turismo de Aracaju, no famtour em parceria com o Prodetur Sergipe, com apoio do Sebrae e ABIH. Dois grupos – oito baianos e dez goianos – percorreram, durante quatro dias, locais de privilegiada beleza, natureza exuberante, história marcante e rica gastronomia.

“A Bahia responde por cerca de 40% da emissão de turistas para Sergipe. Por que não fortalecer essa ponte?”, indaga Luiz Augusto Leão Costa, do Sindetur-BA, que prestou apoio ao evento, respaldado no sucesso de famtours anteriores. Partindo da Orla Pôr do Sol, no povoado Mosqueiro, a 20 km da Orla de Atalaia, no extremo sul da capital, o primeiro dia de navegação (catamarã Solares) levou os grupos pelo rio Vaza Barris para dois recantos de diversão tranquila e relaxada: Ilha dos Namorados e Crôa (Coroa) do Goré. Os passeios em catamarãs podem ser adquiridos em agências ou na própria Orla, que conta com ótima estrutura, incluindo charmosos bistrôs para apreciar um espetacular pôr do sol.

Os passeios em catamarãs reservam surpresas que encantam os turistas que visitam Sergipe.

 

O passeio é um dos mais procurados por turistas, realizado em meio a uma paisagem fluvial deslumbrante. As embarcações, lanchas ou catamarã, passeiam pelo rio Vaza Barris durante cerca de 40 minutos até chegar à Crôa do Goré, um banco de areia formado no meio do rio pelo movimento da maré. com quiosques rústicos de palha de coqueiro onde se pode apreciar a bela vista do local e os petiscos e drinques servidos em um bar flutuante, ou praticar esportes aquáticos como o Stand-Up Paddle. O nome do lugar vem de um crustáceo minúsculo encontrado na região, o goré.

Navegar o São Francisco e à beira do rio desfrutar de um cenário que mais parece uma pintura é  experiência inesquecível para os turistas.

Normalmente (o trajeto pode ser invertido), após sair da Crôa do Goré, a embarcação segue por mais meia hora, passando perto de manguezais e sob a Ponte Jornalista Joel Silveira até chegar à Ilha dos Namorados, uma grande ilha formada entre o rio Vaza Barris e o Oceano Atlântico. A ilha possui uma estrutura fixa (exclusiva do catamarã) preparada para servir petiscos e bebidas, além de oferecer mesas com guarda-sol e atrações para crianças, como grandes bóias infláveis, e para adultos, como as redes tocando as águas. O nome, dizem, vem de um casal de namorados que ficou preso à ilha depois que o barco deles foi levado pela correnteza.

Rota do Imperador

A Rota do Imperador é saudada com total descontração por parte dos navegantes visitantes.

Um roteiro novo, criado com base na passagem do então imperador D. Pedro II e a imperatriz Tereza Cristina pela região, conduz o turista em catamarã da Olímpio Tur desde a cidade de Santana do São Francisco, centro do artesanato de barro da região com suas olarias, a 126 km de Aracaju, pela região do Baixo São Francisco até a cidade de Neópolis, onde os imperadores chegaram às 14h30 do dia 14 de outubro de 1859, como relata Luiz Monteiro, da Secretaria de Turismo de Santana. Neópolis, com apenas 30 casas e duas igrejas, chamava-se ainda Vila Nova do São Francisco.

Dali o casal imperial seguiu para a cidade de Penedo, em Alagoas, onde permaneceu por quatro dias. Para D. Pedro, Penedo, de vista encantadora desde a margem do rio, era “a princesinha do meu coração”. Após passar por Penedo, o catamarã faz uma parada na Crôa Vida de Rio, para um relax em águas mornas e rasas nas redes ou nos barzinhos improvisados. Na volta, vale muito a pena percorrer as dezenas de barracas do Centro Comercial de Artesanato Edilson de Oliveira Fortes repletas dos trabalhos das oleiras de Santana do São Francisco, a antiga cidade de Carrapicho.

Em Neópolis, cidade com fama de sediar o melhor Carnaval de Sergipe, o povoado Betume, na rodovia SE-120, a surpresa é a excelente estrutura da Pousada e Restaurante Privê Rio Belo. Com localização privilegiada, à margem de um belo trecho do Rio São Francisco, a pousada conta com infra-estrutura completa com piscina, estacionamento, parque infantil, restaurante e 12 chalés mobiliados com dois quartos, cozinha americana, sala, e uma varanda para descanso, equipados com wi-fi, TV de LED e ar condicionado. Deques com móveis rústicos mas confortáveis completam o cenário, e a comida típica sergipana e regional é atração à parte.

Cânions e Cangaço

Passeio de barco pelos cânions do Xingó, opção para quem participa da viagem que mostra a beleza natural da paisagem sergipana.

A cidade de Canindé do São Francisco é o ponto de partida para mais uma aventura de natureza: os imponentes cânions da represa de Xingó a bordo de um catamarã MFTur. A parada permite passeio opcional em barco de remo por recantos mais estreitos do cânion e até curtir um Stand-up Paddle, além do refrescante banho de rio nas piscinas (adulto e infantil) do próprio catamarã. Após almoço no restaurante Karrancas, à beira do rio, “um oásis em meio ao Sertão”: o Xingó Parque Hotel e Resort.

Situado na Serra do Chapéu de Couro, em Canindé do São Francisco, é um hotel de lazer, com amplo espaço para convenções, com inigualável vista panorâmica da Usina Hidrelétrica de Xingó e para o rio São Francisco – inclusive para a orla, tomada por quiosques, barzinhos, restaurantes, lazer completo para os turistas e os locais. Heliponto, playground, piscina com cascata, salões de jogos, de ginástica e de reunião, wi-fi, elevador panorâmico, TV a cabo, cama king size são outras comodidades oferecidas. À noite ou durante o dia, vale uma visita à cidade histórica de Piranhas, no estado de Alagoas, para onde foram levadas, inicialmente, as cabeças de Lampião, Maria Bonita e os companheiros do cangaço mortos em Angico.

A recepção no Xingó Parque Hotel, na atmosfera da época do Cangaço, período que marcou a cultura da região.

A memória do Cangaço permeia toda a região. Ponto alto dos passeios para muitos visitantes, a ida ao Cangaço Eco Parque, a fim de percorrer a trilha que leva à Grota do Angico, onde Virgulino Ferreira da Silva foi morto em 28 de julho de 1938, junto com dez cangaceiros do seu bando, entre eles a companheira Maria Bonita, é indispensável. A trilha, com cerca de dois ou 2,5 km (os guias locais garantem ser apenas 1,5 km) só de ida, é em meio à vistosa vegetação da caatinga: mesmo no solo seco, é possível encontrar árvores de médio e até de grande porte, como pereira, jurema negra, angico, e uma variedade de cactos: quipá, mandacaru, coroa de frade, xique-xique, facheiro, entre outros.

A Trilha do Cangaço leva até a Grota do Angico,  fim da trajetória de Virgulino Ferreira da Silva – Lampião-, Maria Bonita e seus cangaceiros, mortos em julho de 1938.

Lugar ermo, a Grota de Angico é, propriamente, uma entrada de lajedo, cercado de pedras e cactos, chão esturricado. Cruzes e placas marcam as mortes do único soldado caído em batalha, Adrião Pedro de Souza, que teria sido atingido pelos próprios companheiros de volante, e duas cruzes menores em homenagem a Virgulino Lampião e Maria Déia, a Maria Bonita. Na placa, os nomes deles e dos demais ali trucidados: Enedina, Luís Pedro, Mergulhão, Elétrico, Quinta-Feira, Moeda, Alecrim, Colchete e Macela. Um lugar de reverência, marco de uma das mais emblemáticas passagens da história nordestina, com tanta coisa ainda a ser contada…

Já a capital sergipana, Aracaju, cada dia mais bonita e bem cuidada, é uma história à parte. Um dia, contamos!

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