Lembro bem de quando assisti ao filme “Frida” (2002), sobre a vida da artista mexicana. Enquanto subiam os créditos, surgiu o desejo de ver tudo aquilo de perto. Não posso negar que o fotojornalista presente em mim entusiasmou-se com a ideia de registrar o cotidiano daquele lugar.
Me organizei, pesquisei e comprei as passagens para viajar no dia 31 de julho deste ano. Com pouca bagagem, estava eu embarcando de Fortaleza para o meu fascinante destino: a Cidade do México, com conexões em Guarulhos e Panamá. Após quase 20 horas de voo, cadeiras sem apoio para os pés e quatro refeições congeladas, qualquer um estaria louco para descansar. Mas eu não podia desperdiçar o tempo, queria aproveitar cada segundo. Peguei um táxi para o hostel e, no caminho, fui prestando atenção nas diferenças. O trânsito pode nos “sinalizar” sobre o ritmo e a educação do povo local.
Conversando com o motorista notei os vidros baixos e a brisa fria. Lembrei que, na mala, não tinha nenhuma roupa para frio, e se em pleno meio-dia a temperatura estava amena, imagine o que me esperava à noite. Acostumado com o calor do Ceará, qualquer 20ºC já espanta – e o pior, à noite, o termômetro marcou 14ºC.
O hostel Casa MX Alameda, onde fiquei, é uma história à parte. Lá, tive a satisfação de conhecer pessoas do mundo inteiro e, por incrível que pareça, todos conseguíamos nos entender. Às vezes, misturando na mesma frase português, espanhol e inglês, mas dava certo. Rapidamente fui apelidado de Brasil. O fato curioso é que não me encontrei com nenhum brasileiro. Talvez por falta de mídia e investimentos em propaganda sobre este maravilhoso destino turístico.
Próximo ao centro histórico, o hostel é considerado um local seguro. Um funcionário me apresentou os ambientes: cozinha, área de convivência, sala de cinema, jogos, academia, quarto (compartilhado), tudo limpo e organizado. O melhor de tudo eram as duas bikes que ficavam disponíveis para os hóspedes, detalhe, de graça e sem limite de tempo. Com ruas e ciclofaixas bem sinalizadas, adotei a bicicleta como o principal meio de transporte. Mas como se trata de uma grande metrópole, e nem sempre os melhores lugares estão próximos, o metrô me levava por apenas R$ 1, valor convertido.
Um excelente ponto de partida para conhecer a cidade é a Alameda Central, considerada o parque urbano público mais antigo das Américas. A região, cercada de prédios históricos, abriga também o Museo Memoria y Tolerancia, Museo Mural Diego Rivera, Palacio de Belas Artes e o Laboratorio Arte Alameda. Quem segue pela Avenida Juarez, passa pela Torre Latinoamericana, edifício mais alto da cidade. Em seguida fica a Casa de Los Azulejos, espaço de contemplação da belíssima arquitetura.
Continue até chegar à Plaza de la Constitución, também conhecida como Zócalo. Centro histórico que abriga os mais belos casarões e a deslumbrante Catedral Metropolitana, a maior da América, com seus 446 anos. Visite todos os lugares que puder, mas não se engane, há história por trás de cada calçada, porta e estátua.
De volta à Alameda Central, por entre apresentações artísticas, estão as tendas de artesanato e as barracas que servem o melhor da culinária tradicional mexicana.
A quantidade de “comidas rápidas” espalhadas por quase todas as ruas, me chamou a atenção. Taco al pastor, pozolle, enchilada, tortilla, nachos e burritos são pratos obrigatórios. Se não gostar de pimenta, é só avisar ao cozinheiro. Nas ruas ou restaurantes, os preços variam entre R$ 5 e R$ 20. Recomendo ainda os famosos refrescos engarrafados com os sabores maçã, manga e tamarindo.
Durante os sete dias, pedalei bastante e garimpei imagens que pudessem captar um pouco da essência daquela cultura, bem como a de uma criança recebendo as primeiras lições no xadrez. Ou de uma senhora que esperava o calçado no conserto. Muito gentilmente, ela me pediu para repetir a foto, pois seu cabelo estava desarrumado. De fato, visitei diversos lugares. Vi beleza em todos.
Esperando o carro que me levaria para o aeroporto, me dei conta de que todas aquelas suposições, de como era aquela terra, haviam dado lugar a uma experiência muito além das expectativas. Trouxe comigo não só as imagens. Salvei na retina e nos sentidos restantes, as conversas, risadas, novos amigos, os cheiros e sabores, o clima, o afeto recebido e tudo que é “infotografável”. Hasta luego, Ciudad de México!
COMO CHEGAR
Saída de Fortaleza. Voos diários com conexões em Guarulhos e no Panamá, com destino a Cidade do México. Tempo médio de viagem: 20 horas.
PASSAGENS
Ida e volta pela Copa Airlines, R$ 2.395,00. (valor pago em 31 de julho).
HOSPEDAGEM
Seis noites (Casa MX Alameda). R$ 191,00, com bicicleta incluída no pacote.
PARA OUTRAS DESPESAS
Valor sugerido para permanecer os sete dias: R$1.500,00
Fonte: Diário do Nordeste; Fotos: Reinaldo Jorge.