Por Felipe Gurgel
Chega dezembro, janeiro, e o movimento das famílias na passagem de ano segue no sentido de conciliar a folga de todos. Com as crianças de férias, os pais procuram folgar também e viajar, a fim de mudar a rotina e aproveitar o tempo. No entanto, os adultos precisam ficar atentos a uma série de cuidados com a programação de viagem, sobretudo para incluir os pequenos, sem dores de cabeça, na dinâmica de lazer.
Para os pais de crianças que atravessam o período da primeira infância (de 0 a 6 anos), viajar pode ser um movimento delicado. Basicamente, cinco pontos merecem atenção nesse planejamento: medidas de prevenção de doenças, alimentação, cuidado com o transporte, adaptação do roteiro e da acomodação dos novos viajantes.
Segundo a pediatra Fernanda Colares, professora do Curso de Medicina da Universidade de Fortaleza, é bom preparar uma “minifarmácia” pra levar na bagagem, desde que a família evite a automedicação. Vale incluir os remédios na mala, mas somente com indicações médicas.
“Se o paciente faz uso de alguma medicação crônica, é bom não esquecer de levar, até porque pode haver, dependendo do lugar, alguma dificuldade de encontrar o medicamento. A minifarmácia deve conter itens básicos como pomada, antialérgico, remédio para febre. Tudo orientado pelo pediatra”, observa Fernanda.
Caso o destino seja de praia e calor, a recomendação envolve o uso do protetor solar e um limite de exposição ao sol. Para não sofrer insolação e desidratar, é necessário beber muita água e evitar o sol entre 10 e 16h; o ideal é priorizar o início das manhãs e o fim das tardes.
Quanto à alimentação, os pais precisam ter muito cuidado com a procedência, segundo Fernanda Colares, além de não descuidar da ingestão de água. “Pra criança não correr o risco de uma diarreia, é bom evitar aquelas comidas feitas em barraquinhas, na rua. E as que são feitas com alimentos crus, que você não tem como verificar se estão bem lavados”, detalha a pediatra. Ela recomenda que os pais levem para o passeio, se possível, lanches preparados com este cuidado.
Deslocamento
Se a viagem for feita de avião, é importante levar para o voo estímulos que distraiam as crianças. Lápis de cor, papel para desenhos e brinquedos, que passem pelo detector de metais, são itens bem cotados.
Outra sugestão, para tranquilizar os pequenos durante o deslocamento aéreo, é escolher um horário que facilite o sono deles, além de evitar voos muito longos. Para aliviar a pressão nos ouvidos, comum na decolagem e pouso do avião, se a criança ainda mama, a mãe pode dar o peito nesse momento. E, se já desmamou, a saída é dar um biscoito, uma fruta, algo que o pequeno possa mastigar nessas horas.
De carro ou de ônibus, a recomendação mais importante é usar a cadeirinha de segurança. Os itens de distração, a exemplo do avião, também são necessários, bem como a inclusão de um lanche saudável. “Algumas pessoas ainda dão remédio pra enjoo, preventivamente. Não sou muito a favor, porque o remédio só é bom dar em caso de necessidade”, pondera.
Limites
A médica destaca que, independente do destino, a maioria dos roteiros é adaptável para viajar com as crianças. Ela reforça a necessidade de se reconhecer os limites dos pequenos viajantes para o passeio.
“Não dá pra fazer aquele roteiro super intenso, saindo 8h da manhã e voltando 23h, porque aí realmente elas não aguentam. Mas se você tomar cuidado e procurar mesclar atrações voltadas às crianças, com aquelas para os adultos, em geral dá pra fazer qualquer viagem ”, avalia Fernanda.
Por fim, de acordo com a pediatra, o lugar que receberá a família precisa ser adaptado para o movimento das crianças. “A nossa casa, em geral, já é toda adaptada quando você tem filhos pequenos. Mas no caso de ser um hotel, uma casa alugada, é bom tomar cuidados de prevenção de acidentes, com janelas, escadas, tomadas”, orienta.
O bancário Danilo Carneiro, 37, se entusiasmou com a experiência de viajar com os filhos (Eduardo, 5, e Heloísa, 1 ano) e criou o perfil @viajando_com_os_pequenos no Instagram. Ao lado da companheira Shirley Dias, ele já levou o filho mais velho para a Argentina e resolveu aproveitar as redes sociais, a fim de dar dicas de viagem em família.
Danilo e Shirley começaram a viajar com os filhos depois que cada criança completou 6 meses de vida. Nessa idade, frisa ele, elas já podem diversificar a alimentação e se sentarem. “Quanto mais tempo pra chegar no destino, mais as crianças sentem (o deslocamento). Para tornar a viagem mais tranquila, a gente improvisa e canta, conta histórias, assiste filmes ou desenhos infantis”, conta.
“O tempo das crianças é diferente dos adultos. É preciso ter paciência e saber lidar com os imprevistos. Em geral, levamos conosco remédios, repelente e protetor solar. Se for uma viagem internacional, é fundamental verificar a vestimenta adequada, culinária local e fazer sempre o seguro-viagem”, orienta o bancário.
Dicas
PREVENÇÃO
Para prevenir doenças, é necessário preparar uma “minifarmácia”, autorizada pelos pediatras, na bagagem. Protetor solar para destino de praia e cartão de vacinas em dia também são básicos
ALIMENTAÇÃO
Dar líquido às crianças, sobretudo água, durante toda a viagem. E ter cuidado com a procedência dos alimentos: é bom evitar comidas feitas na rua
TRANSPORTE
De avião, a recomendação é escolher voos curtos, levar brinquedos e estimular a mastigação para aliviar a pressão nos ouvidos. Por terra, o ítem mais básico é a cadeira de segurança
ROTEIRO
É bom evitar destinos “aventureiros”, com pouca estrutura de acomodação. Vale programar passeios intercalados com pausas para descanso
ACOMODAÇÃO
Checar se o hotel, ou o imóvel alugado, é seguro para abrigar as crianças. Verificar o acesso a janelas, escadas e tomadas
Fonte: Diário do Nordeste