Por Seleucia Fontes
O ano começou com excelentes perspectivas para o setor do turismo, a começar com o aumento da fatia destinada ao setor no Orçamento da União. Serão mais de R$ 1 bilhão para obras de infraestrutura, ações e programas de desenvolvimento do setor. Entidades representativas, públicas e privadas, também estão otimistas com os efeitos da estabilidade econômica e projetam não apenas crescimento numérico, como também a busca por destinos alternativos e experiências integrais, como aponta a Confederação Nacional de Municípios (CNM).
Operadora de Turismo Sustentável com atuação nos estados de Goiás e Tocantins, a Tekoá Brasil tem se destacado no mercado por oferecer aos viajantes imersões junto a comunidades indígena e quilombola, com foco na preservação cultural, ambiental e social, além de realizar roteiros de ecoturismo na Chapada dos Veadeiros a partir da cidade de Alto Paraíso (GO).
“Guiar não é só levar a um atrativo, precisa de um aspecto de interação com o ser humano, trazer as pessoas para seu ancestral, sua naturalidade”, afirma Marcos Luz, um dos idealizadores do projeto. “Turismo é uma ferramenta para ajudar pessoas”, completa, ao lembrar que o Turismo Ecológico e de Base Comunitária (TBC) é um conceito inovador que valoriza o protagonismo destes grupos.
“Somos coadjuvantes nesse processo”, completa Fernanda Carasilo, que transferiu a Tekoá do Sul do Brasil para a região central e, ao conhecer o indigenista Fernando Schiavini decidiu sair da zona de conforto e adotar um novo conceito de trabalho para sua empresa.
Roteiros
Para 2020, foram desenvolvidos diversos projetos, com destaque para as vivências na Reserva Indígena Krahô, localizada ao norte do Estado do Tocantins, há cerca de 1.200 km de Brasília.
Em total comunhão com as lideranças indígenas da Aldeia Manoel Alves, localizada a 8 km da cidade de Itacajá, estão definidos três roteiros de vivência tribal: o “Ritual Ketuwayê” (18 e 24 de abril), que traz a emplumação das crianças e seu ingresso oficial no mundo social e espiritual da aldeia; o “Ritual Pêmkahàc” (8 a 14 de junho), que marca a passagem dos meninos da infância para a adolescência; e a “Feira de Sementes e Artesanato Krahô” (5 a 11 de setembro), com a participação de representantes de todas as aldeias Krahô e etnias convidadas.
Cada vivência é única. Além dos momentos festivos, os visitantes são convidados a conhecer as lendas, a língua, o modo de pensar desta que é considerada uma das etnias com cultura e modo de vida mais preservadas do Tocantins. Vale ainda ressaltar a completa sintonia com a natureza, em uma região de cerrado bem preservada, onde se pode realizar passeios pelas veredas, cachoeiras e rios.
Parceiro no projeto, Fernando Schiavini, lembra que este povo vive na maior área de cerrado preservada do país, com 302 mil hectares demarcados. São 3.500 indígenas habitando 32 aldeias. “O turismo nos Krahô é algo perseguido há muito tempo; eles são bons anfitriões, são universalistas”, explica, lembrando que o trabalho da Tekoá é oferecer um receptivo profissional dentro da aldeia, mas com muito respeito à comunidade.