Por Tatiana Ribeiro
Famoso pelos bons vinhos e estações de esqui, visitar o Chile está na programação dos casais apaixonados e de turistas que apreciam conforto e requinte. Muito mais que um destino perfeito para uma lua de mel, o país de território comprido e estreito que se estende pelo extremo oeste da América do Sul, tem muito mais a ser desbravado. São montanhas, vulcões, lagos, crateras, cachoeiras e florestas que aguçam todos os sentidos e atraem aventureiros. Além da natureza generosa, o país tem uma gente lúcida, forte e unida.
Um dos destinos que encantam os visitantes pela diversidade é a região da Araucanía. Localizada a 675 km ao sul de Santiago, o acesso pode ser por via terrestre, com duração em média de pouco mais de sete horas de carro ou via aérea, por meio de voos diretos e diários de Santiago a Temuco, capital da Araucanía, com duração de uma hora e meia. Uma das caraterísticas que fazem desta região um forte destino turístico é a prática de esportes ao ar livre, tendo como paisagens florestas, lagos, vulcões e as concorridas estações de esqui.
Reserva Nacional Malalcahuello
A Reserva Nacional Malalcahuello é o Chile que pouca gente conhece. O local é tomado por araucárias, árvore símbolo dos povos originais do centro sul do país, que pode chegar até 50 metros. De cascas grossas e rachadas, sua semente é o pinhão. É lá que está localizada a araucária milenar. Segundo o guia Gardy Espinoza, que acompanhou os jornalistas durante um trekking noturno, a idade de árvore pode ultrapassar mil anos, girando em torno de 1.200 até 1.600 anos. “Para se calcular a idade de uma árvore dessa é só ver o tamanho. Quanto maior, mais velha. As araucárias transmitem boas energias, e quem abraça uma milenar será contemplado com grande sorte”, disse transmitindo a sabedoria dos mais antigos.
Trilha cenográfica
Digna de um cenário de cinema, com duração em média de quatro horas ida e volta, a trilha pela Reserva Nacional Malalcahuello tem paisagens de tirar o fôlego. O trekking de quase 10 quilômetros e considerado de dificuldade média/alta é recompensado por belezas naturais. Nos bosques é possível apreciar as espécies de plantas e flores nativas e ouvir o canto dos pássaros. O Chucao, um dos mais conhecidos na região Sul do Chile, possui um canto forte e proeminente. De acordo com a lenda, contada pela guia Loida Quezada, “se durante a caminhada for ouvido pelo lado direito tem alguém falando bem de você. Caso for do lado esquerdo, uma má notícia: alguma pessoa está falando mal”. Do alto, após uma hora e meia de subida, é possível se deparar com uma vista deslumbrante dos vulcões Sierra Nevada, Lonquimay e Llaima.
Para quem gosta de pedalar, a dica é pegar a bicicleta e percorrer por uma antiga ferrovia, que ligava Victoria a Lonquimay, e se transformou em ciclovia. No circuito, de 24 quilômetros ida e volta, é possível vislumbrar belas paisagens. Mas, fique atento: os cruzamentos da ciclovia dão acesso a rodovias de intenso movimento. Por isso, recomenda-se descer da bicicleta e atravessar com atenção.
Parque Nacional Conguillio
Criado em 26 de maio de 1950, o Parque Nacional Conguillio é de tirar o fôlego. De lá, é possível apreciar o vulcão Llaima, um dos mais ativos do país. Em pouco mais de uma hora de caminhada é possível conhecer a lagoa Captrén, que tem um bosque submerso. O passeio é indicado para o verão, já que no inverno a trilha congela. Paradisíaca, a lagoa Arco-íris também tem um bosque submerso, mas com um diferencial: as tonalidades de cores mudam durante o dia. O entorno dela é composto por rochas vulcânicas antigas. Há um miradouro para admirar a paisagem.
O salto do TrufulTruful é uma cachoeira com queda de 20 metros. É inexplicável, mas a água que desce das pedras tem a tonalidade azul. Além destes, ainda há muitos outros atrativos. O valor para ter acesso ao parque é de 9 mil pesos chilenos, o que vale em torno de R$ 65.
Cratera Navidad
Com o nome traduzido para Natal em português, a cratera Navidad foi formada durante a última erupção do vulcão Lonquimay, em 25 de dezembro de 1988. Em tons multicoloridos e com profundidade desconhecida pelos guias, a cratera é um dos destinos que mais atraem turistas. Em duas horas de caminhada, é preciso um certo esforço para enfrentar os 200 metros de subida em meio as larvas vulcânicas. Do alto, a paisagem é de tirar o fôlego. São diversos vulcões, sendo um deles com metade chilena e outra argentina. Os visitantes ainda ficam impressionados com a imponência do Lonquimay e seus 2.865 metros de altura.
Mas, quem não tiver coragem ou disposição para enfrentar a caminhada, pode ir até o “Mirador de Los Volcanes”, de onde se vê outros picos da região, inclusive uma parte da cratera. A atividade vulcânica do Lonquimay foi concluída pouco mais de um ano depois, em janeiro de 1990.
Turismo
De acordo com Loreto Ramirez, representante do setor de marketing do Serviço Nacional de Turismo do Chile, no ano passado o país recebeu a visita de 130 mil brasileiros. “Vêm muitas famílias. Os brasileiros nos visitam mais no inverno, principalmente em julho. Fazem tudo o que tem a ver com a neve. Há pessoas também que querem conhecer as montanhas e os vulcões. Queremos atrair os brasileiros no verão, há muita coisa a ser feita nessa época. As pessoas vêm mais de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro. Queremos trabalhar a Bahia este ano e também queremos convidar outros operadores ao Chile”, declarou.
Sobre a região de Araucanía, Ramirez disse que pode atrair muito os brasileiros. “Ela combina duas coisas: montanha e muito verde. Lagos e vulcões. E no inverno, as termas. Então temos 30 termas em só uma região, das mais sofisticadas até as menores, que funcionam o ano todo. Na Araucanía, você encontra o turismo indígena mapuche, onde nós chilenos temos nossas raízes. Essa região é a mais importante em terras mapuches e há muitos relatos de história e cultura”, descreveu, acrescentando que a formação geológica nesses lugares está em constante transformação.
Expansão
A ligação entre o Chile e o Brasil tende expandir. Assim avalia Friederike Krebbers, gerente de Desenvolvimento de Mercados e Aeroportos da JetSmart. “Estamos estudando chegar ao Brasil com duas outras bases aqui do Chile. Temos aviões e tripulação em Antofagasta, no norte e em Concepción, no sul. A nossa ideia é potencializar essas duas bases mais para adiante, com voos diretos para o Brasil. A relação entre chilenos e brasileiros é muito boa. Por isso, temos a ideia de aumentar a frequência”.
Na alta temporada, a JetSmart tem quatro frequências semanais (terças, quintas, sextas e domingos), sendo 186 passageiros por voo. Na baixa, os voos são nas terças e domingos. “Somos a única empresa aérea que faz operação direta o ano todo. Pesquisamos onde tem muito tráfego e que não tem oferta direta. A Latam, Gol, Azul e outras linhas aéreas do Brasil funcionam com conexão em Campinas, Garulhos ou Rio de Janeiro. Era muito interessante ver a quantidade de passageiros que viajavam de Salvador para o Chile. E isso foi o motivo para começarmos a operação. Até porque o tempo de viagem é longo e um voo direto dá para economizar tempo e dinheiro. Por isso, também inauguramos a rota Santiago/Foz do Iguaçu. Se você tem poucos dias disponíveis, não dá para fazer essa viagem. Assim, a mesma coisa em Salvador”.
Na opinião dele, os brasileiros adoram o vinho e a neve do Chile, assim como os chilenos adoram as praias do Brasil. “Os brasileiros vão muito a Corralco. Os chilenos vão muito a Pucón, Patagônia e São Pedro do Atacama. Estamos observando voos para esses destinos”, adiantou.
*Fonte: Tribuna da Bahia
*A jornalista viajou a convite do Serviço Nacional de Turismo do Chile e da JetSmart