Por Inês de Matos
A pandemia de Covid-19 está a levar à perda de um milhão de postos de trabalho a cada dia no setor das viagens e turismo, num “catastrófico efeito dominó” que resulta do vasto encerramento de hotéis, da suspensão da maioria dos voos internacionais e domésticos, da paragem das companhias de cruzeiros e das crescentes restrições impostas às viagens, alerta o Conselho Mundial das Viagens e Turismo (WTTC, sigla em inglês).
“Um impressionante milhão de empregos está sendo perdido todos os dias no setor das viagens e turismo devido ao efeito abrangente da pandemia de coronavírus”, destaca o WTTC, num comunicado enviado à imprensa esta sexta-feira, 20 de março, explicando que “a crescente perda de postos de trabalho está a afetar todos os níveis da indústria” e está a acelerar à medida que os países se fecham para combater o novo coronavírus.
“O vasto encerramento de hotéis, a suspensão da maioria dos voos domésticos e internacionais, a interrupção das linhas de cruzeiro e as crescentes restrições globais de viagens estão a provocar um catastrófico ‘efeito dominó’, atingindo um grande número de fornecedores em todo o mundo”, aponta o WTTC.
Os negócios de pequena e média dimensão, como operadores turísticos e agências de viagens, são, de acordo com o WTTC, os mais vulneráveis a esta crise, motivo pelo qual o organismo está já em contacto com os governos de mais de 75 países em todo o mundo, aos quais tem pedido que “urgentemente façam mais” para ajudar e esclarecer as empresas, nomeadamente através de empréstimos e incentivos fiscais, de forma a impedir o “eminente colapso” destes negócios.
“Embora a prioridade dos governos seja manter as pessoas seguras, esta catástrofe global de saúde significa que um milhão de pessoas por dia na indústria de viagens e turismo estão a perder os seus empregos devido ao impacto desastroso da pandemia de coronavírus”, acrescenta Gloria Guevara, presidente e CEO do WTTC.
Segundo Gloria Guevara, esta “implacável cascata de perdas de empregos está a mergulhar milhões de famílias em terríveis dificuldades e dívidas”, já que o impacto da pandemia está a afetar toda a cadeia do turismo, desde os empregados de mesa, aos taxistas, guias turísticos, Chefs, fornecedores, pilotos ou empregadas de limpeza.
“Tememos que essa situação só se deteriore, a menos que mais ações sejam tomadas imediatamente pelos governos para resolvê-la”, refere ainda a presidente e CEO do WTTC, considerando que, apesar de muitos governos terem lançado de imediato medidas de apoio às empresas, a grande maioria destes negócios continua a não ter ideia de como podem aceder a estes empréstimos e ajudas fiscais.
“Pedimos aos governos que esclareçam claramente como é que as empresas podem aceder aos fundos”, apela Gloria Guevara, considerando que estes apoios poderão “impedir a hemorragia de postos de trabalho” que se está a verificar por todo o setor das viagens e turismo.
O WTTC estima que, durante esta crise provocada pela pandemia de Covid-19, o setor das viagens e turismo venha a perder cerca de 50 milhões de postos de trabalho, enquanto outros 320 milhões estão a ser claramente ameaçados devido à perda de negócio.
O organismo lembra ainda que o setor das viagens e turismo representa cerca de 10,4% do PIB mundial, é diretamente responsável por um em cada 10 postos de trabalho criados em todo o mundo, e que, nos últimos oito anos, cresceu sempre acima da economia mundial.
*Fonte: Publituris/PT