Tocantins: Potencial turístico de Babaçulândia é avaliado durante visita técnica

Localizada a cerca de 11 km do centro urbano de Babaçulândia, na região norte do Estado do Tocantins, a Serra da Matança guarda beleza natural e uma trágica história envolvendo indígenas e não indígenas. No início do mês de março, portanto antes das restrições preventivas ao Coronavírus, o diretor da Tekoá Brasil, Marcos Luz, esteve no município para conhecer um pouco mais sobre este potencial atrativo turístico e, como parte do compromisso da empresa de levar a mensagem do turismo autosustentável, participou de dois compromissos com gestores e empresários locais.

Entrada da gruta onde índios Khahô teriam se refugiado, de onde é possível desfrutar de uma vista que revela uma natureza exuberante 

Em reunião com o prefeito Aleno Dias e secretários municipais, Marcos Luz elogiou a disposição do gestor em envolver o secretariado e iniciativa privada no processo de desenvolvimento do turismo local e enfatizou a necessidade de mobilização da população. Hoje, Babaçulândia tem Araguaína, segunda maior cidade do Tocantins, localizada a 60 km de distância, como principal polo emissor. “É preciso definir a identidade turística local e saber onde está nosso mercado”, disse o diretor da Tekoá, enfatizando que “é preciso engajar as pessoas para que sonhos individuais passem a ser coletivos.”

O prefeito explicou a disposição de fortalecer toda a região turística do Vale dos Grandes Rios e enfatizou a necessidade de preparação para receber um novo perfil de viajante, diferente do habitual turista de praia, pois tem recebido empresários de outros estados interessados a investir no município.  A primeira-dama e secretária de Desenvolvimento e Assistência Social, Cleuma Batista, enfatizou sua preocupação em preparar a população para os postos de trabalho que deverão surgir.

Em sua segunda reunião oficial, Marcos Luz participou de um bate papo com os integrantes do Conselho Municipal de Turismo (Comtur), quando reforçou a necessidade de diagnosticar e preparar os atrativos locais para compor um roteiro, bem como qualificação dos empreendedores turísticos e seus funcionários

Adelsimon Paz, presidente da Associação dos Barqueiros, ressaltou o impacto que a construção da Usina Hidrelétrica Estreito, há cerca de 10 anos, provocou na região, afetando diretamente o turismo de temporada de praia. “A praia do Coco era considerada uma das mais belas da região, com divulgação da Embratur, inclusive”, revelou, enquanto os demais participantes ressaltaram a importância de “reinventar” o turismo local.

O secretário municipal de Meio Ambiente e Turismo, Artur Ângelo, agradeceu a visita de Marcos Luz ao município e ressaltou que é preciso buscar a evolução, a despeito dos valores emocionais e impacto econômico e social provocados pela hidroelétrica. “O que é bom sobrevive”, ressaltou, enquanto o Ricardo Santana, coordenador de Cultura e Turismo, disse que a visita do diretor da Tekoá faz parte da proposta de envolvimento de todo o trade nesta “corrente do bem” em torno do desenvolvimento local.

Atrativos

Localizado às margens do rio Tocantins, o povoado de Nova Aurora do Coco surgiu em junho de 1926, com um pequeno estabelecimento comercial. Em 1938, ganhou o nome de ″Babaçulândia″, em função da grande produção de coco babaçu na região. Sua praia era considerada uma das mais belas na região.

Hoje, o município registra cerca de 11 mil habitantes, que vivem basicamente da agropecuária, do comércio, do serviço público. Com o represamento do rio Tocantins, a antiga praia sazonal deu lugar a um lago permanente, frequentado por moradores de municípios do entorno, em especial Araguaína.

O guia Pedro Aluísio mostra a Marcos as inscrições rupestres de uma gruta na região. Fotos: Tekoá/Divulgação 

Ao lado de atrativos naturais, como a Cachoeira Santa Bárbara e a caverna Vão do Zuado, a Serra da Matança traz um contexto histórico de grande interesse para a Tekoá, que mantém parceria para realização de visitas de experiência com a aldeia Krahô Manoel Alves, em Itacajá, a cerca de 180 km de Babaçulândia. Segundo pesquisadores, a serra teria sido ocupada, ainda no final do século 19, por um grupo Krahô dissidente do grupo maior que se estabeleceu na região de Itacajá e Goiatins, após êxodo do nordeste.

Ainda hoje é possível percorrer a trilha dos tropeiros e fazendeiros que cortavam a região. Ao longo do percurso de 1.350 metros que leva até uma gruta no alto da serra, o servidor público e guia de turismo amador, Pedro Aluísio, traz informações sobre esse grupo que vivia escondido e praticava ataques relâmpago aos passantes, provavelmente em busca de suprimentos. O Exército foi chamado para conter o grupo e aqueles que não conseguiram fugir foram exterminados. Além da vista exuberante, é possível observar as inscrições deixadas pelos indígenas na entrada da gruta.

Segundo Marcos Luz, conhecer a serra e conversar com empresários e gestores públicos locais foi o primeiro passo para uma futura parceria na operação turística. “O turismo de experiência é uma tendência mundial, mas é imprescindível a mobilização de toda a comunidade de Babaçulândia em torno de um projeto maior para o turismo”, defendeu o diretor da Tekoá.

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