Com promoções tentadoras, turismo reage à epidemia. Veja se vale a pena arriscar

Por Ranyelle Andrade e Lucas Marchesini

Com o avanço da doença, as fronteiras de vários país foram fechadas e diversas medidas foram adotadas para evitar o fluxo de pessoas e, consequentemente, a transmissão local e comunitária da Covid-19.

 

 

Empresários, autoridades e especialistas em turismo são unânimes ao afirmar que crise causada pelo coronavírus é a maior e mais imprevisível enfrentada pelo setor em todos os tempos.

 

Diante do cenário de caos, o mercado reage e aposta em promoções tentadoras para os mais diversos perfis de clientes. Mas, diante de tantas incertezas, vale a pena aproveitá-las e agendar uma viagem nos próximos meses?

Em entrevista ao Metrópoles, a presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Turismo (ABBTUR), Lenora Schneider, defende que, embora o segmento acredite em uma performance melhor no segundo semestre e dependa disso para sobreviver, o contexto atual é de incertezas. Por isso, qualquer planejamento de férias para todo o ano de 2020 tem grandes chances de acabar frustrado.

“A crise afeta companhias aéreas, hotelaria, alimentação, transporte e lazer. Estamos otimistas quanto ao segundo semestre e muitas empresas já estão fazendo promoções, afinal, precisamos negociar, manter nosso contato com o cliente. Porém, o consumidor precisa ter consciência de que não sabemos o tempo que isso vai levar, que há riscos”, explica a turismóloga.

Em entrevista ao Metrópoles, a presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Turismo (ABBTUR), Lenora Schneider, defende que, embora o segmento acredite em uma performance melhor no segundo semestre e dependa disso para sobreviver, o contexto atual é de incertezas. Por isso, qualquer planejamento de férias para todo o ano de 2020 tem grandes chances de acabar frustrado.

“A crise afeta companhias aéreas, hotelaria, alimentação, transporte e lazer. Estamos otimistas quanto ao segundo semestre e muitas empresas já estão fazendo promoções, afinal, precisamos negociar, manter nosso contato com o cliente. Porém, o consumidor precisa ter consciência de que não sabemos o tempo que isso vai levar, que há riscos”, explica a turismóloga.

Quem comprar passagem aérea até o dia 31 de dezembro de 2020, e precisar cancelar, terá de esperar até 12 meses para reaver o dinheiro. Habitualmente, esse prazo é de sete dias.

Na prática, o consumidor não poderá contar com o investimento de uma viagem eventualmente frustrada, para planejar outra, caso a situação se normalize dentro do prazo que as empresas terão para quitar os débitos.

No entanto, se a ideia é arriscar, a dica é optar por destinos baratos e nacionais, que não necessitem de um investimento elevado.

“Estamos orientando nossos clientes a optarem por cidades brasileiras. Também oferecemos descontos de até 50% e parcelamentos flexíveis. Precisamos garantir segurança e qualidade dos serviços e, por isso, a recomendação para as viagens que estão se aproximando é a remarcação”, explica o diretor de uma agência de turismo brasiliense, Thiago de Paula.

Em tempos de pandemia, até mesmo as reservas de hotel não reembolsáveis devem ser revistas pelas empresas, para que os consumidores não sejam prejudicados. Entidades nacionais argumentam, no entanto, que quanto mais cancelamentos houverem, maior será a crise. Na internet, elas pedem aos turistas para não cancelarem as próximas viagens e, sim, remarcarem.

A advogada Bárbara Madureira sugere que os compradores busquem o estabelecimento e tentem acordos. “Será bom para os dois lados, porque, ao judicializar, esse dinheiro não vai chegar logo. Normalmente, o hotel oferece um crédito para ser usado nos próximos meses. Mas, se não houver mesmo interesse, é direito reaver o que pagou”, esclarece.

Variação de passagens aéreas

Por meio de nota, a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que cerca de 85% das viagens agendadas para o mês de março foram canceladas. “Os impactos imediatos já preocupam a sustentabilidade dos negócios, uma vez que não há previsões de novos faturamentos”, afirma o texto.

As desistências, adiamentos e medidas cada vez mais rigorosas para evitar o fluxo de turistas, inclusive daqueles que viajam a negócios, têm feito o valor das passagens aéreas oscilar consideravelmente.

O (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, monitorou uma cesta de passagens aéreas de sexta-feira (13/3) até a última quarta-feira (18/3), e observou a variação entre os preços oferecidos pelas companhias.

A cesta é composta por bilhetes de fim de semana de Brasília para o Rio de Janeiro e São Paulo; e por bilhetes para períodos mais longos com destino à Roma e Pequim, capitais consideradas epicentro do coronavírus.

No primeiro dia de análise das passagens nacionais, a soma de todas as tarifas totalizava R$ 9,2 mil. Já na quarta-feira, 18/03, as passagens nos mesmos voos somaram R$ 3,5 mil, uma queda de 62% .

Segundo o (M)Dados, houve momentos com baixas significativas. Um exemplo foi o voo 3712 partindo de Congonhas para Brasília, no dia 5 de abril, que custava R$ 743,17 na sexta (13/3) e passou para R$ 103,47 no dia seguinte. A soma total das passagens, de R$ 9,2 mil, despencou para R$ 6,4 mil durante o fim de semana.

Já nos voos internacionais, as mudanças não foram significativas. Ainda que o destino seja, justamente, as capitais mais atingidas pelo coronavírus até aqui. Depois de uma pequena queda no fim de semana, os preços subiram levemente, mas ainda não retornaram ao patamar do primeiro dia de monitoramento.

E se for uma emergência?

Com o avanço da doença, o governo já fechou fronteiras terrestres com oito países vizinhos. A expectativa para os próximos dias é que aeroportos brasileiros restrinjam a saída e a chegada de voos internacionais, um processo iniciado no começo desta semana pelas próprias companhias aéreas.

A hotelaria também está submetida às restrições impostas pelas autoridades. Vários estabelecimentos poderão fechar as portas nos próximos dias. Até viagens consideradas de emergência precisam ser repensadas.

“Não recomendamos que os passageiros façam uma viagem, pois correm riscos de serem surpreendidos com aeroportos fechados, cancelamentos por parte dos fornecedores, determinações de isolamento e suspensão de atividades e pontos de interesse”, ressalta Thiago de Paula.

O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sampaio, reforça que, caso o deslocamento seja inadiável, é necessário verificar a legislação do local de destino. “Os hotéis que estão abertos e os restaurantes que operam por meio do delivery possuem, por ora, condição de suprir hospedagem e alimentação de maneira mínima. No entanto, alguns estados estão radicalizando e orientando o fechamento geral”, pondera.

Riscos

Apesar de todas as recomendações oficiais, a brasiliense Edileusa Melo viajou nessa sexta-feira (20/3) para Fortaleza, capital do Ceará, a lazer, e na companhia da filha. A intenção é aproveitar as modormias do hotel, que ainda funciona. “Minha filha tinha férias agendadas para o período e não quisemos cancelar. Vamos ficar em quarentena no hotel”, justifica.

Na avaliação da infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia Eliana Bicudo, o adiamento de qualquer compromisso fora da cidade é um gesto de responsabilidade. Com você e com o próximo.

“O risco pessoal de viajar nesse momento depende do meio de transporte a ser usado, pela proximidade em que você terá de ficar de outras pessoas”, pontua.

Porém, ao optar por ir de uma cidade para outra no próprio carro, o viajante assume o risco de levar o vírus para locais em que ele ainda não chegou, aumentando a disseminação.

“Digamos que você é um portador assintomático e sai de Brasília – onde já ocorre transmissão comunitária – e leva o vírus para o interior de Goiás, onde não há ninguém com a Covid-19. A recomendação é que as pessoas fiquem onde estão, cumpram o isolamento e aguardem o cenário melhorar.”

Fonte: Metrópoles

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