Descubra Prudentópolis, um pedaço da Ucrânia no Brasil com grandes cachoeiras

Por Daniella Bittencourt Féder (Texto)

Prudentópolis é uma cidadezinha pacata localizada a aproximadamente 200 km de distância de Curitiba. Uma pérola escondida no interior do Paraná. A começar pela rica cultura ucraniana, importada da Europa pelas famílias que colonizaram a região. As ruas são coloridas pelas casas que prezam a nostalgia da arquitetura típica, os restaurantes servem a gastronomia ucraniana e as tradições são ministradas aos jovens, embora nem todos as dominem com exemplar propriedade.

Os costumes ucranianos compõem a alma do município, traduzidos na dança do Grupo Foclórico Vesselka, na delicadeza do artesanato e na preservação do alfabeto e da língua – há quem sequer fale o português! A população prudentopolitana claramente compreende que manter a língua viva na região é o primeiro passo para que as raízes da cultura não se dissolvam.

Paróquia São Josafat de Prudentópolis. Foto: Facebook

Artesanato

As matruskas ou matrioskas eu já conhecia. São as bonecas de madeira ocas que se encaixam uma dentro da outra. Herdei algumas da minha avó, e completei a coleção nessa viagem. Elas simbolizam a família e são sempre pintadas à mão e com cores vibrantes. Aliás, as cores fortes são uma marca forte da cultura ucraniana, que se faz presente nas delicadas pêssankas, aqueles ovos também pintados à mão. Engana-se quem pensa que as pinturas são feitas arbitrariamente, no ritmo da inspiração da artista: em todo o artesanato típico, cada desenho representa um significado.

Esta simbologia é explicada nas lojas de souvenir. Prudentópolis sedia, dentro do Museu do Milênio, a “Cooperativa Ucraíno- Brasileira de Artesanato Prudentópolis Ltda”, formada por mais de cem bordadeiras que fazem um trabalho bastante característico. Fiquei encantada por um tecido bordado com o alfabeto ucraniano e pedi para que uma das moças o lesse em voz alta. Ela recitou um Pai Nosso, espelho de um povo extremamente católico. O museu, que tem como curadora a cuidadosa e atenciosa Sra. Meroslava, expõe peças e documentos que resgatam a memória da colonização.

Natureza amiga

O que me atraiu na viagem foi o turismo de aventura. Eu não tinha contato intenso com a natureza desde os acampamentos de férias do ensino fundamental. A zona rural de Prudentópolis sedia inúmeras cachoeiras, das quais várias têm altura superior a 100 metros. Não é à toa que o município é apelidado de “terra das cachoeiras gigantes”. Pudera! Foi abençoado com um relevo bastante desnivelado, e é dono de hectares ainda desconhecidos. Ou seja: além das cachoeiras ofertadas pelos roteiros turísticos, deve haver outras ainda desconhecidas.

Visitei o alto de uma cachoeira de 217 metros, com vista para uma irmã gêmea logo à frente. Dá para ter noção do que é isso? Um cânion com dois véus de noiva escondido nas entranhas do estado das araucárias! A sensação de observar a natureza naquele mirante de pedra foi de liberdade e desapego total da vida urbana. Eu passaria o dia todo observando aquele cenário… O horizonte se perde de vista com a trilha sonora do relaxante som das águas, misturando o verde das folhas com o azul do céu.

É inebriante!

Prudentópolis é uma cidadezinha pacata, de grandes cachoeiras, localizada a aproximadamente 200 km de distância de Curitiba/Foto: Site Prefeitura Municipal

 

Esta cachoeira tem acesso fácil, e é um dos passeios ofertados pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Ninho do Corvo, administrada pelo proprietário Márcio Canto de Miranda – um aventureiro de carteirinha. A primeira parte do trajeto é feita numa Land Rover 4×4, e o restante é percorrido a pé. Um trecho tranquilo de caminhar e com poucos desníveis. Mal chega a tirar o fôlego de uma pessoa sedentária. Se o fôlego acaba, é só mais tarde, com os suspiros arrancados pela paisagem bucólica do destino final deste passeio.

A RPPN Ninho do Corvo é a minha sugestão para um fim de semana em Prudentópolis, com ótima estrutura para hospedar pequenos grupos. As acomodações podem ser feitas em quartos ou no camping, e incluem banheiros e área para refeições. Após a visita à cachoeira de 217 metros, há passeios para pessoas mais ou menos aventureiras (de caminhadas à canionismo). Basta escolher o nível de dificuldade e utilizar os equipamentos de segurança oferecidos pelo local. Se você for ciclista, leve sua bike para acompanhar o Márcio num cicloturismo.

Lá na Ninho do Corvo há duas tirolesas. A maior e mais impressionante leva o nome de Corvolesa, e percorre 140 metros descendo o Cânion do Rio Barra Bonita e passando por dentro de uma cachoeira. Esta proporciona uma vista incrível. E também roupas molhadas e uma deliciosa dose de adrenalina. A outra tirolesa tem 100 metros de extensão e sobrevoa o vale do Corvo, durante cerca de 15 segundos. É bem light, e a minha dica é utilizá-la como um aquecimento para a Corvolesa.

Além das tirolesas, existe a Rapelesa, um rapel guiado de 70 metros de altura que cruza o Cânion do Rio Barra Bonita. Como esta atividade não exige muito esforço e tem um nível de dificuldade baixo, é bacana para quem não é familiarizado com a prática de rapel.

Krakóvia

A gastronomia ucraniana mistura elementos das cozinhas oriental e ocidental, e é rica em sabores agridoces. A culinária abrange o kutiá, um pudim feito de trigo, o korovai, um pão doce servido em casamentos e a sopa de beterraba. Um prato que eu já conhecia e agrada muito ao meu paladar é o perogue (perohê ou varênik), uma espécie de pastel cozido recheado com batata e ricota ou requeijão e servido com molho.

Minha surpresa foi conhecer a história da krakóvia, uma saborosa variação da mortadela que eu atribuía a origem estrangeira, muito possivelmente por levar o nome da cidade polonesa. Descobri que esta confusão é bastante comum ao conhecer, em Prudentópolis, a casa de carnes que criou a iguaria. A Casa de Carnes Alvorada desenvolveu este produto na década de 1970, para agradar ao gosto exigente de um freguês que era dono de uma churrascaria da região. A krakóvia é fabricada artesanalmente com carne suína defumada, alho, sal e pimenta.

A maior feijoada do mundo

Prudentópolis faz aniversário a 12 de agosto. Este ano serão comemorados 107 anos da criação do município e na mesma data acontece a IV Edição da Festa Nacional do Feijão Preto que tem como principal atração a maior feijoada do mundo, feita na maior panela do mundo. Ela é preparada numa panela gigante, de 12 toneladas que, segundo o Livro dos Recordes, é a maior do mundo. A movimentação dos ingredientes dentro da panela é feita com uma pá adaptada a uma escavadeira hidráulica. A feijoada já chegou a alimentar seis mil pessoas. Para saber mais sobre o destino acesse:  www.prudentopolis.pr.gov.br

  • A viagem da jornalista foi um convite do Sebrae-PR e Cooperativa Paranaense de Turismo.

*Fonte: Site da Abrajet Nacional

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