Distanciamento social em aviões é ineficaz e passagens podem aumentar até 54%, diz IATA

Por Leonardo Cassol (Texto)

A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), abreviação do termo em inglês International Air Transport Association) divulgou um levantamento que indica que o preço das passagens aéreas pode aumentar até 54% caso os assentos do meio sejam bloqueados em aeronaves. A instituição se diz contrária ao distanciamento social a bordo e defende o uso cobertura facial para passageiros e de máscara para tripulantes para prevenir o coronavírus.

De acordo com a IATA, as evidências sugerem que o risco de transmissão a bordo das aeronaves é baixo, por conta da utilização dos filtros HEPA semelhantes aos utilizados nos hospitais. E que o uso de máscaras por passageiros e tripulantes o reduzirá ainda mais, evitando também um drástico aumento nos custos das viagens aéreas que as medidas de distanciamento social a bordo causariam.

Medidas para reduzir o risco de transmissão a bordo propostas pela IATA

Além de proteger o rosto de passageiros e tripulantes, as medidas temporárias de biossegurança propostas pela IATA incluem:

  • Medição da temperatura de passageiros, funcionários do aeroporto e viajantes
  • Processos de embarque e desembarque com contato reduzido com outros passageiros ou tripulação
  • Movimentação limitada na cabine durante o voo
  • Limpeza da cabine mais frequente e reforçada
  • Procedimentos simplificados dos serviços de alimentação para reduzir a movimentação da tripulação e as interações com os passageiros
  • Quando comprovados e disponíveis em grande escala, os testes da COVID-19 ou passaportes de imunidade também podem ser incluídos como medidas temporárias de biossegurança.

    A associação destacou ainda que estudos de rastreamento não revelaram transmissão a bordo. Por exemplo, um estudo de rastreamento de contato que analisou um voo entre a China e os Estados Unidos com 12 passageiros com sintomas da COVID-19 não revelou transmissão a bordo. Além disso, a comunicação com as companhias aéreas indicaria resultados semelhantes, de acordo com a IATA. Não houve casos de suspeita de transmissão de passageiro para passageiro.

    Uma análise mais detalhada da IATA do rastreamento de contato de 1.100 passageiros (também durante o período de janeiro a março de 2020) que tiveram COVID-19 confirmada após viagens aéreas não revelou transmissão secundária entre os mais de 100 mil passageiros nos mesmos voos. Apenas dois possíveis casos foram encontrados entre os membros da tripulação.

    Várias razões explicam por que a COVID-19, transmitida principalmente por gotículas respiratórias, não causou mais transmissão a bordo e porque as viagens aéreas são diferentes de outros modos de transporte público:

    • O passageiro normalmente olha para frente, com interações face a face limitadas
    • Os assentos agem como uma barreira à transmissão para frente ou para trás na cabine
    • O fluxo de ar que sai do teto para o chão reduz ainda mais a possibilidade de transmissão para frente ou para trás na cabine; além disso, as taxas de fluxo de ar são altas e não favorecem a propagação de gotículas como em outros ambientes internos
    • Os filtros do tipo HEPA (High Efficiency Particulate Air) das aeronaves modernas limpam o ar da cabine, mantendo a qualidade de uma sala de cirurgia de um hospital, além dos altos níveis de circulação de ar fresco

    Além disso, segundo a associação, mesmo que se torne obrigatório, manter o “assento do meio” livre não fornecerá a separação recomendada para que o distanciamento social seja eficaz. A maioria das autoridades recomenda 1 a 2 metros de distância e a largura média do assento é inferior a 50 cm.

    As soluções de longo prazo para a COVID-19 dependem das recomendações médicas, de acordo com a IATA.

    “Precisamos de uma vacina, um passaporte de imunidade ou um teste eficaz da COVID-19 que possa ser administrado em escala. O trabalho realizado nessas frentes é promissor. Mas nada será realizado sem que antes o setor retome suas atividades. É por isso que precisamos estar prontos, com uma série de medidas, que juntas diminuirão o risco de transmissão a bordo, que já é baixo. E devemos ter cuidado para não implementar qualquer solução precipitada, para que sejamos rápidos na adoção de medidas mais eficientes, pois, sem dúvida, elas estarão disponíveis”, destacou Alexandre de Juniac, diretor geral e CEO da IATA.

    Impacto econômico do bloqueio de assentos para distanciamento social

    A implementação de medidas de distanciamento social nas aeronaves mudaria significativamente a economia da aviação, reduzindo a taxa de ocupação máxima para 62%, que está bem abaixo da taxa de ocupação mínima de 77% para que as companhias aéreas não tenham prejuízo.

    Com menos assentos para vender, os custos unitários aumentariam muito. Em relação a 2019, as tarifas aéreas precisariam aumentar consideravelmente – entre 43% e 54%, dependendo da região – apenas para cobrir esses custos.

  • Fonte: MelhoresDestinos

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