Atriz Andréa Elia celebra sucesso do seu 40tona na 40tena

Por Doris Pinheiro

 

Durante o isolamento social pelo COVID-19, em resposta à ameaça de ter a sua atuação artística interrompida pela crise econômica, Andréa Elia (foto) libertou a sua pulsão criativa produzindo vídeos autorias intitulados “A 40tona na 40tena”. Esta nova “persona” libertária respondeu aos temores do confinamento com provocações dotadas de um humor reflexivo, em meio as dores de um cenário pandêmico.

A prontidão quase que instintiva da atriz em superar o medo, usando como saída emergencial a expressão do humor catártico do teatro encontrou inspiração no mito japonês da Deusa Uzume. Uzume consegue resgatar a sua irmã Amaterasu, Deusa do Sol, que encontrava-se triste e ferida, escondida em uma caverna. Após sucessivas tentativas dos deuses de tirá-la de lá, Uzume realiza uma dança ousada e irreverente, expondo os seus seios e genitália.

Os deuses reunidos na frente da caverna gargalham e a irmã de Uzume curiosa sai e vê sua imagem refletida num espelho estrategicamente colocado no local e ao ver-se, reconhece a sua majestade e o sol volta a brilhar. Uzume na cultura representa a face do riso, a alegria que liberta e traz calor à toda humanidade.

A atriz ao validar seu ato criativo no cenário pandêmico se deslocando de sua caverna –  confinamento físico, para ousar-se em uma “dança criativa” nas redes sociais reafirma o papel da arte como recurso curativo, trazendo o calor da alegria em dias sombrios.

Sobre a série 40tona na 40tena

A série “40tona na 40tena” consta de 19 videos com alcance de 8.600 (oito miil e seiscentas) visualizações nas redes sociais. O convite chegou em abril, logo no inicio do decreto do isolamento pelo Covid-19, através da empresa Via Press Comunicação que criou o Programa “Bem que Cura”. A atriz aceitou o convite, trazendo ao programa a força de um humor curativo, protagonizando diversas e divertidas personas de uma mulher acima dos 40 anos que em meio ao isolamento fisico parte para o encontro de si mesma.

Na cena virtual, videos de 01 m e 30s até 02 m e 30s gravados inicialmente sem efeitos de edição, contando essencialmente com a pulsação viva da atriz, envolvendo desabafos disparados num fluxo confessional. A personagem expõe e revela nuances do feminino, personagens que habitam o inconsciente de muitas pessoas, a estreia da 40tona surgiu de uma “dr” com o seu próprio pensamento, uma hora a 40tona é terapeuta de si mesma, em outro momento ela tenta meditar, por vezes bisbilhota a a vida dos vizinhos, faz corrente pra Santo Antonio, vive o sertão no São João de seu quarto e sala, resgata a natureza instintiva com sua india, perde-se nos labirintos gregos do seu proprio pensamento, ou devora uma panela de brigadeiro sem culpa, se imagina viajando Arca de Noé, tudo numa entrega tão intensa que provoca o imaginario de seus seguidores, arrancando risos e reflexões.

A pulsão criativa e efervesecente desta atriz que corajosamente expressa a sua humanidade, mostra que atravessar com coragem os desafios do cenario pandemico requer equilibrar-se entre a tristeza e a alegria, como revela o proprio simbolo do teatro: duas mascaras, uma que ri e ao lado outra que chora.  Assim é o rosto de uma atriz que atuando com verdade revela uma lagrima que cai junto a um sorriso que se abre.

Como bem disse o romancista, poeta e dramaturgo francês Victor Hugo: “A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano”.

Sobre Andréa Elia

Bacharela em Direito pela Universidade Católica do Salvador, em 1986, Andréa Elia fez do Teatro a sua real tribuna. É uma empreendedora das Artes Cênicas, atuando há 30 anos como atriz, professora e diretora teatral.

Vencedora do Prêmio Braskem de Teatro, na categoria melhor atriz em 2010 pelo espetáculo “As Velhas” de Luiz Marfuz. Em 1995 foi vencedora do Concurso Melhor de 3 do Faustão, valendo um contrato com a Rede Globo.

Sua atuação se consolidou fora de Salvador com o espetáculo Divinas Palavras, um grande marco nos Festivais de Curitiba, Londrina, São Paulo e Recife. Ganhou projeção internacional atuando no espetáculo Kaô, que representou a Bahia em Moscou, Espanha e Portugal em 2001. Em 2010 celebrou 30 anos de carreira com o monólogo “A Caixa Não é de Pandora” com apresentações nos Festivais de Porto Alegre e Recife.  Interpretou Maria Madalena na Paixão de Cristo por 05 anos consecutivos, sob direção de Paulo Dourado.

Há vinte anos vem ministrando aulas para a formação em Teatro no Villa Campus de Educação, Acbeu e há dez anos no Grupo LM para o desenvolvimento pessoal de seus funcionários.

Desde o decreto do isolamento do Covid -19, Andrea Elia tem se projetado nas redes sociais com a personagem a “40tona na 40tena”, escrevendo, atuando e produzindo videos temáticos que partem do conceito do riso mítico libertador, objeto de pesquisa de sua formação atual como terapeuta junguiana, pelo Instituto Junguiano da Bahia.

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