Por Angus Whitley, da Bloomberg
Companhias aéreas estudam mudanças nas cabines dos aviões, como capas nos encostos da cabeça e barreiras de tecido entre os assentos para evitar a propagação do coronavírus.
As aéreas, desesperadas para que os governos suspendam as restrições às viagens e os passageiros retornem, buscam maneiras de garantir ao público que sua saúde não será comprometida durante o voo. Assentos e cabines com nova aparência podem ser um começo.
A Recaro Aircraft Seating, uma das maiores empresas do ramo, elaborou uma série de modificações para manter os passageiros separados e protegê-los de infecções.
As companhias aéreas avaliam instalar o equipamento da Recaro como uma reforma temporária da cabine, de acordo com o CEO Mark Hiller. As empresas precisam de acessórios fáceis de manobrar, leves e disponíveis a curto prazo, disse.
“Há definitivamente um grande interesse de todas as regiões”, afirmou Hiller em entrevista.
Com a vacina contra o coronavírus ainda distante, companhias aéreas precisam persuadir passageiros de que é seguro voar quando alguém infectado pode estar próximo. Surtos esporádicos no mundo todo criam receio: em julho, o tráfego global caiu quase 80% em relação ao ano anterior, uma queda mais forte do que o esperado, disse a Associação Internacional de Transporte Aéreo na semana passada.
Dos aviões que continuam voando, muitos estão metade vazios. A aeronave normalmente deve ter ocupação de 70% a 80% para dar lucro. Por isso, cresce o apelo de recursos que permitam aos passageiros se sentarem lado a lado sem tocar as cabeças, encostar nos ombros ou cotovelos.
As companhias aéreas também estudam como aplicar um revestimento desinfetante desenvolvido pela Recaro nos seus assentos, disse Hiller. A empresa alemã diz que reformulou a substância para repelir vírus, incluindo o que causa a covid-19.
Embora o setor afirme há meses que há pouca chance de pegar o vírus em um avião porque há filtros de ar de grau hospitalar a bordo, esse argumento veio abaixo após surtos com origem em alguns voos.
Todos os 187 passageiros e seis tripulantes em um voo da TUI com origem no aeroporto grego de Zante com destino a Cardiff, no mês passado, tiveram que se isolar. Pelo menos 16 casos confirmados foram identificados no voo de 25 de agosto.
A Recaro, que vendeu cerca de 150 mil assentos para aeronaves no ano passado, não está imune à crise que assola a indústria da aviação, apesar da demanda potencial por seus projetos. Hiller disse que a receita deve cair quase 60% em 2020.
“Mesmo que as companhias aéreas não comprem novos aviões, elas podem optar por novas cabines mais confortáveis ou adaptadas à covid”, disse.
*Fonte: Exame Turismo