Por Igor Régis
Joe Biden será o 46º presidente dos Estados Unidos. A vitória do democrata na eleição norte-americana foi confirmada neste sábado (7), após Biden alcançar 284 delegados no colégio eleitoral, com a confirmação do resultado na estado da Pensilvânia, estado natal de Biden e onde Trump venceu Hillary Clinton nas eleições de 2016. Outra vitória parcial e significativa, mas ainda não confirmada, foi na Geórgia, onde os democratas haviam vencido apenas duas vezes nos últimos 40 anos. Os estados, que no início da apuração apontavam a vitória de Trump, juntos somam 36 delegados (16 e 20, respectivamente), número suficiente para garantir a vitória do democrata.
Além destes estados e dos votos em locais tradicionalmente democratas, como Califórnia e Nova York, Biden se destacou por conquistar a maioria dos delegados em Wisconsin e Michigan, onde, assim como na Pensilvânia, Donald Trump havia vencido na eleição de 2016. Os resultados parciais apontam a vitória de Joe Biden em 25 estados e no Distrito de Colúmbia, onde fica a capital Washington.
Nos estados da Carolina do Norte (que aceitará votos que chegarem pelo correio até o próximo dia 12), Arizona, Nevada (que aceitará votos que cheguem até o dia 10) e Alaska, embora já se tenha projeções de vitória, ainda não há definição de vencedor.
O presidente Donald Trump já anunciou que deve recorrer na justiça contra os resultados eleitorais em alguns estados vencidos por Joe Biden. Para colégios eleitorais marcados por pequenas diferenças entre os dois candidatos, como a Geórgia, ocorrerá recontagem dos votos. Em casos de recontagem os resultados deverão ser divulgados somente em 20 de novembro. Os resultados oficiais devem ser enviados pelos estados ao Congresso Nacional até 14 de dezembro e serão oficializados pelo Congresso dos EUA em janeiro, mesmo mês em que ocorre a posse presidencial.
Joe Biden chega à presidência dos Estados Unidos após 36 anos como senador, entre 1973 e 2009, pelo estado de Delaware, e oito como vice-presidente de Barack Obama, entre 2009 e 2017. Biden chegou a ser candidato a presidência em 1988, mas foi derrotado nas prévias do Partido Democrata.
BIDEN E O TURISMO
Apesar de a indústria de turismo não ocupar um espaço significativo nas agendas de campanha dos candidatos, a diferença de posicionamento diplomático, ambiental e relacionado à pandemia pode influenciar diretamente no setor, incluindo questões como vistos, cruzeiros e companhias aéreas.
Uma das maiores diferenças pode estar no tratamento dado a Cuba. O presidente Trump retrocedeu na política de aproximação iniciada no governo de Barack Obama, o que levou à restrição de voos, à restrição de cruzeiros e à saída de redes hoteleiras norte-americanas da ilha caribenha. A vitória de Biden pode significar uma retomada nas políticas da era Obama, o que influenciaria principalmente na indústria de cruzeiros.
Se por um lado a vitória de Biden reabre este leque para as armadoras, ela também pode significar uma retomada mais lenta do setor. O democrata demonstra que terá um cuidado maior com a pandemia, o que pode adiar ainda a mais esta volta dos cruzeiros nos EUA. Parte da imprensa local credita à Casa Branca a decisão do CDC de encerrar a ordem de não navegação na última semana, devido ao apoio de Trump à volta rápida do setor. A administração Biden deve decidir por uma retomada mais cautelosa.
COMPANHIAS AÉREAS
A indústria da aviação comercial, severamente afetada pela pandemia der Covid-19 é um dos pontos a ser observados na administração de Joe Biden. O setor, recebeu um resgate de US$ 25 bilhões do governo Trump, o que garantiu a manutenção de empregos até setembro.
No entanto, um novo pacote de auxílio foi articulado pela Câmara, de maioria democrata, mas barrado no Senado, de maioria republicana. A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, briga por um alívio maior para as companhias. A entrada de Biden pode significar um olhar mais atendo ao momento do setor.
Além do apoio financeiro direto, Biden também deve investir em pesquisas para uma indústria de aviação cada vez menos poluente. Os planos do democrata mencionam a tecnologia verde na aviação como parte de um plano para investir US$ 400 bilhões em pesquisa de energia limpa ao longo de uma década.
Outro ponto de observação é a China. As companhias norte-americanas são simpáticas a um acordo de céus abertos com o país asiático, algo que é improvável no governo de Donald Trump, devido as tensas relações entre os dois países.
Uma possível estabilidade na relação com a China em um governo Biden abriria um possibilidade do acordo para voos ilimitados entre os países, criando novas rotas em aeroportos regionais dos EUA para principais cidades da China e aumentando a capacidade de carga, fator vital para a recuperação das companhias aéreas no momento. A medida poderia influenciar em uma redução de tarifas, influenciado positivamente, sobretudo nas viagens de negócios.
PROTOCOLOS
É evidente que a vitória de Biden resultaria em uma preocupação maior com a pandemia de Covid-19. Até o momento as principais medidas governamentais nos EUA estão relacionadas às restrições de fronteiras e de voos.
Até o momento, as políticas como distanciamento e uso de máscaras, se baseiam em regras elaboradas por companhias aéreas, aeroportos e operadoras de trens e ônibus. Protocolos que não eram uma exigência federal na era Trump tem grandes chances de se tornarem parte da política implementada pelo Departamento de Transportes na administração Biden.
TRENS
Entusiasta de trens de passageiros, Joe Biden fala no seu plano de governo em “desencadear a segunda grande revolução ferroviária”. O democrata pode ampliar projetos de infraestrutura para promover o modal de transporte. A campanha de Biden vê trens como alterativas, principalmente para ligar pequenas cidades a grandes hubs aéreos.
*Fonte: mercado&eventos