Atração turística de Salvador, baiana de acarajé comemora dia da categoria

Por Wendel de Novais

Um dia de comemoração para lá de diferente. É isso que as quituteiras mais famosas de Salvador terão hoje, no dia das baianas de acarajé. Sem a missa tradicional de comemoração que acontece há 35 anos e com um faturamento bem abaixo do normal por causa da pandemia, para elas o que se tem para comemorar é a vida e a possibilidade de participar do retorno da economia.

Faturando de 50 a 60% do que obtinham antes da pandemia, as baianas lamentam o ano difícil mas compartilham da esperança do aumento das vendas. Foto Márcio Filho/MTUR

 

De acordo com informações da Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Beiju, Mingau e Similares (Abam), em território soteropolitano, existem cerca de 3.500 baianas de acarajé – o número deve ter caído já que muitas quituteiras optaram por alternativas para superar as dificuldades.

Com esse panorama, as baianas ouvidas  pela reportagem do CORREIO declararam que o dia delas se converte num momento de gratidão pela vida e pela oportunidade de ainda estarem fazendo o que mais amam: vender acarajé. Esse é o depoimento de Elaine Assis, 39, filha de Dinha do Acarajé, que reduziu em 80% as venda na pandemia. Para ela, trabalhar depois de um ano tão difícil é o motivo dos agradecimentos: “A gente tem que comemorar a vida e a possibilidade de estar trabalhando todos os dias já é uma vitória”.

Elaine afirma que recuperou grande parte do faturamento de antes da pandemia. Foto: Nara Gentil/CORREIO)

 

Outras baianas de acarajé viram sua renda ser reduzida a zero com o isolamento social iniciado em março. Sem o delivery para reduzir as perdas, sofreram ainda mais. É o caso de Márcia da Cruz, 62, do Porto da Barra: “A pandemia acabou com a nossa renda, meu filho. Um período muito difícil que fez com que muitas colegas tivessem que deixar o tabuleiro. Eu tive a sorte de ainda continuar trabalhando, o que já me deixa contente e com motivos de sobra pra agradecer”.

Jussara Santos, 42, que trabalha no Acarajé da Cira, localizado no Largo da Mariquita, no Rio Vermelho, concorda que é preciso comemorar e lamenta a situação das colegas baianas que precisaram fechar o tabuleiro. “Não tá perfeito, longe disso. Sofremos com tudo que aconteceu, mas ainda estamos aqui, conseguimos voltar a vender e pagar as nossas contas. Com tanta baiana que precisou encontrar outras formas de ganhar dinheiro, me sinto abençoada“ de ainda abrir isso aqui”, afirma”.

Os relatos que informam a necessidade que muitas baianas tiveram de parar com a venda de acarajé são confirmados por Rita Santos, presidente da Abam. Ela conta que recebeu várias informações de que um número considerável de baianas precisaram optar por trabalhos alternativos, mas não sabe precisar quantas foram. “Não temos como fazer o censo no momento, mas as baianas de acarajé estão em menor número em Salvador e na Bahia como um todo”, explica.

“Ainda tá tudo muito difícil, meu filho. Não voltou nem metade do que era antes. As barracas maiores estão se recuperando mais rápido, nós estamos mais atrás nisso. O bom do fim do ano é saber que não vou fechar”, diz Márcia.

      Márcia afirma que movimento de vendas ainda é fraco. Foto: Nara Gentil/CORREIO

 

Cole com as baianas

Além de Márcia, muitas outras baianas passam pela mesma situação e chegam até a depender da ajuda da Abam, que com uma campanha do CORREIO para arrecadar doações para as baianas, já distribuiu 2.800 cestas básicas.

A pandemia segue e as baianas continuam sofrendo com um faturamento inferior ao necessário, o que gera uma renda para suas famílias. Por isso, cole com as baianas e ajude depositando qualquer quantia na seguinte conta bancária para que as doações sejam revertidas em cestas básicas.

ABAM – Associação Nacional das Baianas de Acarajé, Mingau, Beiju  e Similares.
Caixa Econômica Federal
Código Operação: 003
Ag.: 4802
Conta corrente: 000056-1
CNPJ: 02561067000120

  • Fonte: Correio da Bahia, com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo

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