A Maquete de Salvador da Bahia, que está guardada na Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), no Vale dos Barris, enquanto aguarda um espaço definitivo para exposição, foi tombada pela Prefeitura. O valor documental da miniatura da cidade enquanto elemento descritivo de Salvador fica resguardado no decreto publicado no Diário Oficial do Município (DOM).
A maquete vem sendo ampliada e atualizada com a contribuição de arquitetos, artistas, servidores públicos e estudantes, que atuaram de forma artesanal na sua construção, se constituindo em um testemunho de época digno de nota a futuras gerações. O elemento foi concebido pelo arquiteto Assis Reis, na década de 1970. O tombamento leva em consideração o interesse comum da sociedade civil e do poder público na preservação da maquete.
O processo para reconhecimento agregou o parecer técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), datado do dia 6 de outubro último, emitido pela conselheira Flor-De-Liz Dantas e Cardoso. O documento foi agregado ao processo 306/2020, aprovado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural da Fundação Gregório de Matos (FGM). A aprovação do tombamento será inscrito no Livro de Tombamento dos Bens Móveis e Coleções, conforme processo FGM 558/2020.
A Maquete de Salvador é uma das maiores do mundo e chama a atenção do público pela dimensão e características, técnicas de representação e miniaturização das estruturas mais conhecidas da cidade, como o Elevador Lacerda, a Arena Fonte Nova, o antigo e o novo Centro de Convenções, entre outros. Em formato tridimensional da capital baiana na escala de 1/2000, a produção é totalmente artesanal e utiliza materiais como madeira, cortiça e lixa, permitindo a atualização de acordo com as mudanças que vêm acontecendo na primeira capital do Brasil ao longo dos anos.
História
A peça tem o objetivo de representar as mudanças urbanas na cidade, mantendo, assim, a ideia original da sua criação. O “modelo reduzido”, como a obra era chamada por Assis, foi proposta à gestão municipal em 1973, quando começou a ser montada em um espaço no próprio escritório do arquiteto, no bairro do Comércio, até a transferência para uma área disponibilizada pela Prefeitura, com o objetivo de dar continuidade ao seu trabalho de montagem.
A intenção do arquiteto era de que a maquete pudesse servir como instrumento para o planejamento urbano da cidade, expondo aquelas intervenções que julgava inadequadas justamente pela falta de um planejamento apropriado. Na ideia inicial de Assis, a peça também permitiria aos cidadãos soteropolitanos o conhecimento do espaço da sua cidade ao ver representadas todas as edificações existentes, por meio de uma técnica de fácil compreensão.
Na maquete está representada toda a porção continental do município. No formato atual de 100,5m², o modelo é constituído por 97 módulos nas dimensões de 1m x 1m e por mais sete módulos nas dimensões de 1m x 0,5m, compondo um mosaico de 104 módulos na dimensão de 13 x 13,5 metros. Na escala real, a representação do modelo abrange um território de 402 km², dos quais 279 km² correspondem à representação integral dos bairros de Salvador.